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Novos hábitos impulsionam produção de amora no Paraná

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Novos hábitos impulsionam produção de amora no Paraná


Elas são pequenas, saborosas e conhecidas dos paranaenses na sua versão silvestre. Nos últimos anos, novos cultivares e um mercado demandante têm transformado a amora em um negócio interessante do ponto de vista comercial.

De olho neste mercado em ascensão, produtores de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), contataram o sindicato rural local para demandar um curso nesta área. O Senar/PR procurou especialistas e confeccionou uma formação sob medida para atender aos fruticultores do município.

“São José dos Pinhais é muito forte no morango. Aí começamos a buscar outra alternativa. Como essas frutas são muito semelhantes decidimos apostar na amora preta. Assim como vendemos o morango congelado, podemos fazer o mesmo com a amora. Hoje nossos agricultores estão fornecendo bastante para a merenda escolar. A ideia é colocar a amora junto”, afirma Paulo Ricardo da Nova, presidente do Sindicato Rural de São José dos Pinhais.

Segundo o dirigente, após o curso realizado em 2017, diversos produtores passaram a produzir a fruta, mesmo que em pequena escala, diversificando a produção e agregando mais valor às suas propriedades.

A produtora Ingrid Maria Naumann decidiu, após o curso, apostar na cultura de modo a somar com a produção de morangos que já tinha. “Achei o curso muito interessante. Hoje tenho só 20 mudas [de amora], mas penso em expandir”, afirma.

Com uma produção anual de 20 quilos de amora preta por ano, Ingrid apostou na venda direta da fruta congelada, sem passar por intermediários, para manter a margem. “Minha filha que comercializa. Se for por outro meio, cobram muito caro, tem muita burocracia”, acredita a produtora, que tem outros 1 mil pés de morango. Sua colega de turma, Adair Aparecida

Pereira, também apostou nas amoras pretas. “Por enquanto só estou com 30 mudas, mas quero diversificar a produção para agregar valor”, afirma a produtora, que já procurou o Senar/PR para cursos nas áreas de morango e maracujá.

Demanda crescente pela saúde

Parte do sucesso das amoras junto ao mercado consumidor se explica pelas suas qualidades nutritivas. Rica em vitaminas C, A e K, a fruta também possui componentes que desempenham funções antioxidantes. Este apelo nutricional, somado à demanda das indústrias (que transformam a fruta em polpas, geleias e sorvetes), fez a produção crescer e aparecer.

De acordo com informações do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado de Hortigranjeiro (Prohort) da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), que mede a comercialização nos Ceasas, entre 2015 e 2019, o volume de amora produzido no Paraná mais do que dobrou, passando de 9.164 quilos para 20.574. O preço médio pelo quilo do produto também cresceu, passando de R$ 8,94, em 2015, para R$ 16,95 em 2019.

Uma vantagem reservada ao Paraná nesta cultura é o clima. De acordo com a pesquisadora do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – IAPAR-EMATER (IDR-PR) Claudine Maria de Bona, que conduz projetos de pesquisa nas estações experimentais em Lapa (RMC) e Cerro Azul (Campos Gerais), um dos experimentos bateu o recorde nacional de produtividade de amora. “A média é entre 15 e 30 toneladas por hectare. Na Lapa, com clima propício e com irrigação, conseguimos 70 toneladas”, afirma.

Segundo a pesquisadora, a cultura tem boas perspectivas para prosperar no Paraná. “Tem tudo a ver com o nosso Estado. Serve tanto para os pequenos [produtores] quanto para os grandes. É bom para aproveitamento de área e possível fazer o cultivo orgânico, pois é uma espécie rústica, exige pouca adubação e fácil de manejar. Sem falar que sempre tem mercado”, avalia. “No primeiro ano paga os custos. No segundo ano, já tira uma produção sustentável”, acrescenta.

História

Apesar dos bons resultados que vem obtendo nos últimos anos nos pomares brasileiros, a amora ficou por muito tempo relegada a um segundo plano. “As amoras nativas que temos no Brasil, geralmente dão frutos muito pequenos. As espécies que vem sendo cultivadas comercialmente são cultivares norte-americanas”, esclarece a pesquisadora da Embrapa Clima Temperado, Maria do Carmo Raseira.

Segundo Maria do Carmo, o processo de melhoramento genético para adaptação do fruto às nossas condições de produção começou no início dos anos 1970, com sementes trazidas dos Estados Unidos. “Algumas precisavam de mais frio, mas a maioria das cultivares trazida se adaptou muito bem ao Brasil”, recorda.

A evolução demorou um pouco, pois, segundo a pesquisadora, faltava gente interessada em testar as novas cultivares. Em 1989, a Embrapa lançou a cultivar BRF Tupy, hoje a mais cultivada do país. “Até alguns anos atrás era a variedade mais cultivada no México também”, aponta Maria do Carmo. 

Hoje, a pesquisa já avançou consideravelmente. A última variedade lançada pela Embrapa foi a BRF Cainguá, que tem vocação para ser consumida como fruta de mesa. “Atualmente, quase toda produção [de amora] é usada em polpa, geleia, etc. Queremos ver se o consumidor brasileiro consome in natura também”, almeja.

Fonte: CNA Brasil

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