Boletim CNA: Exportações de açúcar batem recorde em outubro
Brasília (06/11/2020) – O Brasil exportou volume recorde de açúcar em outubro, de 4,2 milhões de toneladas de açúcares e melaços, 119,2% a mais que em outubro de 2019. A receita obtida foi de US$ 1,2 bilhão, 120,6% maior que o mesmo período de 2019, segundo o Ministério da Economia.
Este é um dos destaques do boletim semanal da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), referente ao período de 3 a 6 de novembro.
A CNA pediu medidas de apoio aos produtores de leite, em ofício encaminhado pelo presidente da entidade, João Martins, à ministra da Agricultura, Tereza Cristina. O cenário é preocupante para os próximos meses, com redução dos preços e alta dos custos de produção.
Já o Incra, atendendo a um pedido da CNA, vai permitir que alterações no cadastro dos imóveis rurais sejam feitas por meio eletrônico.
O embarque de frutas em outubro e superou as 116 mil toneladas registradas em setembro. A média diária exportada no mês passado, 6.646 toneladas, foi 5,6% superior à média de outubro de 2019.
Medidas para produtores de leite
A CNA solicitou apoio do Ministério da Agricultura frente à iminente crise que se desenha para a pecuária leiteira nacional, em decorrência da redução das margens da atividade. Para os próximos meses, o preço do leite tende a cair em função das variáveis de mercado, ao mesmo tempo em que a alta nos custos de produção tende a seguir em ritmo forte, principalmente em função das cotações dos insumos que compõem a ração concentrada.
Por isso, a CNA pediu o auxílio do Mapa para a operacionalização de instrumentos de política agrícola que contemplem a compra de insumos que compõem a ração concentrada a preços mais acessíveis, especialmente para pequenos e médios produtores. A CNA sugeriu a utilização de leilões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a subvenção ao prêmio pago na aquisição de contratos de opção privada de compra de grãos pelos produtores de leite e cooperativas e a melhoria do Programa de Vendas em Balcão da Conab. As propostas encaminhadas à ministra Tereza Cristina foram protocoladas no dia 06/11.
Cadastro de imóveis rurais
Atendendo a uma solicitação da CNA, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) abriu a possibilidade para que a inclusão do cadastro do imóvel rural, incluindo alterações por aquisição de área, desmembramento, remembramento, retificação, entre outros, possa ser feita por meio eletrônico. A medida está valendo desde o dia 06/11. Todo proprietário rural ou detentor de posse rural não declarada no Instituto pode fazer uma declaração eletrônica para realizar a inclusão da sua área no Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR), por meio do formulário Declaração para Cadastro Rural (DCR), disponível no site do órgão.
Convênio ICMS 100
No STF, a CNA defendeu a manutenção do Convênio ICMS 100, no julgamento da Ação Indireta de Inconstitucionalidade (ADI) 5.553/2016, que questiona benefícios tributários que incidem sobre defensivos agrícolas. O CONFAZ aprovou a prorrogação do Convênio até 31 de março de 2021, no dia 29 de outubro, atendendo a uma demanda da CNA e das Federações de Agricultura. Segundo estimativa da CNA, uma das principais consequências da revogação do Convênio é o aumento de 9,5% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para os produtos da cesta básica. A parcela do salário destinada à compra de produtos da cesta básica de quem ganha, em média, um salário mínimo, subiria de 46,4% para 50,8%. O ministro Gilmar Mendes pediu vista no dia 3 de novembro.
Frutas, hortaliças e flores
As exportações de frutas tiveram bom desempenho em outubro e superaram as 116 mil toneladas exportadas em setembro. A média diária exportada em outubro de 2020 de 6.646 toneladas foi 5,6% superior à média de outubro de 2019.
Porém, ainda há preocupação com a segunda onda de lockdowns que está ocorrendo na Europa, principal comprador das frutas brasileiras. No entanto, até o momento, não se observou impactos sobre as exportações. Produtores exportadores relatam que até o momento a queda de demanda por restaurantes e bares tem sido compensada pela maior procura nos supermercados.
No mercado interno, a oferta limitada de batata, tomate, banana, maçã e mamão em outubro provocou valorização desses produtos. Os principais fatores para a redução da oferta foram a antecipação da colheita no final de setembro em função das elevadas temperaturas, as precipitações em regiões produtoras que atrapalharam a colheita em outubro e o período de entressafra para a maioria dessas culturas.
Para o tomate, a finalização da primeira parte da colheita da safra de inverno em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo e a segunda parte em ritmo lento continua restringindo a oferta. Tal fato contribuiu para a valorização de 7%, pela terceira semana consecutiva, segundo dados do HFBrasil/Cepea/Esalq. Mas, com início da colheita de verão em lavouras paulistas e paranaenses, a oferta deve ser maior na próxima semana.
No caso da batata, a oferta restrita devido ao final da colheita da safra de inverno nas lavouras mineiras e goianas provocou valorização de 18% na primeira semana de novembro, segundo dados do HFBrasil/Cepea/Esalq. A batata teve valorização de 55% em outubro em relação a setembro. Os preços, até o momento, encontram-se atrativos aos bataticultores. Tal fato anima os produtores, que iniciam a safra de verão em novembro.
Já outros hortifrutis como cebola, cenoura, melão, manga e melancia, que estão com boas produtividades e em pico de colheita, registraram redução de preços no mercado interno.
Para alguns desses produtos, como a melancia e o melão, as temperaturas mais amenas registradas no mês desestimularam o consumo, com consequente redução da demanda.
Com boas vendas no feriado de Finados, o setor de flores registrou crescimento de 10% a 12% no faturamento no atacado em relação ao mesmo período de 2019. Por outro lado, no comércio varejista, as vendas oscilaram bastante. Em São Paulo, há relatos de menor movimentação de pessoas e crescimento de vendas por delivery, devido à preocupação com a pandemia de Covid-19.
Sucroenergético
O Brasil exportou novo recorde mensal de açúcar em outubro, com 4,2 milhões de toneladas de açúcares e melaços, 119,2% a mais que em outubro de 2019, quando foram embarcadas 1,9 milhão de toneladas, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia (Secex). A receita obtida foi de US$ 1,2 bilhão, 120,6% maior que o mesmo período de 2019.
As exportações têm aumentado significativamente em decorrência dos melhores preços, em reais, e da maior produção causada pelo mix mais açucareiro adotado pelas usinas do País. Além disso, outros grandes provedores globais enfrentam problemas com seus setores de cana-de-açúcar, como Índia e Tailândia. A Tailândia enfrentou quebra de safra causada pelas condições meteorológicas.
Já os preços no mercado interno fecharam outubro com alta expressiva. O indicador do açúcar cristal Esalq/BVMF-Santos apresentou aumento de 8,8% em relação ao preço médio praticado em setembro e de 42,4% em relação ao preço médio de outubro de 2019. A tendência de alta permanece na primeira semana de novembro.
O indicador diário Paulínia para o etanol hidratado fechou outubro com uma média de preço de R$ 2.047,76/m³, aumento de 9,81% em relação ao mês de setembro. O metro cúbico seguiu certa estabilidade ao longo da semana com cotação próxima aos R$ 2.100,00/m³. Segundo o Cepea, os vendedores seguiram firmes nas ofertas e alguns poucos estiveram fora do mercado.
Ainda assim, o volume negociado de etanol hidratado foi grande. Agentes de distribuidoras seguiram adquirindo novos volumes e retirando produtos comprados nas semanas anteriores.
Grãos
No Brasil, o plantio da safra de soja 2020/2021 avançou rapidamente nas últimas semanas e o percentual já semeado se aproxima da média histórica para o início de novembro. O atraso no plantio em outubro foi reflexo de um mês bastante seco. Na região Sul, foi o outubro mais seco dos últimos vinte anos em alguns municípios e, no Centro-Oeste, o mais seco dos últimos seis anos.
De acordo com a agência marítima Southport, na segunda-feira (02/11), 38 mil toneladas de soja foram embarcadas dos EUA com destino ao porto de Paranaguá. As importações de soja com origem americana estão se beneficiando da isenção de tarifa de importação fora do Mercosul e têm como objetivo conter a alta dos preços no mercado doméstico.
No mês de outubro, foram importadas 97,3 mil toneladas de soja. Desde janeiro de 2020, as importações somam 625 mil toneladas, segundo o relatório da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia. Esse volume ainda é pouco representativo, diante dos 3,5 milhões de toneladas esmagadas mensalmente.
No mercado interno, segundo o indicador Cepea/Esalq, o preço médio da soja no Paraná em outubro foi de R$ 158,41/saca, alta de 15,8% em relação ao mês de setembro.
A tendência de alta também segue no mercado internacional. Em Chicago, a soja voltou a apresentar uma semana com movimentações de alta, com cotações próximas a US$11,00/bushel.
Para o milho 1ª safra, a falta de chuva causa preocupação em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. O potencial da safra já começa a ser comprometido, principalmente nas lavouras que se aproximam do pendoamento, estágio fenológico crítico para a falta de chuvas. Já o milho 2ª safra deverá ter calendário de plantio apertado, reflexo do atraso do plantio de soja nas principais regiões produtoras.
Segundo o indicador de preços Esalq/B3, os preços de milho seguem acima de R$ 80/saca na primeira semana de novembro, mas levemente abaixo do preço recorde da última semana de outubro, de R$ 82,67/saca.
No fechamento de outubro, a média dos preços de milho, ainda segundo o Cepea, foi de R$ 72,7/saca, alta de 21% em relação ao mês de setembro. No Paraná, 74% do milho safrinha 2019/2020 já foi comercializado, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral). Uma evolução de 8% durante o mês e 5% acima desse mesmo período da safra passada.
Já a nova safra de arroz segue em boas condições de campo. O clima propício levou a um adiantamento no plantio com relação à safra passada no Sul do Brasil. O clima seco nessa época do ano colabora e a boa luminosidade contribui para as boas produtividades. No levantamento semanal realizado pela Emater/RS-Ascar, o preço médio do arroz atingiu R$ 102/saca, queda de 1% em relação ao preço de 30 dias atrás.
As importações brasileiras de arroz beneficiado atingiram 102 mil toneladas em outubro, alta de 46% frente a outubro de 2019. Já as importações de arroz em casca foram de apenas 2,5 mil t, queda de 76%. Segundo o Ministério da Economia, as importações de outubro não sofreram ainda influência da isenção da Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC) de 400 mil toneladas, uma vez que as importações de outubro foram majoritariamente do Mercosul.
Café
O retorno das chuvas para as áreas de café na Região Sudeste não contemplou importantes regiões produtoras, que ainda registram volumes de precipitação muito abaixo do esperado. As perdas para a safra brasileira de café em 2021 tornam-se mais evidentes.
Segundo estimativa divulgada pelo Itaú BBA, o mundo deve registrar um déficit de produção de 1,7 milhão a 6,5 milhões de sacas de 60 kg. Para o Brasil, as análises preliminares apontam quebra de até 21% para a safra brasileira.
Para entender essa e outras variações da safra, a CNA lançou, em parceria com o CaféPoint, a Pesquisa Safra Cafeeira 2020/2021.
Na safra 2020, a boa produtividade, a qualidade e o fortalecimento do dólar frente ao Real contribuíram para o bom desempenho das exportações. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, o volume de exportações de café para o mês de outubro foi 12,9% superior em comparação ao mesmo período de 2019.
No mercado, durante a semana, predominaram as tendências baixistas para os principais contratos nas Bolsas de Nova York e Londres, influenciados principalmente pelo retorno das chuvas no Brasil, novos anúncios de lockdown em países na União Europeia e incertezas com a retomada das economias.
No mercado físico, o indicador Cepea para o arábica fechou outubro com preço médio de R$ 536,60/saca de 60kg, 5% inferior ao preço médio praticado em setembro. Já para o conilon, a redução foi menos expressiva. O mês de outubro fechou com o preço médio de R$ 399,70 e 1% inferior ao praticado em setembro.
Aves e suínos
O preço do frango vivo em novembro teve alta nos dois maiores mercados independentes do Centro-Sul do Brasil, São Paulo e Minas Gerais, cotado a R$ 4,40/kg e R$ 4,55/kg, respectivamente. Em São Paulo, o aumento de 2,3% em relação à semana passada é resultado da pressão constante dos produtores por recomposição de margens, devido ao alto custo de produção.
A Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte (APINCO) divulgou que a produção de pintos de corte alcançou 579 milhões em setembro, aumento de quase 2% em relação à produção de agosto. No acumulado de janeiro a setembro, a produção de pintos de corte já é 4,5% maior do que a de 2019, com tendência de alta, segundo especialistas do setor.
Em relação às exportações, dados preliminares do Ministério da Economia apontam o embarque de 297 mil toneladas de carne de aves em outubro, com receita em torno de US$ 401 milhões, o que configura queda em volume, receita e preço em relação ao mês anterior e ao mesmo período de 2019.
Na área da sanidade, a Holanda ordenou o abate de 215 mil frangos no dia 06/11, depois da confirmação da detecção de influenza aviária numa fazenda no sul do país. Como resultado do aumento da vigilância desde a identificação do vírus em aves selvagens no final de outubro, essa é a segunda vez que as autoridades do país determinam essa medida. Casos de influenza também têm sido registrados em granjas da Alemanha, França e Reino Unido.
Para a suinocultura, as cotações do suíno vivo e da carne suína seguem tendência de alta na maioria das praças acompanhadas, com as bolsas fechando em alta em Minas Gerais, com 3,2% de aumento, e o suíno cotado a R$ 9,80/kg. São Paulo registrou 2,8% de alta com o suíno cotado a R$ 9,87/kg. Também houve elevações em Santa Catarina (2,2% de aumento e o suíno cotado a R$ 9,67/kg), e no Rio Grande do Sul, com 1,2% de aumento e o suíno cotado a R$ 8,79/kg. A menor alta observada nas bolsas estaduais nessa quinta-feira foi no Paraná: 0,5% de alta, cotado a R$ 9,18/kg.
O setor avalia que as exportações em outubro limitaram a disponibilidade interna de carne a ponto de elevar os preços. Os dados preliminares do Ministério da Economia para as exportações de carne suína, em outubro, mostram que o volume ultrapassou as 77 mil toneladas (média diária de quase 4 mil toneladas), valor 23% acima do volume de outubro de 2019.
Lácteos
As commodities lácteas tiveram mais uma semana de redução de preços. O leite UHT foi cotado a R$ 2,93/litro, enquanto a muçarela foi negociada a R$ 25,39/ kg, quedas de 0,27% e 1,28%, respectivamente. Apesar de relatos de aumento nas negociações dos laticínios, os estoques dos produtos continuam elevados quando comparados ao mesmo período do ano passado.
Já com relação ao leite spot, os preços negociados para a primeira quinzena de novembro sofreram nova redução, de 7,7% em relação ao mês de outubro, cotado a R$ 1,93/litro, ao mesmo tempo em que a captação de leite no campo continua aumentando. Segundos dados do Cepea, o índice de captação de leite em setembro foi 3,08% superior ao mês anterior.
Com esse cenário, novembro se inicia com grandes desafios para produtores de leite. Com a redução no preço do leite e com os aumentos expressivos do custo dos insumos para ração concentrada, principalmente farelo de soja e milho, as margens da atividade tendem a diminuir, reduzindo a competitividade do setor. Por isso, a CNA solicitou o apoio do Ministério da Agricultura para viabilizar a execução de instrumentos de política agrícola que auxiliem na redução dos custos de produção e viabilizem que os produtores se mantenham na atividade nesse período crítico.
Boi gordo
Com a execução dos contratos de boi gordo na B3 com vencimento para 30 de outubro, o produtor rural volta suas atenções para os próximos dois contratos de 2020, novembro e dezembro, e começa seu planejamento observando o contrato de maio de 2021.
O mercado continua aquecido para o produtor rural, que busca vender seus animais a preços recordes. Já circulam informações de frigoríficos ofertando R$ 290/arroba no Mato Grosso do Sul. No mercado físico, o preço atingiu mais de R$ 270 na primeira semana de novembro e, no mercado futuro, chegou a R$ 290 (contrato de novembro/2020) e R$ 294 (dezembro/2020).
O mercado de reposição também continua aquecido, com bezerro sendo negociado em São Paulo a R$ 2.740 e o boi magro a R$ 4.000.
Pescado
A CNA realizou uma live durante a semana para destacar a importância do manejo na sanidade de animais aquáticos. A coordenadora de Animais Aquáticos do Departamento de Saúde Animal do MAPA, Valéria Homem, informou que o Mapa publicará manuais sobre sanidade em organismos aquáticos ainda em novembro, o que ajudará produtores e técnicos com dúvidas sobre o tema.
Em defesa da piscicultura de Rondônia frente ao constante aumento do custo de produção, em função da alta nos preços do milho e da soja, a Associação de Criadores de Peixes de Rondônia (Acripar) inovou e criou uma tabela de preço mínimo para venda do tambaqui para garantir as margens da atividade.
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