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Entenda sete disputas-chave do 2º turno das eleições municipais

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Entenda sete disputas-chave do 2º turno das eleições municipais


O primeiro turno trouxe derrotas importantes para o presidente Jair Bolsonaro, a mais significativa delas em São Paulo, já que não conseguiu colocar um aliado na disputa final da maior cidade do país — a escolha do eleitor paulistano será feita entre o atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), e o candidato do PSOL, Guilherme Boulos.

Já no Rio de Janeiro, seu berço político, Bolsonaro está apoiando a reeleição do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), mas as pesquisas de intenção de voto indicam vitória fácil do ex-prefeito da cidade Eduardo Paes (DEM).

No entanto, há candidatos carregando as bandeiras bolsonaristas em outras capitais, como Fortaleza, Belém e Cuiabá, com chances relevantes de vencer nas duas últimas, o que mostra que as ideias e valores do presidente continuam tendo apelo em parte da sociedade.

Já Recife chama atenção pela disputa acirrada entre dois candidatos do campo da centro-esquerda, que ainda por cima são primos: Marília Arraes (PT) e João Campos (PSB) protagonizaram uma briga tão dura que pode deixar sequelas na relação dos dois partidos em 2022.

Além de Marília Arraes, que tem chance de ser a primeira prefeita do Recife, outra capital que pode eleger pela primeira vez uma mulher para o governo é Porto Alegre. Lá Manuela d’Ávila (PCdoB) tenta bater o candidato do MDB, Sebastião Melo, recuperando a capital gaúcha para o campo da esquerda.

Entenda a seguir o que está em jogo na reta final das eleições nessas sete capitais e que reflexos elas podem trazer para o cenário político nacional.

São Paulo

 

Os paulistanos decidem neste domingo uma disputa inédita entre PSDB e PSOL, partido que neste ano desbancou o PT como catalisador do voto de esquerda paulistano. As pesquisas indicam que Bruno Covas deve ser reeleito, derrotando Guilherme Boulos. O levantamento do Datafolha divulgado no sábado (28/11) dá 55% dos votos válidos (descontados nulos e brancos) para o tucano, contra 45% para o psolista.

Ainda que esse resultado se confirme, analistas políticos consideram que ganhar mais de 40% dos votos na maior cidade do país já seria uma importante vitória para o PSOL — um partido de dimensões pequenas, que elegeu prefeitos em apenas quatro cidades no primeiro turno (todas de até 50 mil habitantes).

“A essa altura o desempenho do PSOL em São Paulo já é espetacular, pois em 2018 o Boulos, como candidato a presidente, teve apenas 1% dos votos na cidade”, acredita o cientista político Antonio Lavareda, presidente do conselho científico do Instituto de Pesquisas Sociais Políticas e Econômicas (Ipespe).

Já se Boulos surpreender e vencer, o resultado de São Paulo “mexeria com o imaginário do país”, diz o especialista: “Significaria que a maior cidade do país andou à esquerda. A esquerda, que foi derrotada no primeiro turno, renasceria no segundo turno em São Paulo”.

Para Lavareda, a vitória de Covas, por representar a continuidade do governo tucano em São Paulo, não terá um impacto político tão relevante, mas é essencial para o PSDB, tendo em vista que no primeiro turno o partido elegeu 512 cidades, 35% menos do que em 2016 (785).

“É fundamental para o PSDB continuar governando a maior cidade do país, sobretudo em uma eleição que o partido teve um declínio importante nacionalmente no número de prefeituras”, afirma.

O cientista político José Álvaro Moisés, professor titular da Universidade de São Paulo (USP), considera que a vitória de Covas será importante para fortalecer sua tentativa de recuperar a identidade social-democrata do PSDB.

“Com a investida do João Dória (governador de São Paulo) sobre o partido, parecia que o PSDB tinha ido muito mais à direita e tinha virado as costas para sua identidade social-democrata”, nota Moisés.

“A vitória do Bruno Covas vai de alguma maneira representar a possibilidade dessa recomposição, que é algo importante para que o PSDB consiga se ressituar para as eleições de 2022”, disse ainda.

Rio de Janeiro

 

No Rio de janeiro, as pesquisas eleitorais dão larga vantagem ao ex-prefeito Eduardo Paes (DEM). O levantamento do Datafolha divulgado no sábado (28/11) lhe dá 68% dos votos válidos, contra 32% para o atual prefeito Marcelo Crivella (Republicanos).

Durante a campanha, Paes virou réu em um processo criminal no qual o Ministério Público o acusa de corrupção passiva por ter recebido doações não registradas (caixa 2) da empreiteira Odebrecht na eleição de 2012.

No entanto, isso não atrapalhou suas intenções de voto, tamanha é a rejeição a Crivella entre os cariocas hoje (o prefeito tem mais de 60% de avaliação negativa). Além disso, o próprio candidato do Republicanos é alvo da Operação Hades, que investiga um suposto esquema de propinas em sua gestão na Prefeitura do Rio.

Para Antonio Lavareda, a importância nacional da vitória de Paes no Rio de Janeiro — segunda maior cidade do país — será coroar o excelente desempenho do DEM na eleição de 2020. O partido, que hoje governa 266 cidades, foi eleito em 459 no primeiro turno, sendo três capitais: Salvador (Bruno Reis), Curitiba (Rafael Greca) e Florianópolis (Gean Loureiro).

Segundo Álvaro Moisés, esse crescimento do Democratas dará mais peso ao partido nas eleições de 2022. “Com esse fortalecimento em 2020, é claro que o DEM vai se colocar numa posição melhor em 2022 para negociar alianças ou, eventualmente, para lançar um candidato a presidente, coisa que não aconteceria se não tivesse tido o sucesso que teve em algumas capitais. Isso dá um fôlego novo a um partido que estava, com os outros (partidos tradicionais), sendo criticado”, afirma o professor.

Lavareda ressalta ainda que a disputa do Rio voltou a mostrar a importância do voto dos evangélicos, grupo que deu contribuição relevante para levar Crivella ao segundo turno — o atual prefeito do Rio é bispo licenciado da Igreja Universal.

Mas, acrescenta ele, também evidenciou que, embora o segmento seja relevante, não é suficiente para garantir vitória, caso o candidato não seja capaz de atrair um apoio mais amplo.

“O voto evangélico é uma condição às vezes necessária para determinadas vitórias, tanto que o Eduardo Paes conta com parte, embora minoritária, desse voto, mas não é condição suficiente (para se eleger)”, ressaltou.

Recife

Só por colocar em disputa dois primos, a eleição de Recife já desperta curiosidade nacional. Mas, para além do fato inusitado, o resultado da corrida pela prefeitura na nona maior cidade do país pode trazer desdobramentos políticos importantes em Pernambuco e no Brasil, aponta Lavareda.

As pesquisas mostram uma competição apertada entre João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT) — os dois são primos em segundo grau, pois o ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, já falecido, é vô da petista e bisavô de seu concorrente. João Campos é ainda filho de Eduardo Campos, que também governou o Estado e morreu num acidente de avião quando fazia campanha presidencial em 2014.

O candidato do PSB acabou o primeiro turno com pequena vantagem sobre a petista, com 29,17% dos votos contra 27,95%. As pesquisas de segundo turno chegaram a mostra Marília Arraes na frente, mas o último levantamento do Datafolha, divulgado sábado (28/11), mostra os dois empatados, cada um com 50% dos votos válidos.

Uma vitória de Marília Arraes pode significar uma fissura na hegemonia que o PSB tem hoje na política pernambucana — o partido governa há oito anos a capital e há 14, o Estado.

Sua eventual eleição também seria a volta do PT ao poder em uma grande capital do país, após o desastroso desempenho do partido na eleição de 2016. Neste ano, a legenda também aparece com chance de ganhar em Vitória, onde o candidato João Coser aparece empatado na pesquisa Ibope com o Delegado Pazolini (Republicanos).

No entanto, independentemente de quem vencer em Recife, a disputa agressiva entre os dois primos têm o potencial de afastar PT e PSB nacionalmente, acredita Lavareda.

Apesar de primos, as campanhas não pouparam ataques duros ao oponente e seu respectivo partido, como acusações mútuas sobre corrupção no PT e no PSB.

A Justiça Eleitoral chegou a determinar que ambos os lados retirassem do ar peças de campanha: foi considerado que houve uso de informações inverídicas, por exemplo, quando a campanha do PSB disse que Marília era “contra a Bíblia”, assim como quando a propaganda petista chamou João Campos de machista.

“A eleição do Recife está, de antemão, inviabilizando qualquer possibilidade de aliança entre PSB e PT daqui a dois anos. Está conduzindo o PSB para os braços do PDT de Ciro Gomes (provável candidato a presidente) na eleição de 2022”, acredita Lavareda.

“Por isso que Ciro Gomes foi a Recife fazer campanha para João Campos no segundo turno”, ressalta.

Marília se candidatou contra a vontade de parte do PT em Pernambuco, como o grupo do senador Humberto Costa. Em 2018 ela já tinha sido forçada a renunciar à disputa para o governo do Estado, num acordo articulado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para garantir a neutralidade do PSB na disputa presidencial (em vez de um apoio ao candidato do PDT, Ciro Gomes).

“Qual a necessidade de ter candidato em todo Brasil, de Leste a Oeste, quando (o PT) poderia ser mais generoso em alguns lugares e construir um caminho melhor para 2022? Acho que quiseram transformar essa eleição em algo muito difícil. Deveríamos ter uma campanha nacionalizada contra Bolsonaro, juntar toda esquerda. Não acho que houve disposição do PT para seguir esse caminho”, disse Costa, em entrevista ao portal UOL em outubro.

Cuiabá

 

A maioria dos candidatos apoiados por Bolsonaro naufragou no primeiro turno das eleições municipais. Em Cuiabá, porém, o candidato do Abílio Júnior (Podemos), que chegou a usar vídeo ao lado do presidente na propaganda eleitoral, passou para a reta final da disputa em primeiro lugar, com 33,7% dos votos, a frente do atual prefeito, Emanuel Pinheiro (MDB), que ficou teve 30,64%.

Evangélico, seguidor da Igreja Assembleia de Deus, Abílio Júnior iniciou sua carreira política sendo eleito vereador pelo PSC em 2016. Chegou a aparecer liderando as pesquisas de segundo turno, mas o levantamento mais recente do Ibope, divulgada na sexta-feira (27/11), o coloca empatado com Pinheiro, cada um com 50% dos votos válidos.

Assim como Bolsonaro surfou na bandeira anticorrupção em 2018 para derrotar o PT, Abílio Júnior tem nessa pauta seu principal mote de campanha, já que seu adversário sofre duras acusações de recebimento de propina no acordo de delação premiada firmado em 2017 pelo ex-governador do Mato Grosso Silval Barbosa (2010-2014).

Barbosa inclusive entregou gravações que mostravam a distribuição de maços de dinheiro durante seu governo para deputados estaduais — um deles, era o atual prefeito. Como a gravação mostra que Pinheiro deixou parte do dinheiro cair quando guardava os maços no bolso, ele passou a ser chamado popularmente de “Paletó”.

O atual prefeito nega que tenha recebido propina e diz que o dinheiro era pagamento de uma dívida de Barbosa com seu irmão, que é dono de uma empresa de pesquisas eleitorais.

Para Lavareda, o tema anticorrupção “se impôs em Cuiabá” por causa da conjuntura da cidade e acabou favorecendo Abílio Júnior — que, embora novato na política, ficou em primeiro lugar no primeiro turno.

“O tema da corrupção deixou de ser a principal questão (da eleição de 2020) na maioria das cidades, mas não desapareceu de todas. Onde tem um caso mais flagrante, como é o caso de Cuiabá, emerge com o grande tema da campanha e traz junto o candidato mais adequado a essa agenda”, afirma Lavareda.

“É o tema trazendo o candidato pela rédea, não é o candidato promovendo o tema”, analisa.

Lavareda ressalta também que Bolsonaro tem uma popularidade maior no Centro-Oeste do que na média do país, o que também ajuda a explicar o bom desempenho de um candidato bolsonarista na capital de Mato Grosso.

Dados do Ibope do início de novembro mostram que, entre as 26 capitais estaduais, o presidente tem sua quinta melhor avaliação em Cuiabá, com 45% de ótimo ou bom.

No entanto, a recuperação de Emanuel Pinheiro na reta final de campanha, equilibrando a disputa mesmo com forte denúncia de corrupção contra si, indica que os cuiabanos estão bastante polarizados, com parte da população rechaçando a possibilidade de um prefeito com estilo Bolsonaro.

Em maio, por exemplo, Abílio Júnior causou polêmica ao fazer piada com o uso de máscara para proteção contra coronavírus ao postar em rede social um foto sua no mercado com um saco plástico no rosto. Já em outubro, foi criticado após dizer que Simona Gisela, que disputava a prefeitura de Cuiabá pelo PROS, era “uma excelente participante da disputa eleitoral mesmo sendo mulher.”

Uma busca pela nome dos dois candidatos no Twitter mostra muitos comentários sobre o último debate, realizado por filiada da TV Glovo na sexta-feira, criticando a “falta de preparo e propostas” vereador para comandar a cidade.

Fortaleza

 

Fortaleza é outra capital em que um candidato com perfil bolsonarista chegou ao segundo turno, mas, nesse caso, o deputado federal Capitão Wagner (Pros) tem buscado descolar sua imagem da do presidente. A estratégia reflete o desempenho pior de Bolsonaro no Nordeste — na ponta oposta de Cuiabá, Fortaleza aparece como a quinta capital com pior avaliação para Bolsonaro nos dados do Ibope: lá, apenas 27% consideram seu governo como ótimo ou bom.

“Agradeci ao presidente (o apoio a sua candidatura), é importante que alguém daqui tenha acesso a ministros, e minha presença como deputado federal em Brasília me deu essa possibilidade. Mas não tenho padrinho político e minha vida pública têm muita independência. Ninguém vai ditar como conduzir meu mandato, votei matérias a favor e contra o governo nesse período como deputado federal”, disse Wagner, em entrevista recente ao jornal Folha de S.Paulo, ao ser questionado sobre o apoio de Bolsonaro.

Seu opositor no segundo turno é José Sarto (PDT), deputado estadual há sete mandatos e atual presidente da Assembleia Legislativa do Ceará. Ele aparece bem na frente da corrida: segundo pesquisa Ibope divulgada no sábado (28/11), o pedetista tem 61% dos votos válidos, contra 39% do Capitão Wagner.

José Sarto é do mesmo grupo político que a família Gomes, que tem longa tradição no Ceará, sendo o ex-governador Ciro Gomes (PDT) seu principal expoente. Sua candidatura reuniu uma ampla coligação de partidos (PP/PDT/PTB/PL/PSB/DEM/PSD/Cidadania/Rede/PSDB) e conseguiu atrair no segundo turno o apoio de sete dos nove candidatos derrotados no primeiro (os outros dois ficaram neutros). Ele tem também o endosso do governador do Ceará, Camilo Santana (PT), embora PT e PDT tenham protagonizado atritos nacionalmente nos últimos anos.

Já Capitão Wagner se projetou na política comandando greves de policiais militares em 2011 e 2012 quando era PM — a categoria é proibida de realizar paralisações, mas os grevistas acabaram anistiados pelo Congresso Nacional. Foi eleito vereador de Fortaleza em 2012, depois deputado estadual em 2014, e se tornou deputado federal com a maior votação do Ceará em 2018, embalado pela onda bolsonarista. Ele também conseguiu montar uma coligação grande (Pros/Republicanos/Pode/PSC/PMB/PMN/PTC/DC/Avante) no primeiro turno, mas não atraiu novos apoios no segundo.

“Fortaleza talvez seja a capital que melhor representa aquela ideia de uma frente democrática no segundo turno se contrapondo a um candidato mais parecido com o modelo raiz do bolsonarismo”, nota Lavareda.

“Mas o caso de Fortaleza não significa que essa aliança ampla tende a acontecer nacionalmente. A aliança PT e PDT, por exemplo, tem poucas chances de ocorrer em 2022”, ressalta.

 

O segundo turno de Belém, por sua vez, traz uma disputa entre esquerda e bolsonarismo que vinha equilibrada na última semana. No entanto, pesquisa Ibope divulgada no sábado (28/11) mostra que o candidato do PSOL, Edmilson Rodrigues, abriu vantagem e tem 58% dos votos válidos. Já o novato na política, delegado da Polícia Federal Everaldo Eguchi (Patriota), aparece com 42%.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Eguchi reconhece compartilhar de bandeiras de Bolsonaro, mas diz que não é seu candidato. “Eu não sou candidato dele (Bolsonaro). Sou o candidato do Patriota alinhado às ideias dele”, argumentou.

Em 2018, porém, quando Eguchi disputou sua primeira eleição, para deputado federal pelo PSL, Bolsonaro gravou vídeo pedindo votos para ele. Embora bem votado, não conseguiu a vaga no Congresso. Depois, chegou a ser cotado para chefiar a Superintendência do Ibama no Pará, mas não teve a indicação confirmada por causa da divulgação pelo jornal O Globo de um áudio seu dizendo que iria implementar uma gestão “onde o meio ambiente vai andar de braços dados com o agronegócio”.

Na campanha à prefeitura, Eguchi destacou seu perfil “outsider”, descolado dos grupos políticos tradicionais de Belém, e disse que levantará recursos para implementar suas propostas combatendo a corrupção. Ele também tem se colocado contra o fechamento de escolas e comércios por causa da pandemia de coronavírus.

Já Edmilson Rodrigues é velho conhecido dos belenenses, pois foi prefeito da capital paraense pelo PT entre 1997 e 2004. Ele diz que o problema mais urgente da cidade é o combate à fome e, caso eleito, promete criar um programa de renda mínima que complemente o Bolsa Família. Ele acusa seu adversário de ter um discurso vazio contra a corrupção.

“Já vimos que os eleitos com discurso de combate à corrupção como única proposta não têm proposta para educação, para saúde, para habitação, para infraestrutura”, disse, também em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.

Com Boulos atrás nas pesquisas em São Paulo, Belém aparece como a maior chance de o PSOL conquistar pela primeira vez o governo de uma capital.

Para Lavareda, a vitória em uma cidade relevante teria o impacto de provocar um “amadurecimento” no partido.

“Se Edmilson Rodrigues vencer, vai ser, junto com o desempenho de Boulos em São Paulo, a marca do crescimento do PSOL nessas eleições. E vai representar um choque de pragmatismo administrativo pro partido”, afirma.

“Os partidos que têm uma postura antissistema, quando chegam ao poder, necessariamente se transformam, por causa das exigências de construção da governabilidade e das necessidades administrativas. Ser governo compele esses gestores a posturas mais moderadas”, reforça.

Porto Alegre

Manuela d'Ávila (PCdoB) com 51% dos votos válidos em Porto Alegre, segundo pesquisa Ibope

Manuela d’Ávila (PCdoB) com 51% dos votos válidos em Porto Alegre, segundo pesquisa Ibope

BBC

Outra capital com eleição bastante equilibrada é Porto Alegre, onde a pesquisa Ibope de sábado (28/11) mostra Manuela d’Ávila (PCdoB) com 51% dos votos válidos, contra 49% de Sebastião Melo.

Nesse caso, porém a disputa se dá entre dois candidatos tradicionais na política gaúcha.

Manuela d’Ávila (PCdoB), que já foi vereadora e deputada estadual e federal, se projetou nacionalmente em 2018 como vice na chapa presidencial de Fernando Haddad (PT).

Já Melo foi vereador por 12 anos e vice-prefeito no governo José Fortunati (PDT). Ele chegou a receber o apoio de Manuela d’Ávila no segundo trurno da eleição de 2016, quando perdeu para o atual prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB).

Embora seja um político de centro, tem tentado atrair o voto bolsonarista para derrotar Manuela d’Ávila, candidata que enfrenta o desgaste to petismo (seu vice Miguel Rossetto é do PT) e do comunismo (ideologia que está no nome do seu partido).

Para Álvaro Moisés, da USP, um das marcas da eleição de 2020 foi a emergência de uma esquerda jovem, representada por Manuela d’Ávila, Guilherme Boulos, Marília Arraes e João Campos. Ele destaca o fato de essas lideranças virem de diferentes partidos.

“São novos quadros do campo da esquerda que conseguiram dialogar com uma parte do eleitorado. Isso mostra duas coisas: primeiro que a esquerda não morreu. Segundo, que tem uma parte de eleitorado que presta atenção nas alternativas, que pode ter uma crítica à velha política que foi adotada pelo PT, mas que não quer dizer que virou as costas completamente para a esquerda”, analisa.

TSE
Fonte: R7

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