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Lana Bitu: Só faltava essa, né, mãe?

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Lana Bitu: Só faltava essa, né, mãe?


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Alto Astral

Lana Bitu: Só faltava essa, né, mãe?
Reprodução: Alto Astral

Lana Bitu: Só faltava essa, né, mãe?

– António, sabia que amanhã é Dia Mundial da Conscientização do Autismo?

– Não sabia, mãe… Legal. Fico feliz, principalmente por ser feriado.

– Só é feriado porque coincidiu com a Sexta-Feira Santa, menino…

– Que pena. Bem, mas é um dia comemorativo para os autistas, né? E isso é bom.

– É muito bom, Tom. Porque conscientização significa que as pessoas precisam conhecer o autismo. O que você acha importante as pessoas saberem sobre o autismo?

– O quanto é difícil, né? Porque eu não sou uma pessoa normal. Quer dizer, eu sou, mas tem alguma coisa dentro de mim que é diferente. Só que, se me ensinar, muitas coisas eu consigo. Consigo do meu jeito, né?

Você viu?

– E o que você diria para as famílias, os amigos, os colegas e vizinhos de um autista?

– Aprendam a viver com quem tem autismo. É difícil, mas acostumem que ele precisa andar lá fora sempre, bater palma, ver um monte de vezes as mesmas coisas. Prestem atenção: ele é apenas um humano diferente.

– Você acha que sua vida melhorou, depois que a gente explicou que você era autista?

– Eu fiquei surpreendido, né? Porque eu tinha dúvida sobre precisar bater palma, não entendia. Aí, meus colegas perguntavam porque eu fazia aquilo. Eu não sabia, então, inventei que tinha batido a cabeça numa parede quando era pequeno e por isso comecei a bater palma. O Pedro achou mentira máxima. Ele é esperto (sorri com gosto). Aí você me falou do autismo, eu entendi e expliquei para eles. E o Pedro ficou meio… “O quê?” e acho que ele até ficou querendo ser um pouco como eu, porque o autismo também me ajuda a fazer algumas coisas melhor do que os outros. Tipo lembrar de tudo. Nossa, ainda bem que eu nunca bati a cabeça na parede, né, mãe? Só faltava essa…

Ninguém melhor do que um atípico para explicar o valor da conscientização a respeito do autismo. António está com 11 anos. Tinha pouco mais de um ano de idade quando começou a manifestar características clássicas do autismo. Andava na ponta dos pés, balançava freneticamente as mãos, não atendia quando era chamado nem se interessava pelas pessoas, passava horas deitado no chão, observando as rodas dos trens e carrinhos, ficava extremamente perturbado com barulhos e falou apenas quando tinha quase 5 anos.

Apesar de só termos fechado oficialmente o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) quando ele estava com 7 anos, sempre soube que havia algo de diferente no meu moleque. Mas só quando passei a me informar e conversar sobre o TEA é que iniciei a tomada de consciência. Tomada essa que teve começo, mas nunca terá fim. Porque toda conscientização demanda um processo cotidiano de se sensibilizar a realidades que se apresentam dia a dia e de se dispor a experimentar novas formas de lidar com alguém que, como diz António, tem dentro de si algo diferente… E assustador e encantador e frustrante e compensador e odioso e adorável e triste e feliz. Como a vida.

  • Você pode adquirir o livro ‘Palmas para António’ online ou em lojas físicas!
Fonte: IG Mulher

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