Conheça as motocicletas do Museu Petersen
Um dos museus automotivos mais importantes dos Estados Unidos é o Petersen , de Los Angeles, na Califórnia. É, também, um dos maiores do mundo, com um acervo impressionante. Há pouco reabriram, após um recesso causado pela pandemia, com uma exposição de supercarros, desde o Mercer Type 35-J Raceabout de 1913, até modelos bem atuais. Mas nos intesessa mesmo são as motocicletas.
Na última vez que lá estive, antes da grande reforma no prédio que consumiu 13 meses e 90 milhões de dólares, selecionei cinco motocicletas bastante representativas, cada uma com sua particularidade que as fazem muito especiais. e um quadriciclo, que foi construido a partir de uma motocicleta.
A FN de 1904 foi a primeira motocicleta com motor de quatro cilindros produzida em série. Sua cilindrada era de 362 cm3. Feita na Bélgica, a FN não tinha caixa de câmbio e nem embreagem. A transmissão secundária era do tipo eixo-cardã, apesar de não ter cardãs nas extremidades do eixo, pois o quadro era “rabo-duro”, sem suspensão e, consequentemente, sem movimentação vertical da roda traseira. Além dessa transmissão, a FN tinha também pedal de bicicleta, transferindo o movimento do piloto à roda traseira por uma corrente comum.
O triciclo Indian é um Dispatch Tow de 1941, que era utilizado para entregar automóveis. Antes da entrega, o Dispatch Tow era cuidadosamente fixado no para-choque traseiro do veículo a ser entregue, por meio de sua barra de reboque montada na frente do triciclo. Aí o entregador dirigia o carro até o destino, puxando o triciclo, que, ao chegar, era liberado e servia de condução para sua volta à oficina. Isso permitia que os estabelecimentos de reparo enviassem apenas uma pessoa para buscar ou entregar um veículo. Ele também permitia ao proprietário a comodidade de não ter que ir buscar pessoalmente o seu carro.
Você viu?
A motocicleta seguinte nem parece uma motocicleta. Até o seu nome tenta explicar esse fato. Ner-A-Car é uma brincadeira com o nome de seu criador, Carl A. Neracher, mas também com o termo “near a car”, ou, em uma tradução livre, “quase um carro”. Apesar de ter apenas duas rodas, Neracher achava que sua motocicleta era “mais perto” de um carro do que de uma motocicleta. Seguindo esse princípio, a motocicleta foi projetada com um centro de gravidade muito mais baixo do que de outras motocicletas, facilitando seu equilíbrio, apesar de o sistema de direção ser bastante difícil de ser operado. A Ner-A-Car tinha motor dois tempos de 283 cm3 e foi produzida de 1921 a 1926.
A HRD Vincent 1948 tinha motor de dois cilindros em “V” de 1.000 cm3, com a potência de 55 cv, uma das maiores de sua época para uma motocicleta de série. Por isso era chamada de “viúva negra”, apelido décadas mais tarde apropriado pela Yamaha RD 350. As motocicleta foram produzidas em Stevenage, na Inglaterra, de 1929 a 1956, e chamavam-se apenas HRD, mudando seu nome quando Phil Vincent assumiu a produção.
Parecida com um scooter, a Jordan 1947 tinha esse formato porque não tinha quadro estrutural, sua estrutura monobloco incluía todos os componentes visíveis, com o motor encaixado dentro. Esse motor de quatro cilindros tinha dois eixos virabrequins, cada um girando em um sentido, para neutralizar vibrações. A criação é de LeGrand Jordan, um dos primeiros patrulheiros do Chip’s, California Highway Patrol. Essa motocicleta é única, uma vez que Jordan nunca conseguiu um investidor para seu complexo projeto.
Por fim, um quadriciclo, que não é motocicleta mas é derivado delas. Por isso o Rochet Quadricycle 1899 era bem diferente dos automóveis da época, que eram adaptações de carruagens. A estrutura principal era de uma bicicleta, com guidão, duas rodas traseiras para equilíbrio e tração e duas rodas dianteiras, para acomodar duas pessoas no banquinho frontal. E tinha pedais de bicicleta, para ajudar a fraca potência do motor DeDion-Bouton de um cilindro, um motor que costumava equipar motocicletas de fabricantes diversos. O Rochet Quadricycle era produzido em Paris, na França.