“Sou evangélica e traio meu marido, mas não me sinto uma pecadora por isso”
“Quando tinha apenas 15 anos, me tornei evangélica e me considerava uma frequentadora muito ativa na igreja, participava de todos os eventos da doutrina. Quando completei 18, comecei a trabalhar e conheci meu marido. Dois anos depois nos casamos. Ele me acompanhou poucas vezes na igreja, eu tinha um cargo lá então estava todos os dias. Quanto mais eu aprofundava nas rotinas da igreja, mais eu conhecia o íntimo e me decepcionava, pois eram muitos erros, falhas humanas, soberba, vaidades e mercenários.
Em certo momento, resolvi sair da religião e me dedicar ao meu marido, mas ele trabalhava muito e não me dava muita atenção. Eu me sentia sozinha, chorava muito, vivia triste, achava que todos tinham me abandonado. Entrei numa paranoia que meu marido estava em um relacionamento extraconjugal porque ele chegava tarde e o celular dele passou a ter senha. Tentei de várias formas para que o nosso casamento fosse mais feliz, mas não adiantou. Mal fazíamos sexo.
Apareceu uma oportunidade para eu fazer faculdade e escolhi ocupar minha mente. Conheci muita gente, fiz grandes amizades, recebia vários elogios e cantadas; tudo aquilo foi fantástico, aumentou minha autoestima, passei a me arrumar para ficar mais bonita, mas lá no fundo tinha receio de me deslumbrar com aquela nova vida, já que eu tinha preceitos religiosos. Mesmo assim, a cada dia que passava, meus sentidos sexuais só aumentavam, eu desejava homens diferentes, pensamentos obscenos, passei a ver alguns tópicos de filmes pornográficos… muitas vezes eu me encontrava em situações constrangedoras e chorava. Eu pensava que estivesse cometendo um grande pecado.
Um dia, olhando minhas redes sociais, vi a solicitação de amizade de um antigo amigo da época de escola. Conversamos e rimos muito, trocamos mensagens por dois meses, meu marido não sabia de nada mas ele percebeu que eu estava mais contente porque na verdade estava apaixonada pelo meu amigo. Depois de algum tempo meu amigo se declarou e decidimos marcar um encontro no apartamento dele. Estávamos tensos até que transamos. Não gostei, eu estava muito nervosa. Cheguei em casa tentando disfarçar meu comportamento, mas meu marido desconfiou e passou a me observar.
Certa vez, ele ouviu minha conversa com uma amiga chorando e desabafando… imediatamente meu marido pediu explicações. Eu não sabia o que falar, ele me pressionou e eu contei toda a verdade do que aconteceu, me arrependi do que eu fiz, estava carente, sozinha e sentindo falta de sexo. Eu fiquei supermal. Chorava muito não só por ter traído meu marido, mas pelo pecado de adultério. Me condenava por ter desobedecido a um mandamento de Deus achava que iria direto para o inferno. Meu marido, vendo o meu arrependimento total, me perdoou. Continuamos, mas claro que não voltamos ao normal: em algumas brigas ele jogava na minha cara. Voltei a frequentar outra igreja para me redimir dos meus pecados.
Uma mulher ligou no celular do meu marido tempos depois e eu atendi. Me identifiquei como irmã dele e ela disse que era uma ‘amiga íntima’ e desligou. Questionei ao meu marido, mas ele contestou. Encontrei vários indícios de uma suposta traição, porém ele sempre negou.
Desanimei, pois minha vida não estava legal. Sempre morna, pouquíssimos beijos e sexo. Conforme foi passando o tempo, fui perdendo o interesse por ele, mas meu apetite sexual só aumentava. Meus desejos mais obscenos vinham à mente e o medo da doutrina religiosa foi abrandando. Percebi que a repreensão dos meus desejos estavam me fazendo mal e que precisava me libertar. Eu queria muito fazer sexo com outras pessoas, mas não queria separar, apesar de não termos um bom sexo e frequente, a nossa vida era boa, estável, ele era um ótimo pai. Eu não queria largar tudo aquilo.
Ouvi uma entrevista de um representante do site Ashley Madison em uma rádio e fiquei curiosa, pois era um site de relacionamento voltado mais para casados, supersigiloso e que quem estava cadastrado ali procurava a mesma coisa: sexo, é claro, sem compromisso, sem cobranças. Me cadastrei, apareceram várias solicitações e comecei a responder. Criei coragem e marquei o primeiro encontro. Nessa época, eu trabalhava de dia e à noite, além de fazer faculdade.
Naquela noite, eu faltei à aula e fomos para um restaurante. Ficamos num local mais reservado, mas estava apreensiva de ser reconhecida por alguém. Conversamos bastante e descontraímos até que ele me chamou para o motel. Aceitei, foi ótimo. O meu parceiro era carinhoso, mas cheio de tesão. Me elogiava, me apalpava toda, abraços fortes e quentes, beijos ardentes… foi incrível e libertador, ficamos algumas vezes depois.
Eu não sentia mais culpa, estava sendo sincera comigo mesma. Eu sei que o meu comportamento perante à sociedade não é aceitável, mas eu estava mais feliz, confiante e isso que me importava.
Estou nesse site há cinco anos e continuo tendo meus casos extraconjugais. Eles sempre foram sigilosos. Lá, as pessoas pensam igual a mim. Procuro marcar meus encontros durante o expediente do meu trabalho ou durante as aulas da faculdade porque são meus álibis.
Meu marido nunca descobriu mais nada sobre minhas traições, mas continua sendo uma incógnita com a vida secreta dele [risos]. Em uma de nossas brigas propus de termos um relacionamento aberto. Acho que seríamos sinceros um com o outro, mas não obtive sucesso. Então, continuemos assim vivendo juntos, porém cada um com sua vida.”
*nome fictício para proteger a identidade da personagem.