A arte da lacração seletiva
Vivemos tempos difíceis… Tudo vira motivo para grandes discussões nas rodas de amigos e esses debates migram para as redes sociais, tomando uma dimensão nacional. Algumas celebridades tomam para si a obrigação de darem discursos aflorados, políticos, dando indiretas, fazendo caças às bruxas ou então somente querendo exercer seu direito à lacração por alguns likes e momentos de visibilidade. Dois personagens tem orbitado essa esfera de personalidades que sempre tem uma opinião sobre assuntos que estão no olho do furacão: são elas Marina Ruy Barbosa e Samantha Schmutz.
Samantha como todos sabem, após a morte do ator e seu amigo pessoal Paulo Gustavo, começou uma grande caça às bruxas regada a muitas indiretas e acusações sem nomes a todos aqueles que não levavam a sério as orientações para evitar a propagação do vírus da Covid-19. Foram dias intensos, com vários alvos mirados e culminou na participação da atriz no programa ‘Saia Justa’, onde todas as participantes juntas fizeram discursos lindos de se ver em favor de todas medidas e cuidados, apontando culpados… Mas parece que tudo ficou só na teoria.
Tempos depois, uma das participantes do programa e também amiga pessoal de Paulo Gustavo, Mônica Martelli, resolveu esquecer tudo o que já havia falado, militado, apontado, escrito e ir à festa de aniversário de nossa segunda personagem, Marina Ruy Barbosa. Apesar de Marina ter ido às redes sociais debochar que não sabia que gostava de rave – quando essa coluna noticiou seus três dias de festa – a ruiva não se melindrou e botou para quebrar em sua comemoração, com vários convidados, shows com duas duplas sertanejas e a presença de… Mônica! Sim! A mesma Mônica que durante várias edições do ‘Saia Justa’ fez tantos discursos combatendo as ‘reuniõezinhas’ e os que não se preocupavam com a saúde do próximo.
Foi o bastante para a mídia apontar a hipocrisia das três: Mônica por ir contra o que prega; Marina, que deu uma festa durante a pandemia e vamos falar mais dela a seguir; e Samantha, que ao ser cobrada a comentar do fato se limitou a dizer: “Esquece a Mônica. Ela já pediu desculpas, ela já foi. Não vou ficar apontando o dedo, eu não tenho nem dedo. É tanta gente fazendo merda, gente… Cada um tem que olhar por si”.
O engraçado é que só com Mônica, com quem esteve no ‘Saia Justa’, Samantha teve essa postura. Para os outros, foi tiro à queima roupa. Podemos adjetivar isso como seletividade? A lacração que escolhe a quem alvejar? Quem sabe ela não vá espumar de raiva ao ler essas linhas e sair em suas redes sociais destilando sermões? Marina, que adora sempre ter posturas sobre assuntos contundentes, que adora soltar suas frases lacração em comentários de Instagrans, é outra que esquece que tem um belo telhado de vidro apesar de sempre querer passar a imagem de perfeitinha. A atriz pode até negar, mas quem a conhece sabe como ela é preocupada para que sua imagem seja irretocável, fazendo boas ações públicas e sempre tendo a certeza de divulgar amplamente, como adotar um pet surdo, por exemplo. Mas não é bem assim. Se essa coluna for listar nos últimos três anos as polêmicas em que Marina esteve envolvida, você, caro leitor, ficaria de cabelos em pé. Nós brasileiros temos memória curta, mas pesquisem sobre a tumultuada vida amorosa de Marina: os bafos que aconteceram em bastidores de novela como ‘Império’ e ‘O Sétimo Guardião’; o fim de seus relacionamentos com Klebber Toledo e Xandy Negrão; viagens e festas durante a pandemia… Nem vamos citar o fato dela já ter criticado o presidente da república e agora namorar um apoiador desse mesmo presidente. Enfim, precisamos parar de ter como referência os lacradores seletivos, porque emitir uma opinião com o intuito de ensinar, acrescentar algo positivo ao outro é uma coisa. Agora querer lacrar só para viralizar tendo telhado de vidro… Aí é pedir para receber uma pedrada.