“Esse pai herói nunca existiu”, diz irmã de Pedro Dom sobre a série
Em texto publicado no Facebook, Erika Grandinetti, irmã de Pedro Dom, criticou a forma com que o pai foi retratado na série ‘Dom’, da Amazon Prime Video . Ela comentou que a imagem de ‘herói’ do pai, Luiz Victor Dantas Lomba, na série, não condiz com a verdade. Ela também fez acusações contra o ex-policial.
“Esse pai herói nunca existiu”, disse Erika. “Meu pai cuspia no chão de dentro de casa, era violento. Quando brigava com a minha mãe, ele ‘enquadrava’ ela como se estivesse falando com um estuprador! Este é o Victor Dantas. Toda intimidação e violência que meu irmão praticou foi aprendida com o pai (…) Meu irmão sempre sentiu dor, mas o pai ensinou que homens não choram. (…) Meu pai foi usuário de cocaína, parou de usar depois que eu nasci”, diz ela em um trecho do texto.
A irmã de Pedro afirma que a mãe não autorizou a produção da série e que ela sofre por ter a dor exposta na série. “Imagine que você tem uma ferida, do tamanho das suas costas. Seu ex-marido diz: ‘Olha, vou ganhar dinheiro com as suas dores… E chama mais homens, sozinho ele não iria conseguir, sabem? Que juntos arrancam a casca da sua ferida, e você sangra, de novo, toda sua dor, história de luta, e dói muito. Ou alguém acha que depois de ter seu filho morto, alguém em sã consciência, quer reviver as dores?”, disse.
Confira o texto de Erika Grandinetti na íntegra, que ela chama de “Carta desabafo”:
Se acharem correto, compartilhem. Não ouvem minha mãe! A Mãe de Pedro Machado Lomba Neto, vem a público dizer que desde o início, por volta do ano 2006, não deu autorização, não concorda com a produção da série Dom.
Me chamo Erika, sou irmã mais velha de Pedro Dom. Infelizmente meu papel neste exato momento é muito duro, ter de expor publicamente nosso desespero, vida familiar, dores, e impotências.
Minha mãe, separado de meu pai, desde sempre disse NÃO a esse projeto. Mas, sua voz não foi ouvida… Sua história de vida com seu filho, a morte de seu filho se tornou um produto, pronto pra consumo. Preciso fazer um recorte de gênero neste caso, por quê a voz da mãe foi descartada? Provavelmente por ser mulher.
Vou criar uma imagem mental pra que tudo fique bem claro: Imagine que você tem uma ferida, do tamanho das suas costas. Seu ex marido diz: Olha vou ganhar dinheiro com as suas dores… e chama mais homens, sozinho ele não iria conseguir, sabem?
Que juntos arrancam a casca da sua ferida, e vc sangra, de novo, toda sua dor, história de luta, e dói muito. Ou alguém acha que depois de ter seu filho morto, alguém em sã consciência, quer reviver as dores? Mas como tudo pode piorar, seu ex marido roubou a história da sua vida e contou como se fosse dele. E os dois cúmplices dele aplaudem… Tanto faz, doa a quem doer.
E o único impedimento é essa mulher, mãe, empobrecida financeiramente? Moleza. Grana e prestígio às custas do sofrimento da minha mãe. Sim, porque meu pai nunca internou meu irmão, ao contrário, tirava da internação fazendo cena. Os acessos de fúria eram horríveis, ele espancava nossos cachorros, por aí, e pra bem pior!
Uma pesquisa básica já seria suficiente para saber com quem estavam lidando, mas os outros homens preferiram ‘bater palma pra maluco dançar’, e convenientemente acreditar nas ESTÓRIAS do Victor. Ou alguém acredita que alguém sobe o morro, chega na boca de fumo, armado, diz que é policial e não sai com um tiro no meio da testa?
Você viu?
Ingenuidade? Falta de humanidade, arrogância, prepotência, maldade, crueldade com a minha mãe. E dessa forma o entretenimento que chega para sua família é feito, às custas de muito sofrimento. Por que não se supera esse trauma, sobrevive-se. Tem algo de PODRE no reino da Dinamarca… E te vendem como história de vida!
Você pode me perguntar: mas essa não teria que ser a preocupação do pai? E posso te responder com outra pergunta: Qual a função de uma empresa? Ter pretensões de ganhar o Oscar, só. Danem-se os efeitos colaterais, leia-se aqui: o sofrimento dos que não concordaram.
O ex-policial, expulso da corporação, do esquadrão da morte, está dizendo a verdade. Nós não conseguimos nem ter acesso ao que está escrito, tudo feito em segredo de justiça… na surdina, pelas costas.
A minha mãe foi obrigada a ouvir de uma advogada arrogante, que se acha muito cara pra perder tempo com ela. ganhar o Oscar… grandes planos calcados nas nossas histórias. História de dor, luta, decadência e morte de um filho que foi transformada em entretenimento, de onde ainda purga TANTA dor, mas que não fez nenhuma diferença pro business.
A propósito, o filho do Pedro está em tratamento psiquiátrico para ansiedade e depressão, sendo procurado pela imprensa. Ele só tem 16 anos.
Meu pai cuspia no chão de dentro de casa, era violento, quando brigava com a minha mãe ‘enquadrava’ ela como se estivesse falando com um estuprador! Este é o Victor Dantas. Toda intimidação e violência que meu irmão praticou foi aprendida com o pai. Esse pai herói nunca existiu. Meu irmão sempre sentiu dor, mas o pai ensinou que homens não choram.
Ficamos sujeitas a ouvir, por exemplo, que havia certa permissividade da família com os erros do Pedro. Bem, não tem nem coerência uma vez que nós o internamos 7 vezes.
Mulheres, contem suas histórias de vida, pq estamos sujeitas a termos nossas vidas viradas de cabeça para baixo, por ambiciosos, egocêntricos, megalomaníacos, que lucram com as nossas tragédias, não nos ouvem e se acham no direito de fazê-lo, com toda tranquilidade do mundo. Ou vocês já viram homem em fila de presídio?
Meu pai nunca deu pensão alimentícia pros filhos, minha mãe trabalhou feito burro de carga pra nos manter. Quando se separavam, minha mãe sempre saia de casa com os filhos, a casa era da família dele.
Meu pai? Ironicamente está morto, e não vai usufruir do momento célebre. Morreu de câncer do pulmão. Meu pai foi usuário de cocaína, parou de usar depois que eu nasci.
Quem acorrentou o filho de desespero foi ela, quem subia até a boca de fumo era ela, quem internou foi ela, e tudo o mais. E ele sabia sim que o filho estava sequestrado, não deu um tostão. E no dia da morte do filho se apresentou pros holofotes dizendo ter uma ONG para ajudar drogados, que nunca existiu. Maquiavélico…
Mas seus sócios estão aí, usufruindo… Devem trocar o carrão, viajar pra New York, essas coisas, sabe? A mãe de Dom? Essa sobrevive com uma pensão de aposentada, e conta com ajuda da família pra chegar ao fim do mês. E essa grana toda não passa nem perto do filho dele… não sabemos, eu e minha mãe, nada sobre o acordo financeiro. Pelo menos pra saber quanto vale o show.
Mulheres, cancelem essa porcaria! Não demandem a segunda temporada. Exemplos totalmente fora da realidade. Para reescrever a história do ex policial, para humanizar o ladrão, que nunca pediu para ser humanizado, principalmente às custas do sofrimento de quem nunca o abandonou, estão ‘escarnando’ a minha mãe viva.
Não fala nada de verdade, tudinho para inglês ver. Vamos ler que educa, aguça o senso crítico. Mas bora escolher boas autoras, chega de ver pelos olhos dos homens. Nem todos valem a leitura. Alguns precisam saber que nem tudo que se deseja é justo, e que não se trata mães sofridas de modo cruel. Esse vídeo é coagido! Ah! Usem a fechadura doberman, meu irmão me ensinou, e estou virando o feitiço contra o feiticeiro”, disse.