Plano para acabar com atropelamentos de tamanduás é coordenado pela Unesp Botucatu
O plano para acabar com atropelamentos de tamanduás é coordenado pela Unesp, através do Instituto de Biociências (IBB), que através de seu diretor, professor Luiz Fernando Rolim, coordenou na tarde desta quinta-feira, 15, uma nova reunião sobre os atropelamentos de tamanduás-bandeira na Rodovia Gastão Dal Farra. Foram discutidas ações que irão compor um plano integrado com o objetivo de solucionar o problema no curto, médio e longo prazo.
O primeiro passo será dado nesta sexta-feira, 16, a partir das 14h30, quando ocorrerá uma visita técnica ao local, com a presença de pesquisadores do IBB/Unesp, representantes da Prefeitura Municipal e técnicos da concessionária Rodovias do Tietê – responsável pela administração da Gastão Dal Farra. A proposta é avaliar o melhor ponto da rodovia para a colocação de lombadas, com sinalização e iluminação adequadas, o que será feito pela concessionária em parceria com o Executivo Municipal. Essa medida visa inibir o tráfego de veículos em alta velocidade nas proximidades do acesso ao bairro rural Demétria, onde o limite é de 60 km/h.
Outro encaminhamento definido durante a reunião foi que serão realizados estudos técnicos, com apoio do IBB/Unesp e a participação da Rodovias do Tietê, para que seja avaliada a instalação de alambrados às margens da rodovia. O projeto também deverá prever a implantação de um túnel de passagem de fauna, por onde os tamanduás e outros animais poderão locomover-se, cruzando a via, sem o risco de serem atropelados.
Por fim, com o grupo SOS Cerrado Botucatu, que terá apoio da Prefeitura de Botucatu e concessionária Rodovias do Tietê, serão desenvolvidas campanhas de conscientização para sensibilizar a população sobre a necessidade de respeitar o limite de velocidade na Rodovia Gastão Dal Farra. Esse será um trabalho desenvolvido em longo prazo, inclusive com a proposta de se tornar uma das ações que poderão compor um projeto de extensão do IBB/Unesp.
O encontro desta quinta-feira contou com a presença do prefeito de Botucatu, Mário Pardini; o secretário Municipal do Verde, Fillipe Martins; o diretor presidente da concessionária Rodovias do Tietê, Emerson Luiz Bittar e outros técnicos da empresa; o vereador Palhinha, presidente da Câmara Municipal de Botucatu; o vereador Lelo Pagani; além de representantes das SOS Cerrado Botucatu e Liga do Bem.
Números alarmantes – Segundo dados apresentados pelo diretor-presidente da Rodovias do Tietê, Emerson Bittar, em 12 anos de concessão da empresa na Rodovia Gastão Dal Farra, foram realizados apenas 16 atropelamentos de animais. No entanto, somente entre os anos de 2020 e 2021 foram registrados acidentes envolvendo 8 tamanduás-bandeiras.
Fauna ameaçada – No início do encontro, o professor Felipe Amorim, biólogo e professor de Ecologia do IBB/Unesp, fez uma breve apresentação sobre todo o contexto que envolve, em Botucatu, o atropelamento dos tamanduás-bandeira – espécie ameaçada de extinção no Brasil. Em sua fala, o especialista lembrou que o município tem uma região onde o Cerrado e a Mata Atlântica se encontram. Amorim também mencionou que Cuesta, onde está Botucatu, é fundamental, por exemplo, para a recarga do Aquífero Guarani, uma das maiores reservas de água subterrânea do mundo.
“Os tamanduás-bandeira são importantes predadores de formigas e controlam a densidade do inseto, que é responsável por remover boa parte da biomassa vegetal que compõe o Cerrado. Esse é apenas um dos motivos pelos quais devemos preservar essa espécie de mamífero”, disse o professor Amorim.
O pesquisador citou o crescimento populacional na região da cidade onde têm ocorrido os acidentes com os tamanduás, além do excesso de velocidade dos veículos que trafegam pela via, e também as intervenções nas áreas adjacentes. Mencionou que esses eventos coincidem com a fuga dos animais para as margens da rodovia como resultado da perda de seu habitat.
Por Leandro Rocha (Assessoria de Comunicação do IBB)
Edição Renato Fernandes