Projeto Rentabilidade no Meio Rural apresenta resultados recordes
A 2ª live do Projeto Rentabilidade no Meio Rural, promovida pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) nesta semana (10/08), apresentou os resultados das principais cadeias produtivas de Mato Grosso. A live encerrou o sexto ano do projeto em Mato Grosso, com a produção recorde de treze sistemas abordados: soja, milho, algodão, cria, recria, engorda, ciclo completo, suinocultura, eucalipto, piscicultura, cana-de-açúcar, gergelim e sistemas integrados.
A responsável pela rentabilidade da agricultura no Imea, Milena Habeck, mostrou dados das culturas de soja, milho e algodão nas últimas safras 20/21 e 21/22 que apresentaram os maiores custos de produção. A safra 20/21 é uma consolidação dos números apresentados pelo Imea e para a safra 21/22 foram divulgadas as estimativas.
Milena reforçou que o custo é operacional total, puxado principalmente pelo custeio agrícola que envolve insumos, mão de obra, operações mecanizadas, entre outros. No último ano, o grande aumento foi no custo com insumos, principalmente pela valorização do dólar, visto que os produtos agrícolas são, a maioria, importados e cotados em dólar.
Quando observado o custo, o maior aumento foi no algodão em que grande parte dos insumos são importados. Apesar da alta nos custos, os lajidas (lucro antes dos juros, imposto de renda, depreciação e amortização) foram os maiores em toda a série histórica do Imea. Para as culturas de soja e milho foi observada alta da safra 21/22 ante a 20/21.
O algodão, ao contrário das culturas de soja e milho, apresentou um lajida menor, porém a estimativa menor é da 21/22 e a maior na safra 19/20. Apesar de ser menor lajida para o produtor de algodão, ele ainda está sendo maior que as safras anteriores (18/19) e, ainda assim, é maior que da soja e milho, podendo afirmar que é mais lucrativo.
A safra 20/21 de milho que ainda está sendo colhida e a de soja já colhida foram as mais lucrativas levando em consideração os últimos cinco anos. Mas a próxima safra já se desenha como sendo menos lucrativa, embora os preços ainda estejam atrativos.
“Nesta safra houve aumento do custo de produção para as culturas de algodão, soja e milho. A safra atual teve os insumos comprados a preços mais baixos, com melhor relação de troca, com isso a próxima safra tende a ser menos lucrativa em decorrência dessa inversão, lembrando que ainda não está consolidada”, contribuiu o responsável pela rentabilidade dos sistemas integrados do Imea, Miqueias Michetti.
Em se tratando do algodão, Milena ressaltou que a safra mais lucrativa foi a 19/20 e que a 20/21 que está sendo colhida é a segunda mais lucrativa. A estimativa para a 21/22 será menos lucrativa que as anteriores.
Pecuária – Na pecuária o destaque vai para a rentabilidade da cria, que se trata de um sistema produtivo que por muitos anos foi discriminado em Mato Grosso. No entanto, é um sistema que desde o ano de 2020, devido ao aumento do preço do bezerro, o produtor rural tem tido uma rentabilidade favorável. Inclusive tem se destacado no sistema pecuário, entre cria, recria e engorda, confinamento e ciclo completo como os mais rentáveis.
De acordo com o responsável pela rentabilidade da pecuária no instituto, Emanuel Salgado, o preço do milho tem impactado bastante na pecuária de leite e, principalmente, na suinocultura, tendo em vista que o cereal é usado na fabricação da ração. O que se torna um ponto de atenção para o produtor, já que reflete diretamente no custo de produção. Na pecuária de leite, o produtor tem conseguido uma melhor margem devido à valorização no preço do leite.
Outras culturas e Sistemas Integrados – O estudo do Imea vem para quebrar a dicotomia entre área para pecuária e área para agricultura, tendo em vista que o produtor de Mato Grosso tem tecnologia e possibilidades de trabalhar com as duas culturas na mesma área.
O projeto Rentabilidade no Meio Rural inova nesse sentido, trazendo a tecnologia e mostrando a rentabilidade. Os sistemas integrados têm uma rentabilidade compatível com os sistemas de lavoura, tão lucrativos quanto, e com um apelo de sustentabilidade maior. É um sistema que acaba produzindo mais por área e por isso se torna mais rentável. “Não que ele seja um sistema orgânico ou de baixa emissão, a questão é a quantidade que consegue produzir por unidade de área que é mais intensiva”, explicou Miqueias Michetti.
Em relação às outras culturas, como o gergelim e os sistemas integrados (lavoura e pecuária), elas estão vindo fazer parte do hall de atividades de Mato Grosso ampliando a possibilidade de cultivo de segunda safra, ou até mesmo de primeira safra, ampliando o horizonte do produtor para aumentar a rentabilidade na sua área com diversificação de culturas.
O evento contou com a participação online do diretor do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT), Guto Zanata, do gestor de Inteligência de Mercado do Imea, Cleiton Gauer, do chefe geral da Embrapa Agrossilvipastoril, Austeclínio Lopes de Farias Neto, e do economista da Embrapa, Júlio César dos Reis. A mediação ficou por conta da coordenadora de Desenvolvimento Regional do Imea, Vanessa Gasch.
Rentabilidade no Meio Rural – É realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) e Embrapa Agrossilvipastoril. O projeto concentra a elaboração de estudos de viabilidade técnica e econômica de diferentes modelos e sistemas de produção. Desde 2013, o projeto atua nas propriedades rurais chamadas de Unidades de Referência Tecnológica e Econômica (URTE´s) localizadas em diversas regiões de Mato Grosso.