Mude o mundo como uma menina: “O voluntariado pode se se tornar uma profissão”
Divulgar conhecimento sobre desenvolvimento sustentável e humanizado a jovens vulneráveis do Nordeste do Brasil. O sonho da estudante Sabrina Cabral, de 23 anos, se tornou realidade com o desenvolvimento do aplicativo “Vou de Ruma”, que leva mais informações sobre sustentabilidade e liderança nas áreas da ciência, tecnologia, engenharia e matemática para regiões em que já pouco acesso.
Com o projeto, a estudante de engenharia civil da Universidade Federal do Ceará foi foi vencedora do prêmio “Mude o Mundo como Uma Menina”. A premiação de 2021 acontece no sábado, 23 de outubro, é realizada pela organização Força Meninas e será transmitida pelo Youtube e Facebook. A ideia é premiar jovens de 13 a 22 anos que tenham projetos de impacto social, fomentando a discussão de igualdade de gêneros. Pelo Ruma, Cabral também foi aprovada em um programa do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que tem parceria com a organização Força Meninas.
Em entrevista ao Delas, a estudante contou que o nome Ruma é uma expressão do Ceará para designar um grupo de objetos, pessoas ou características. “A Ruma é isso, para a gente agrupar uma comunidade forte que desenvolva cidades sustentáveis a partir do ativismo, liderança e protagonismo de jovens para ocupar esses espaços”, diz Cabral. O projeto Ruma já ajudou cerca de 500 pessoas, a maioria meninas.
“O propósito da Ruma é emponderar líderes sustentáveis do Nordeste do Brasil. Eu sou de Fortaleza, no Ceará, estudei em escola pública, sou uma jovem periférica e passei por diversos programas para conseguir obter uma oportunidade na área sustentável. Falar sobre crise climática, problemas comunitários e liderança social é algo que não chega (as comunidades). Vi nisso uma necessidade de compartilhar o que aprendi”, diz.
Cabral explica que a vontade de fazer o projeto e transformar em um empreendedorismo foi devido à experiência como líder de voluntariado. “Eu aprendi que o voluntariado pode se profissionalizar, se tornar uma profissão, se tornar uma carreira”.
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Com a bolsa conquistada na MIT, Cabral conseguiu investir em custos iniciais do projeto, equipamentos de produção de conteúdo, além de transporte e alimentação. Agora, ela pretende seguir expandindo o aplicativo para todo o Brasil e busca, no primeiro momento, voluntários para construir o time do projeto.
Apoio e investimento na Educação
Por ter sido aluna do ensino público, Cabral conta que sempre teve interesse pela área da pesquisa, mas que era algo abstrato. O caminho até a Ruma foi feito voluntariamente na universidade, mas como jovem de baixa renda, encontrar uma forma de obter o sustento foi necessário. É o que ela segue fazendo.
“Eu sou bolsista em um programa da prefeitura da minha cidade que se chama ‘Bolsa Jovem’, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento. Ele provê um valor para mim, como jovem de baixa renda para poder investir nessa carreira, para poder tocar esses projetos. Se não fosse isso, talvez eu tivesse desistido. A Ruma veio com essa proposta de que outros jovens não desistam desse tipo de carreira, que eles possam tentar e continuar trilhando essa carreira”, diz.
Participar de programas que incentivam a educação e pesquisas de jovens é uma forma que essas pesquisadoras encontram de receber suporte para seguir com seus projetos. “Eu encontrei no governo local da minha cidade, desde apoio psicológico a um centro de juventude presencial e online, no qual a gente podia fazer atividades e cursos, essa bolsa que eu recebo do governo municipal também, essas atividades me fizeram não desistir”, relembra.
O apoio dos familiares também é importante. Cabral conta que ela é a primeira geração em casa a estudar integralmente e conseguir se dedicar mais a educação. Além da família, a estudante também tem contato com pessoas com os mesmos objetivos, então o apoio e suporte é muito grande. “Quando a minoria se junta para fazer essas pequenas e grandes revoluções a gente tem uma mudança social muito grande”, completa.