‘Eu não conhecia minha propriedade’, diz produtor após primeiro ano de AgroNordeste
Com mais de 30 anos de experiência e uma lida diária com a fazenda, Valdir Ferreira de Aquino não tem receio em dizer que iniciou nos últimos meses uma nova e importante etapa na história do seu empreendimento rural. Produtor de leite atendido pelo ATeG AgroNordeste em Japonvar, ele viu a produção ser transformada no último ano, garantindo sustentabilidade para o negócio.
“Eu trabalhava da maneira que aprendi com meus pais. Tinha vaca boa, mas não sabia tratar, manejar. Quando ia comprar sementes só olhava o valor e não a qualidade. Eu achava que a coisa bem feita ficava cara, não trabalhava com análise de solo, adubação e controle de gastos. A rotina mudou depois da assistência técnica. Eu não conhecia minha propriedade”.
Com oito vacas em lactação, ele atingiu média de 120 litros/dia de leite com os animais, aumentando o rendimento e produção a partir de novas técnicas aplicadas na rotina da fazenda. “A média era bem menor. Eu dizia que trabalhava na roça, mas não tirava sustento dela. Hoje tiro todo sustento da fazenda. Eu mexia com comércio e marcenaria. Parei para me dedicar à produção de leite”, relembrou Valdir.
Balanço positivo
O produtor é um dos 25 assistidos pelo Programa que participou da reunião de benchmarking, onde foi apresentado o balanço do primeiro ano de assistência técnica. Segundo o técnico responsável por Japonvar, Fabrício Maurílio Ruas, juntando todos os produtores, foram produzidos mais de 648 mil litros de leite no ano, gerando uma receita de mais de R$ 1.400.000,00.
“Analisando o compilado dos dados, observamos que os produtores já apresentam grandes evoluções e se sentem mais motivados após o ATeG. Tivemos produtor que passou de 40 litros para próximo de 200 litros por dia de leite. Muitos deles passaram a ter tanque próprio, outros modernizaram com a construção e instalação de sala de ordenha, o que simboliza o crescimento. A maioria também aumentou a área de produção, passou a acreditar mais na atividade. Eles ‘organizaram a casa’ e passaram a acreditar”.
“Nesta primeira fase preocupamos com a comida, aplicando técnicas para adubação do solo na produção do volumoso, instruindo o uso de uma mineralização de melhor qualidade, que ajuda no melhor rendimento e reprodução do rebanho. No início, muitos produtores tinham problemas com a falta de água, chegando a perder animais. Agora eles conseguiram ajustar, para não sentir tanto impacto. Na próxima etapa vamos trabalhar a qualidade dos animais, para uma melhoria da genética do rebanho”, explicou Fabrício.
Para o gerente regional do Sistema FAEMG/SENAR/INAES em Montes Claros, Dirceu Martins, o balanço das atividades é importante para avaliar e seguir em crescimento. “O benchmarking é uma oportunidade para avaliar o planejamento estratégico que foi feito e programar os próximos passos, para ao final da assistência o produtor alcançar os objetivos na melhoria técnica da sua propriedade”.
“Se não fosse a ATeG, eu já tinha desistido. Hoje, sem resultados, não dá para ficar na atividade. Eu fico chateado quando vejo alguém fazendo o curso e não aproveitando os novos conhecimentos. O aprendizado que consegui até aqui foi muito bom, não vou esquecer nunca mais. Agora é buscar melhorar ainda mais a propriedade. É muito trabalho, mas fazendo tudo certo o resultado vem”, finalizou Valdir Ferreira.
AgroNordeste
O AgroNordeste é um projeto do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), através da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) e em parceria com o Sistema CNA/SENAR, leva assistência técnica e gerencial a propriedades do semiárido no Nordeste e em Minas Gerais.
O programa atende oito cadeias nas regionais de Araçuaí e Montes Claros: Apicultura, Avicultura, Cafeicultura, Fruticultura, Olericultura, Bovinocultura de Corte e Leite e Piscicultura.