Podcaster é atacada por abrir vagas só para minorias
O que foi feito com o intuito de ser uma vaga de inclusão para minorias sociais virou um tumulto no Twitter. A podcaster Déia Freitas, do podcast “Não Inviabilize”, abriu uma vaga de emprego exclusiva para mulher negras, pardas, indígenas e trans e divulgou a oportunidade na segunda-feira (10), mas recebeu diversos ataques de pessoas que acharam as especificações injustas.
Déia, que é uma mulher negra, publicou em um tweet a oportunidade para assistente de roteiro, em contrato de 4 meses e com o ganho mensal de R$ 5 mil + R$ 2 mil de bônus no final do contrato. Imediatamente, pessoas se sentiram incomodadas por não poderem concorrer à ocupação — ou com o sucesso do podcast — e começaram a atacar a podcaster.
ASSISTENTE DE ROTEIRO Contrato de 4 meses: 22 mil reais. Sendo 5 mil reais por mês + 2 mil reais de bônus no final do contrato. Link para leitura em PDF. https://t.co/u3OuU63xZ9 (reparem no email que criei kkkkkk NAO INVIABILIZE A VAGA @ GMAIL COM 😆❤️ pic.twitter.com/JM9eEL1yA1
— Déia Freitas (@NaoInviabilize) January 10, 2022
Em uma conversa entre dois usuários da rede sociais, eles a acusam de trabalhar, na verdade, para um homem, ser “laranja” (pessoa que é utilizada para ocultar informações de origem ilícita) e também questionaram como ela conseguiu tanta renda com a produção. “Imagina a grana que esse podcast tá ganhando contando histórias alheias? E o povo envia as histórias de grátis, rs”, “não é possível que ela lucre com histórias que recebe de graça”, disse uma internauta.
A @amoranan e o @siga_me estão espalhando várias mentiras sobre mim, inclusive que eu SOU LARANJA e o podcast é de um homem rs e que eu tenho inúmeros processos etc! Um monte de mentiras descabidas aí pra todo mundo ver! O sucesso do podcast tá incomodando nesse nível aqui ó: pic.twitter.com/Wn6NmXUSXL
— Déia Freitas (@NaoInviabilize) January 10, 2022
“Imagine quando descobrirem que o dono do canal é um homem e que estão negociando com a primeira mulher que ele começou explorando”, “A andreia é só a cara. A laranja. Testa de ferro. Chame como quiser”, acusou outro internauta. Déia respondeu as acusações e disse que estão espalhando mentiras sobre ela. “Todo mundo que trabalha comigo ganha nessa faixa ou mais. (…) Daí posto uma vaga com um valor ok de mercado e sou chamada de bandida que mexe com coisa errada”, disse.
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Agora vamos concordar que é curioso que liguem o meu destaque profissional a coisas ilícitas e me pintem automaticamente como uma pessoa pouco confiável, uma bandida, uma estelionatária, no momento que tô ganhando dinheiro e fazendo esse dinheiro circular, isso é né? Reflitam…
— Déia Freitas (@NaoInviabilize) January 11, 2022
Déia afirmou que paga todos os impostos em dia e que “nem fora da faixa atravessa” para vir gente achar que ela é bandida. Ela ainda ressaltou que muitas pessoas brancas estavam se candidatando para a vaga, mesmo que ela seja exclusiva de pretas e indígenas. “Eu tô no Twitter há 13 anos e é sempre a mesma turma incomodada com o meu engajamento”, contou.
A @NaoInviabilize tá sendo atacada por PAGAR DE FORMA JUSTA um(a) profissional que está contratando. Não gostar é do jogo, mas isso aí não é não. https://t.co/dGXWyTCS9y
— Felipe Lobo (@felipelobo) January 10, 2022
Vários internautas saíram em defesa da podcaster e ressaltaram que se ela fosse uma mulher branca, não estaria sofrendo a onda de ódio e questionamentos. “Se a Déia fosse branca, seria aplaudida por construir do zero um podcast que paga tão bem a quem trabalha nele. Sendo uma mulher preta, a acusam exatamente por isso”, disse um usuário. “Uma mulher negra não pode ser bem sucedida, se for é porque tem homem por trás e ela é só fachada. Conseguem entender a perversidade nessas acusações?”, disse outra.
Pra quem não entendeu o que a Helena e jeferson disse, vou traduzir aqui: “Cinco mil reais por mês é muito dinheiro pra uma mulher preta, uma mulher indígena e uma travesti Deia deveria pagar 50 reais de freela pra essas pessoas… seria mais justo” https://t.co/7v6940K2qJ
— A 🌱Mari 🏹 que vende piroca (@bikedebigode) January 10, 2022
O iG Delas tentou contato com Déia Freitas, mas não conseguiu retorno até o momento.