Matheus MAD enaltece talento do também humorista Porchat: “Inspiração”
Com 23 anos e nove de carreira, Matheus MAD é ator, comediante, roteirista, produtor e, agora, empreendedor. Isso porque, em setembro do ano passado, inaugurou a Casa da Comédia Carioca, onde, até o momento, mais de duas mil pessoas assistiram a shows de stand-up comedy de nomes como Helio de La Peña, ex-integrante do “Casseta & Planeta”, e Fabio Porchat.
Por falar no comandante do “Que História É Essa, Porchat?”, uma curiosidade: é um dos chefes de MAD. É que, em 2019, o multifacetado artista entrou para a redação do badalado “Porta dos Fundos”, onde trabalha desde então. Só para se ter ideia do poder: seus escritos somam mais de 35 milhões de visualizações.
Engana-se, porém, quem pensa que as novidades param por aí! A fim de saber mais sobre essa e outras experiências, como a atuação na terceira temporada da série “Pink Amor de Verão”, da Amazon Prime Video, Matheus topou conversar com o iG Gente. Confira os melhores momentos na íntegra!
1. Como você começou e por que escolheu ir para o humor?
Desde pequeno, fazia aulas de teatro com a minha mãe e foi lá que conheci o gênero. Sempre fui fã de programas e filmes de comédia. Gostava muito de escrever e me divertia assistindo a coisas engraçadas na televisão. Até que, um dia, acompanhando o extinto “É Tudo Improviso”, na Band, vi o Marco Luque contando piadas de cara limpa. Ali descobri o stand-up comedy. Eu me apaixonei por fazer as pessoas rirem e percebi que era o que desejava para mim.
2. Quais as suas inspirações?
A primeira de todas é a minha mãe. Por ser atriz e diretora de teatro, ela me ensinou tudo que sei sobre interpretação. Quando criança, fazia as peças dela e participava de suas aulas. Se não fosse isso, talvez não estaria onde estou. Depois vêm outras grandes influências do meio, que são Fabio Porchat (sem querer puxar o saco do chefe, mas, se rolar um aumento, tudo bem também), Rafinha Bastos, Afonso Padilha e Rafael Portugal. Acho esses quatro geniais e creio que eles moldaram o jeito de eu fazer humor e vê-lo em vários momentos da minha vida.
3. O que tira o seu humor e o que faz você rir?
O que tira, com certeza, é a burocracia da fase adulta. Ligar para operadora, cancelar cartão, dar entrada em alguma documentação, agendar a NET para vir em casa. A vida e as coisas são fáceis, mas as pessoas complicam. Já o que me faz rir são os meus amigos. Não tem nada mais engraçado do que as conversas bobas, as histórias malucas, os perrengues, tudo. Eles me dão muito material para piada, inclusive.
4. O humor tem limite?
Costumo dizer que isso é estabelecido pela risada. Se a pessoa não riu, não é porque necessariamente não haja graça naquela piada ou texto, mas alguma coisa, de fato, está errada. No caminho, ele pode te fazer chorar, refletir, protestar, denunciar, mas, no final, se você não sorrir, não há humor. Por fim, acho que não devemos estabelecer uma limitação, porque é um gênero literário, assim como o drama, o terror, e outros.
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5. Por ser jovem, você chega a enfrentar questões de credibilidade pelo que faz?
Muitas (risos). Fui desrespeitado várias vezes e já vi meu trabalho sendo diminuído por não aparentar ter experiência. Ironicamente, nunca sofri isso com humoristas e comediantes, mas, sim, com diretores e produtores. Alguns valorizam mais a idade, o curso profissionalizante ou o ator famoso que te deu workshop do que o talento de fato.
6. Você faz parte do corpo de roteiristas do “Porta dos Fundos”, que é um grande sucesso. Fale um pouco sobre esse trabalho.
É viver um sonho. Sempre entendi o “Porta dos Fundos” como um espaço de liberdade em relação ao humor, acolhedor e principalmente de genialidade, não só dos sócios, mas também da equipe de roteiro, direção, arte, atores, redes etc. E, quando entrei de fato, vi que não estava errado. Para mim, é um aprendizado diário e é também conviver com pessoas de quem sou fã, mas ainda não sei agir normalmente quando estou perto (risos).
7. Você já escreveu para vários canais de humor. Como avalia o retorno que esse espaço oferece para quem está começando?
Acho que a internet foi responsável por muitas coisas na nossa modernidade. Boas e ruins, né? (risos). Mas, hoje, é o principal meio de divulgação do seu trabalho e tem se transformado em uma grande rede de networking. Uma plataforma que dá possibilidades para ser independente, o que é ótimo. Ninguém precisa mais de um palco, de um produtor, de uma grana para bancar um teatro; basta usar a rede para promover sua arte. Acho que é um espaço bom e que deve ser reconhecido, sim, mas não singularizado. Vejo um movimento do público de valorização somente do artista que tem engajamento, quando, na verdade, o importante é o seu talento, e não quantos seguidores você tem.
8. Como surgiu a ideia de abrir a Casa da Comédia Carioca e como tem sido o retorno do público?
Sempre gostei de fazer o que faço, mas via que, no Rio, ocasionalmente, não era valorizado, nem havia espaços especializados como os que existem, por exemplo, em São Paulo. Quando tive a oportunidade de poder finalmente investir numa casa dessas, não pensei duas vezes. A plateia tem adorado, mas a pandemia segue atrapalhando um pouco. Porém, do nosso lado, continuamos com o cuidado, com a obrigatoriedade do uso de máscara e com a apresentação da caderneta de vacinação. Durante os shows, os espectadores mantêm os protocolos de segurança exigidos, e o espetáculo acontece normalmente e de forma muito boa!
9. Você começou uma temporada de shows recentemente. Fale um pouco mais.
O local funciona de sexta a domingo, com duas sessões. Durante o mês de fevereiro, vamos ter o stand-up da Casa, em que terá apresentações minhas e de mais um humorista convidado. O projeto tem a ideia de levar ao público nomes já renomados dos cenários, como Claudio Torres Gonzaga, que esteve conosco no dia 13, Isaú Junior, no dia 12, e novatos como Yas Fiorelo, que vai estar no dia 19. Então, se a pessoa quiser ir com frequência, verá sempre um espetáculo diferente.
10. Muitos humoristas estão indo para a televisão, inclusive para as novelas. Você tem planos para isso? Aliás, quais os próximos passos?
Gostaria muito de trabalhar na TV como ator ou autor e poder viver essa experiência. Hoje em dia, estou tendo a oportunidade de conhecer mais gente e mostrar o que faço. Além disso, envolvido na elaboração de um roteiro de um longa para os cinemas e de dois projetos para plataformas de streaming. Um deles é uma série minha, com texto e redação final feitos por mim, que está em negociação e se chama “Apartamento 702”. Fora dos vídeos, no meio do ano, vou lançar meu novo show solo, chamado “Desordem”. E sigo atuando na Casa da Comédia Carioca.