Bolsa cai 10,1% em abril e tem pior mês desde março de 2020
A turbulência no mercado externo fez a bolsa cair pela primeira vez após duas altas seguidas e fechar abril com a maior queda desde o início da pandemia de covid-19, em março de 2020. O dólar começou o dia em forte baixa, mas a deterioração do mercado internacional fez a moeda inverter o movimento e encerrar o dia praticamente estável, com leve alta.
O índice Ibovespa, da B3, fechou esta sexta-feira (29) aos 107.876 pontos, com queda de 1,86%. O indicador iniciou o dia com forte alta, chegando a subir 1,7% por volta das 11h e aproximando-se dos 112 mil pontos. O clima, no entanto, mudou no início da tarde, à medida que dados negativos das bolsas norte-americanas influenciaram as negociações em todo o planeta.
Com o desempenho de hoje, a bolsa encerrou abril com queda de 10,1%, o pior resultado mensal desde março de 2020. O Ibovespa está no menor nível desde 18 de janeiro. Em 2022, o indicador ainda acumula alta de 2,91%.
Dados ruins da gigante do varejo Amazon, que lucrou menos que o esperado por causa da inflação nos Estados Unidos, fizeram as bolsas norte-americanas ter as maiores perdas diárias desde 2020. O índice S&P 500, das 500 maiores empresas, caiu 3,63%. O Dow Jones, das empresas industriais, perdeu 2,77%. O Nasdaq, das empresas de tecnologia, recuou 4,17%.
O dólar também teve um dia de volatilidade, mas os juros altos no Brasil conseguiram evitar uma alta maior da divisa. O dólar comercial fechou o dia vendido a R$ 4,943, com leve alta de 0,06%. Durante a manhã, a moeda operou em forte baixa, chegando a cair para R$ 4,86 pouco antes das 10h, mas passou a subir influenciada pelo mercado externo.
A moeda norte-americana fechou abril com alta de 3,81%, a maior alta em sete meses. Em 2022, a divisa acumula queda de 11,36%. O mês de abril tinha começado de forma otimista para o câmbio. Em 4 de abril, a cotação do dólar chegou a R$ 4,608, no menor nível desde 4 de março de 2020, uma semana antes de a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar a pandemia de covid-19.
Desde o dia 22, vários fatores têm empurrado o dólar para cima. A alta da inflação nos Estados Unidos, que está no maior nível em 40 anos, reforçou as expectativas de que o Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano) aumente os juros mais que o previsto. Taxas altas em economias avançadas estimulam a fuga de capitais de países emergentes, como o Brasil.
Em segundo lugar, o agravamento das medidas de lockdown na China provocou a desaceleração da segunda maior economia do planeta. A expectativa de que o país asiático compre menos commodities (bens primários com cotação internacional) pressionou para baixo os preços de produtos agrícolas e minerais, mas esses itens voltaram a se valorizar nos últimos dias após a China amenizar as medidas de restrição social na principal região produtora de aço do país.
* Com informações da Reuters
Edição: Fábio Massalli