Turismo Rural: Conheça o Alex, que mudou uma cidade com conhecimento
Alex Garcia, hoje com 19 anos, está no caminho do sucesso. Mas, para isso, além de começar cedo, precisou muitas vezes recomeçar. Desde os 13 se interessava e dava um jeito de participar da organização de eventos em sua cidade, Santa Bárbara do Tugúrio, que fica a cerca de 30 km de Barbacena, no Campo das Vertentes. Com o início da pandemia, viu esse setor perder espaço e precisou se reinventar. À época com 17 anos, havia criado há pouco tempo uma página no Instagram sobre sua cidade, para divulgar as trilhas e cachoeiras que frequentava e que eram praticamente desconhecidas. Com a ajuda de um colega, começou a ganhar seguidores. “A gente fazia trilha e procurava cachoeiras, tirava fotos e à noite postava. Então começamos a levar as pessoas. Eu nunca tinha pensado em ser guia. Levei umas seis pessoas, sem saber nada de turismo”.
Com o Sistema FAEMG, o Alex fez os cursos de Turismo Rural e de Condutor de Trilhas, a partir de então, teve o suporte e o ensino que precisava “O SENAR mudou minha vida. Eu fiz o curso e sinto que hoje sou muito mais capacitado. Fico muito feliz, pois adquiri conhecimento técnico, que pude aliar com o conhecimento do meu terreno, da minha região. Conhecer a região como a palma da sua mão, a comida, a cultura, os locais aonde você vai, o que pode ser aproveitado, isso é muito importante. Conhecimento é tudo”. Logo em seguida ele já começou a implementar mudanças. Além de adotar uma nova postura profissional, já começou uma reforma em sua casa, para poder receber turistas e servir o famoso cafezinho mineiro, coado na hora. “Senti muita diferença, na hora de me apresentar para os grupos, falar sobre os roteiros, da cidade, da cultura, das pessoas locais. Eu entrei de uma forma no curso, e saí de outra, com novos olhares”.
Foi através da página que recebeu o primeiro contato importante, de um grupo de praticantes de voo livre. “Pouco depois de iniciar como agente de turismo, o pessoal do parapente me procurou. Eles queriam um local para fazer o salto e eu apresentei a Rampa da Penitência. O primeiro voo foi um sucesso, eles curtiram muito e fizemos uma boa amizade. Depois eu comecei a procurar novos pontos de salto e divulgar o voo livre na cidade”, contou Alex.
Oportunidade
Para ele, o ganho financeiro veio como uma consequência. Começou a ser procurado e muitas vezes levava turistas pelas trilhas apenas pela companhia, para conhecer pessoas. Os próprios visitantes incentivaram que ele recebesse pelos serviços de guia, e então ele aproveitou a oportunidade. “O que mais me motiva a trabalhar com o turismo é conhecer pessoas. Fiz muitas amizades, conheci tradições, culturas diferentes”. Ele percebeu que, mesmo durante a pandemia, poderiam existir maneiras novas e prazerosas de gerar renda. “Pessoas de cada vez mais longe começaram a procurar a cidade para fazer visitas. Procuravam lugares menos movimentados, pois queriam fugir das aglomerações”.
Em 2020 surgiu a ideia que fez a cidade entrar de vez na rota turística, inspirada em uma foto que o Alex viu nas redes sociais. Nela, havia um balanço em um local muito alto, e ele decidiu recriar a ideia lá em cima, na Rampa da Penitência. “Já era um local que eu e meu irmão acampávamos desde criança. A gente passou o dia montando o balanço, fincando as estacas, passando as correntes”. Não precisou de mais do que um pôr-do-sol para a nova atração chamar atenção. Depois de postar apenas uma foto do fim daquele dia, houve grande procura, e o local passou a ser frequentado por centenas de pessoas. “Chegou a ficar muito cheio, o que era bom e ruim. A gente saía às 6 da manhã e já tinham 100 pessoas querendo ir na rampa. Chegamos a ter 600 visitantes no dia”.
A partir disso, diversas agências de viagens de cidades próximas passaram a procurar o Alex. Ele então passou a vender seus serviços para cidades como Barbacena, Juiz de Fora e Ubá. “Aí conheci a galera do rapel, fiz as revoadas, que são eventos de voo livre, investi nas trilhas. Até hoje só eu faço esses caminhos. Quando preciso chamo meus irmãos, alguns amigos. Eu tenho seis pessoas que trabalham comigo de freelancer”. Além de ver retorno financeiro, a população da sua cidade começou a ganhar com o turismo, que movimenta todo o setor, desenvolvendo pessoas e lugares. “É muito bacana, pois não foi só eu que ganhei. As pessoas comem em restaurantes, dormem em pousadas, movimentam os bares da cidade, compram medicamentos, pedem lanche. Eu percebi que, através das minhas ações, a cidade inteira está ganhando”.
A página de Santa Bárbara do Tugúrio no Instagram atualmente tem 12 mil seguidores. Nela é possível conhecer as atrações e eventos realizados na cidade. Também traz informações sobre trilhas, cachoeiras, pacotes e serviços para turismo rural.