Ela, que é formada em artes cênicas pela UNIRIO e tem licenciatura pela Bennett, já tinha exercitado sua veia cômica e mostrado todo o seu potencial no programa “Os Caras de Pau” e no quadro de improvisação de cenas e jogos dentro do “TV Xuxa”. Seu último projeto humorístico foi o “Zorra”, do qual fez parte por cinco anos.
Em relação à atuação no teatro, Patrícia recebeu o prêmio APTR 2010 como melhor atriz em papel coadjuvante, pela peça “As Meninas”, de Maitê Proença e Luiz Carlos Góes, com direção de Amir Haddad, e dirigiu “O Outro Lado”, escrito pela não menos talentosa Vannessa Gerbelli. Já no cinema brilhou no filme “Riscado”, de Gustavo Pizzi.
Soma-se a isso a criação da oficina on-line “Possibilidades Cênicas”, junto de Alexandre Contini, onde grupos de atores e interessados em dramaturgia estudam clássicos. Esse, aliás, é um dos temas do nosso bate-papo exclusivo com a multifacetada artista. Confira os melhores momentos na íntegra!
1. Podemos dizer que você está estreando em novelas, certo? Foi uma escolha pela qual não tinha optado nesses 27 anos de carreira?
Foi. Uma escolha dos produtores (risos). É preciso ter coragem para investir numa comediante para cenas “mais complexas”. Por isso, eu vou sempre agradecer ao Fabio Zambroni por apostar em mim. Ele me acompanha há muitos anos, e é precioso o trabalho que ele faz. Posso me gabar, porque o elenco de “Além da Ilusão” é excelente!
2. Como tem sido participar, aos 49 anos, de um folhetim diário, popular e de grande sucesso?
Um luxo. A oportunidade demorou, mas veio como um desafio profissional que gostei de fazer. Me instigou e me fez querer estudar mais, bem como abrir meu coração. Entrei de alma aberta e só tenho recebido amor em troca — além do salário, é claro (risos).
3. Como é poder se reinventar em um país onde os artistas, muitas vezes, reclamam de ser rotulados?
Essa pergunta tem tudo a ver com a minha carreira televisiva! Comecei no Teatro Amador do Bennett ainda criança. Tenho um prêmio APTR como melhor atriz coadjuvante pela peça “As Meninas”, com direção de Amir Haddad. Dirigi o primeiro espetáculo da Vannessa Gerbelli — “Do Outro Lado”. Também fiz licenciatura, sou professora de artes cênicas. Escrevo e produzo. Já fui bilheteira e camareira. Operei som e montei luz. O humor me abriu muitas portas profissionais. Mas ele não é toda a minha vida profissional. Sou uma artista inquieta. Agora mesmo, estou prestes a lançar um livro.
4. Na vida, Patrícia Pinho é mais bem-humorada ou mais do drama?
Bem-humorada. Mas, se o assunto vai para a política brasileira e o descaso da nossa população, aumento da miséria e da fome e qualquer forma de violência ou crueldade, eu fico bem mal-humorada.
5. Você se assiste? É exigente consigo?
Sim. Sou crítica e sempre fico olhando meu cabelo e meu peso. Acho que puxei isso da minha mãe. Fátima Bernardes no “Jornal Nacional” falando sobre algo muito sério e político, e minha mãe soltando um: “Não gostei do cabelo dela, envelheceu”.
6. Não bastasse atuar, você ainda dá aulas de teatro.
Eu dou tanta coisa, você nem imagina (risos). Na pandemia, junto ao meu parceiro Alexandre Contini, inventamos “Possibilidades Cênicas” — um curso on-line de atuação, com estudos de texto e personagem. Foi o que manteve minha alma viva nesses tempos tão difíceis que enfrentamos.
7. Quais sonhos pessoais e profissionais que ainda não se concretizaram?
Muitos. Um deles é ser par romântico de Cauã Reymond em uma novela (Um galã nunca pode namorar uma pessoa fora do padrão como eu? Só as magras são amadas na ficção?). Quero protagonizar um filme bem brasileiro, conhecer o Tocantins, a Amazônia, o Pantanal e Laguna, a cidade da minha avó Laura.
8. Percebemos que você é muito politizada. O que espera de um possível novo governo quanto aos artistas e às artes brasileiras?
O mesmo em relação à nossa população: humanidade. O que vemos hoje é um show de horrores — um freak show — de gente burra, ignorante, sem cultura, mentirosa e desumana, lucrando com a miséria alheia.
9. Por vezes, vemos você postando fotos de biquíni. Como lida com a autoestima? Costuma se preocupar com a opinião alheia?
Sou uma gordinha sexy. “Geral quer me comer” (risos). As meninas piram comigo de biquíni, e os garotos também. A minha liberdade incentiva. Além disso, o único juiz que me preocupa é aquele que vai definir a curatela da minha mãe, que tem problemas de saúde mental. Porque é muito difícil ter um familiar dependente seu, e você não poder fazer nada, esperando a justiça. Rede social e julgamento de quem não paga as minhas contas, não estou nem aí.
10. E como é sua relação com fãs e seguidores?
Beijaria todos na boca. Virtualmente, é claro. A Covid-19 não acabou!
Fonte: IG GENTE