Dados da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) confirmam que o momento é de celebração para o país neste dia 7, quando se comemora o Dia Mundial do Chocolate. O Brasil é o 7º maior produtor de cacau no mundo e ocupa também a 7ª posição entre os maiores exportadores do produto e seus derivados.
De acordo com informações da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), o Brasil exportou, no ano passado, 33,521 mil toneladas de chocolates e 54,756 mil toneladas de derivados do cacau, gerando US$ 226 milhões de dólares. O principal destino do chocolate brasileiro é a Argentina, que é seguida por Estados Unidos e Chile.
Em relação à exportação de amêndoas de cacau, o volume vendido, em 2021, chegou a 567 toneladas, com expectativa de aumentar para 655 toneladas este ano.
Ainda segundo a AIPC, no período de janeiro a maio de 2022, foram exportadas pelo Brasil 14,038 mil toneladas de chocolates, 20,232 mil toneladas de derivados e 273 mil toneladas de amêndoas de cacau.
A Apex salientou que no cenário do chocolate, que é um dos doces mais consumidos em todo o mundo, o cacau fino produzido na Amazônia é considerado um dos melhores. Em 2021, três produtores de cacau brasileiros foram premiados entre os 50 melhores do mundo no Cocoa of Excellence Awards. Também nesse ano, o chocolate belga Nicolas, produzido com amêndoas do Pará, ficou em segundo lugar na premiação do concurso Belgium Chocolate Awards 2022.
Internacionalização
A ApexBrasil promove a internacionalização do chocolate nacional, por meio do projeto setorial Brasil Sweets & Snacks, desenvolvido desde 1998 em parceria com a Associação Brasileiras da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab). O projeto objetiva promover a imagem do cacau brasileiro como matéria-prima de qualidade para a produção de chocolates finos e facilitar o acesso de empresas e produtores do setor aos principais mercados internacionais. A participação em feiras e eventos no exterior é uma das principais ações do projeto.
Este ano, o Brasil Sweets & Snacks levou seis empresas brasileiras do setor para participar da maior e mais importante feira de doces e biscoitos do mundo, realizada anualmente na Alemanha, a ISM Colônia, quando foram gerados US$ 1,3 milhão em negócios imediatos. Outras cinco empresas brasileiras participaram da maior exposição de confeitaria e lanches na América do Norte, a Sweets & Snacks, em Chicago. Ali, foram gerados US$ 580 mil em negócios imediatos e US$ 6 milhões em expectativas de negócios para os próximos meses.
Em Budapeste, na Hungria, a International Peanut Forum (IPF) recebeu quatro empresas brasileiras, com geração de US$ 9,3 milhões em negócios imediatos. Ainda neste mês de julho, o projeto levará empresas brasileiras para a feira Snackex, em Hamburgo, Alemanha; para o ‘Salon du Chocolat’, em Paris, França; e para a ‘ISM Middle East’, em Dubai, Emirados Árabes. O presidente-executivo da Abicab, Ubiracy Fonseca, destacou que “absorvemos recentemente o cacau fino e o ‘tree e bean to bar’ (da árvore e do grão à barra) em nosso Projeto Brasil Sweets & Snacks. Estamos construindo um planejamento estratégico para 2023/2024 e a ideia é inserir um maior número de ações de promoção comercial. Queremos levar empresas brasileiras para exportar e/ou promover a imagem do cacau fino brasileiro no mundo”, afirmou.
Reconhecimento
A gerente do Agronegócio da ApexBrasil, Paula Soares, lembrou que o Brasil foi reconhecido pela International Cocoa Organization (ICCO) como produtor de cacau fino de aroma para exportação em 2019. Ela considera esse reconhecimento importante para a competitividade do cacau brasileiro no mercado internacional. Ressaltou, porém, que “uma vez que o título foi chancelado em meio à pandemia, somente agora trabalharemos de forma mais robusta na sua divulgação. Este selo possibilita maior visibilidade, credibilidade e interesse no produto brasileiro, gerando mais oportunidades de negócios para os produtores”, disse Paula Soares.
O sucesso do produto nacional é atribuído à qualidade da matéria-prima brasileira, a tecnologias de produção inovadoras, terroir diferenciado e ao estímulo e capacitação para a internacionalização realizados pelas ações da ApexBrasil. O termo francês terroir significa um conjunto de informações adquiridas pelo produto, desde a localização geográfica, qualidade do manejo, clima, cultura, história e tradição, que influenciam nas características sensoriais. Tal qual o vinho, o cacau carrega características do ‘terroir’, que são evidenciadas no chocolate, sustentou a ApexBrasil.
Qualificação
A ApexBrasil também auxilia produtores de cacau a se destacarem e alcançarem novos mercados por meio do Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX). Exemplo disso é a marca Cacau do Cerrado, do grupo Schmidt, que desenvolveu, no oeste da Bahia, uma nova tecnologia de reprodução de cacaueiros no viveiro BioBrasil. Com apoio do projeto, a marca está preparada para exportar o produto.
O PEIEX ajuda empresas a iniciarem o processo de exportação de forma planejada e segura, informou a Apex, por meio de sua assessoria de imprensa. É implementado em todas as regiões do país por meio de parcerias com instituições de ensino, entre as quais universidades, parques tecnológicos ou fundações de Amparo à Pesquisa, além de federações da Indústria, que são responsáveis pela aplicação da metodologia do projeto na qualificação de empresas.
Lideranças
A Bahia e o Pará são os maiores produtores de cacau no Brasil, respondendo por 90% da produção nacional. O cacau brasileiro é produzido com história, tradição, e em sistemas agroflorestais que preservam a mata Atlântica e a Amazônia, onde são produzidos. O presidente da Abicab, Ubiracy Fonseca, informou que existem diversas variedades de cacau. Dependendo da região onde são produzidos, elas possuem um terroir diferenciado, “isto é, um terroir que só há no Brasil. Toda essa qualidade do cacau se reflete na produção dos chocolates, seja de forma industrial ou artesanal, conferindo-lhes sabor, qualidade e reconhecimento, através de premiações internacionais”, explicou Fonseca.
Trimestre
Dados da Abicab, coletados pela KPMG, revelam que a indústria de chocolate apresentou, no primeiro trimestre de 2022, expansão de 6% na produção, em relação ao mesmo período do ano anterior. Foram produzidas 201 mil toneladas, contra 189 mil toneladas, em 2021. O setor gera cerca de 20 mil empregos diretos, no país.
O presidente da Abicab indicou que a retomada dos patamares de produção vem ocorrendo de forma gradativa e sinaliza para bons resultados futuros. Afirmou que é vital para o crescimento e manutenção do setor entregar produtos de qualidade com práticas responsáveis. “Por isso, as indústrias investem na cadeia produtiva e, também em seu portfólio, para atender os consumidores, focando constantemente em inovação e sustentabilidade”.
De acordo com a ComexStat (sistema para consultas e extração de dados do comércio exterior brasileiro), o Brasil exportou para mais de 169 países em 2021, totalizando valor aproximado de US$ 610,9 milhões. “Estamos otimistas para este ano, com a produção de chocolate crescendo 6% neste primeiro trimestre”, reforçou Fonseca.
No ano passado, a indústria de chocolate somou 693 mil toneladas produzidas, segundo dados da Abicab, coletados pela KPMG. O índice aponta para evolução em torno de 36%, comparativamente ao mesmo período de 2020, quando a produção foi de 510 mil toneladas.
De acordo com informações do Instituto Kantar, a indústria de chocolates teve faturamento estimado de R$ 13 bilhões, em 2021, com alta de 15,7% em relação a 2020.
Embora não fale sobre expectativas, Ubiracy Fonseca admitiu que, pelos resultados obtidos no final de 2021 e agora neste primeiro trimestre, é possível notar que o mercado vem se recuperando gradativamente desde o começo da pandemia. Isso é explicado porque “as indústrias estão sempre evoluindo junto com sua cadeia de produção e procurando trazer novidades e inovações para os consumidores, acompanhando muito de perto a evolução do perfil do público-alvo e mudança de comportamento para atender suas preferências e necessidades”.
Edição: Aline Leal
Fonte: EBC Economia