Botucatu: governo censura e retira de exposição coletiva, reprodução artística de aluna
A Prefeitura de Botucatu censurou uma obra que integrava a exposição coletiva, “Aconteceu em 22”, que apresenta trabalhos de alunos de 21 escolas estaduais da região de Botucatu e a decisão causou protestos, na sexta-feira, dia 5.
A retirada ocorreu após a Prefeitura de Botucatu receber denúncia de que a obra seria a reprodução de um demônio do anime, “Devilman: Crybaby”, animação baseada no mangá Devilman de Go Nagai.
A obra de Nagai apresenta desmembramentos, decapitações e sexo explícito, impróprio para menores de 18 anos, entretanto, a reprodução da aluna tem apenas a imagem de um demônio fora de contexto e sem identificar o anime.
Os manifestantes contrários à censura da Prefeitura, exibiam faixas e cartazes questionando a ausência da obra da aluna lembrando inclusive a constituição, lembrando que essa postura vai de desencontro ao artigo 220 da Constituição Federal de 1988, que diz o seguinte:
“Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição”
O posicionamento censor da Prefeitura, não foi bem aceito pelos manifestantes e a obra censurada e proibida no espaço que se diz voltado à arte, estará em exposição pública na Diretoria Regional de Ensino a partir de segunda-feira, dia 8.
Vale lembrar que a cenas com decapitações e demônios é recorrente na arte há séculos, um dos exemplos é a obra “Saturno devorando seu filho”, de Francisco Goya, produzida entre os anos de 1819 e 1823, sendo considerada uma das obras mais valiosas do mundo. Outra obra com representação do demônio é a “O pesadelo”, de Henry Fuseli, produzida em 1781.
Agora fica a dúvida aqui da redação de O Rolo Notícias, caso a Prefeitura tivesse a oportunidade de expor as obras de Goya e Fuseli, elas também seriam recusadas?