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Mobilidade elétrica brasileira anda com passos de tartaruga

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Passado e presente lado a lado para repensar o futuro que queremos
Arquivo pessoal

Passado e presente lado a lado para repensar o futuro que queremos

Fala, galera. Beleza? O tempo passa, o tempo voa… E decidi contar quantos textos já temos no Portal iG . Para minha surpresa, já chegamos no 20º texto da coluna.

Nesse pequeno espaço de tempo, foi possível produzir diversas discussões sobre a mobilidade elétrica . Muitas coisas boas foram anunciadas, outras tantas foram entregues sem anúncio. Todavia, precisamos ter consciência que ainda é pouco.

Semana passada fui procurado por uma jornalista que desejava entrevistar proprietários de veículos elétricos . Prontamente perguntei: “Serve eu”?

Quando recebi as perguntas, fiquei pouco com um pé atrás, mas as minhas suspeitas se confirmaram no momento em que o fotógrafo disse que o objetivo da matéria era demonstrar como o Brasil é atrasado em relação à mobilidade elétrica em comparação com outros países.

Caramba, onde foi que me meti? Vão usar meu nome no texto para meter o pau na mobilidade elétrica brasileira. Liguei para a jornalista e questionei qual era o real objetivo. Ela me confirmou a ideia e, dessa forma, baseado nas novas informações, quis me assegurar que ela teria a real ideia de como estava a mobilidade elétrica em grandes centros urbanos e os esforços de tantos entes diversos.

Preciso confessar que o texto ficou interessante e proporcionou uma crítica construtiva  sobre o Brasil estar mais lento que os demais países, tão lento quanto uma tartaruga. Vale uma autocrítica, será que estamos evoluindo tanto quanto gostaríamos que fosse verdade?

Bem, vamos para a vida real e analisaremos os fatos .

Neste sábado, 17 de setembro, precisei fazer um bate e volta até o Vale do Ribeira. Seria um pouco mais de 400 km entre ida e volta por uma rodovia com serra e em um veículo que possui autonomia de 300 km na cidade. Logo, a autonomia seria muito menor que o percurso. Minha viagem exigia um ponto de carregamento para garantir a volta para casa.

Saí de São Paulo com 100% da autonomia, peguei Castelo Branco, Rodoanel e Régis Bittencourt. Cheguei no meu destino 51% de bateria, Seria necessário carregar o máximo possível para garantir a volta, visto que o consumo apresentando foi na descida da serra e eu precisaria subir de volta.

Segui mais 35 km para frente, em direção a Registro, cidade que possui dois locais com carregadores de corrente contínua . Pensei: “tranquilo, carrego por uma hora, volto, faço o  que preciso e vou para casa”. Entretanto, como diria a peça dos “Melhores do Mundo”, a vida é uma caixinha de surpresas.

Cheguei ao local com 38% de autonomia e havia um BMW i3 carregando no local. Começaram os pensamentos motivacionais: “ah, logo deve acabar e liberar o carregador”. Infelizmente, o BMW i3 estava com a mesma autonomia que eu.

Bem, se for para esperar, vou aguardar carregando na corrente alternada. Nessa uma hora que terei que aguardar a minha vez, posso ganhar uns 15% de autonomia . Quem disse que o carregador estava funcionando? A vida realmente é uma caixinha de surpresas.

Fiquei assistindo a cada 1% subindo e me animando. “Nossa! Está carregando rápido”. Mas quando chegou em 97%, a potência reduziu de uma forma que parecia apenas o consumo de uma TV em stand-by. Os 3% finais demoraram 25 minutos . Para ajudar o proprietário nem estava no local.

Isso acabaria com o prazer na viagem . Mas não Joseph Climber… O conector soltou aos 100% (Ufa!!!). Carreguei meu carro até 90% (acima disso seria igual a um carregador de corrente alternada) e fui para o cliente em Juquiá.

E fui fazer exatamente o que em Juquiá? Configurar o novo carregador que está disponível no App Tupinambá no posto Fase Quattro. É um carregador de apenas 7 kW, mas com um potencial gigantesco . O responsável pelo posto me apresentou a estratégia que o dono está adotando e garanto que é de empolgar qualquer pessoa.

Além disso, ele me fez o pedido de mostrar para todos os funcionários do posto como era um carro elétrico. Fiquei muito feliz com a empolgação e interesse de cada pessoa. Fiquei mais de uma hora conversando e o carro carregando na nova estação . Nesse tempo, consegui recarregar o carro e meu ânimo. Voltamos para casa com muita energia (o Chapolin e eu), o suficiente ainda para sair com a família.

Quando recebi o Chapolin, em outubro de 2019, a viagem entre São Paulo e Curitiba era inviável para um carro elétrico. Pouco tempo depois, em maio de 2020, os malucos da ABRAVEi buscaram os responsáveis pelo posto Petropen para instalar uma simples tomada de 32A e permitir que os usuários de carro elétrico usassem para carregar.

Menos de um ano depois, já haviam instalados os carregadores de 150 kW nos postos Petropen e Buenos Aires. Esse ano foi instalado o primeiro carregador rápido do Volvo em Cajati (também na Régis Bittencourt). Agora temos o Fase Quattro entrando de forma singela, mas com muita importância para ampliar as opções de local de carregamento e descanso.

Lembram quando disse acima que o Brasil caminha a passos de tartaruga? Não desanimem. Como na fábula da lebre e a tartaruga, o importante é persistir e nunca deixar te desanimarem.

Então, meu caro leitor, mesmo um grande avião começa a se mover lentamente . Acredito que já estamos a ponto de decolar, e em breve atingiremos grandes alturas na mobilidade elétrica brasileira.

Até mais…

Fonte: IG CARROS

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