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Virada de chave antes da hora?

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Cobranças por carregamento fizeram motoristas de app repensarem substituição de veículos
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Cobranças por carregamento fizeram motoristas de app repensarem substituição de veículos

Fala, galera. Beleza? Semanalmente tenho uma conversa com a minha esposa sobre os textos trazidos aqui no Portal iG e os comentários deixados pelas pessoas nas publicações com o link de cada assunto.

É incrível como existem pessoas em grupos de veículos elétricos que são contra veículos elétricos. Toda opinião é bem-vinda, mas é tão coerente entrar em grupo de veículos elétricos para criticar quanto comprar ingresso para a torcida do Palmeiras só para gritar “Vai Corinthians” (apesar de morrer de vontade fazer isso).

Não me importo com os haters. Muitos nem devem passar do título do texto. Até busco responder de forma a trazer uma pequena luz de coerência e promover reflexão e vontade de se informarem melhor.

Todavia, tenho visto um movimento de devolução de veículos elétricos muito preocupante por parte de motoristas de app. Infelizmente essa onda está acontecendo logo após o anúncio dos principais app de transportes terem trazidos publicamente seus primeiros passos para a eletrificação da frota no Brasil.

Para entendermos os motivos das devoluções, é necessário avaliarmos o que levou aos motoristas trocarem seus veículos à combustão por modelos elétricos. O principal fator não foi o carro elétrico em si, mas a alta dos combustíveis.

Muitos motoristas começaram a fazer a seguinte conta: o aluguel de um veículo à combustão somado ao custo do combustível estava superior a diária de um veículo elétrico. Quando o preço dos combustíveis começou a baixar, os valores ficaram mais próximos e, financeiramente, as vantagens já não eram tão grandes.

O problema mesmo aconteceu quando as principais empress de serviços de recarga começaram a aplicar tarifas nos carregamentos. Já escrevi sobre esse assunto e sou um grande defensor da tarifa sobre o carregamento de veículos elétricos.

Muitos motoristas contavam com essa estratégia de nunca mais gastar com combustível (ou com eletricidade) para potencializar seus ganhos. Infelizmente era uma situação com prazo de validade. O carregamento “grátis” era um estratégia para incentivar a substituição por veículos elétricos e para atração de determinado perfil de clientes para um estabelecimento comercial.

A partir do momento que a frota de veículos elétricos já apresenta aumento natural e os estabelecimentos comerciais já sentem a necessidade de possuir carregadores porque os clientes frequentes desejam, os impactos por recargas gratuitas são cada vez menores.

Hoje é mais importante garantir um serviço de recarga de qualidade e com quantidade suficiente para atender a crescente demanda do que atrair com carregamento grátis. Dessa forma, os novos pontos, e mesmo pontos anteriormente gratuitos, decidiram aplicar tarifas.

Como dissemos anteriormente, tarifa esperada e desejada por boa parte dos usuários “das antigas”. Mas, apesar de sempre falar sobre isso, muitos motoristas de app foram pegos de surpresa e não contavam com esse custo.

Não são poucos os benefícios e argumentos para realizar a transição para mobilidade elétrica, como isenção de rodízio em São Paulo; maior conforto para o passageiro; direção muito menos cansativa para o motorista; menor probabilidade de falha mecânica e condução muito mais prazerosa. Infelizmente são valores subjetivos que poucos dão grande valor.

Convenhamos, é muito difícil darmos mais valor a outros benefícios quando a maioria dos motoristas de app precisam fazer a conta de lucro por km rodado para garantir a sua meta diária. Inclusive é um fator que gerou a onde cancelamentos por parte dos motoristas quando avaliavam que as corridas não valiam a pena.

A categoria dos motoristas de app não pode se dar ao luxo de reduzir seus ganhos em prol de um bem maior à sociedade ou mesmo de garantir qualidade de vida melhor. Não são poucos os motoristas que dormem no carro, estacionados nos bolsões dos estacionamentos esperando uma corrida.

Mas como garantir que seja economicamente mais vantajoso dirigir um veículo elétrico? Na verdade, já temos ações em prática tanto pela Uber quanto pela 99. Ocorre que são ações restritas a poucas praças a princípio e com a capacidade baixa de atendimento aos motoristas por um motivo básico: quantidade limitada de veículos à disposição.

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Incentivo e subsídio para aquisição e locação de veículos é extremamente importante para garantir o acesso aos veículos. Mas o que fará os “olhos brilharem” nos motoristas parceiros é em relação à tarifa das corridas.

De fato não parece muito tentador colocar um carro com valores iniciais de R$150.000 para rodar no aplicativo e ganhar na média de R$14 por corrida. É essa a conta que a maioria dos motoristas faz. Se não houver um trabalho de valorização e de boa comunicação para demonstrar os benefícios, a maioria dos motoristas parceiros continuará resistente à mudança.

Garanto que muitos motoristas estão devolvendo seus veículos às locadoras contra a própria vontade e bem infelizes por voltar para carros à combustão, mas dificilmente retornarão para o carro elétrico até que as vantagens se reflitam diretamente e de forma expressiva em seus ganhos. Pior, esses motoristas potencialmente se tornaram detratores.

Deixo uma lição de casa a todos que desejam incentivar o uso de veículos elétricos no transporte particular de passageiros:

  • Acesso ao veículo
  • Pontos de carregamento
  • Melhores ganhos

Então, meu caro leitor, encerro o texto dessa semana com a seguinte reflexão: os carros elétricos continuarão a ser coisa de rico enquanto a massa não perceber a diferença no seu bolso.

Até mais…

Fonte: IG CARROS

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