Agricultura irrigada é estratégica para produção de alimentos
Brasília (15/06/2021) – A agricultura irrigada é estratégica para a produção de alimentos e o desenvolvimento da tecnologia no País passa pela desburocratização dos processos e por políticas públicas que ampliem o acesso dos produtores a recursos tecnológicos, afirmaram especialistas na terça (15), durante o evento “Irrigar é Alimentar”.
O debate foi promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Rede Nacional de Irrigantes (RNAI) e reuniu parlamentares e profissionais do setor.
“A água é importante para todos os setores e para a produção de alimentos é um uso nobre. A irrigação é estratégica e traz mais valor agregado ao produto final, além de ter uma série de benefícios produtivos, ambientais e econômicos”, afirmou Lineu Neiva Rodrigues, pesquisador da Embrapa e coordenador da Rede Nacional de Irrigantes, lançada durante o evento.
“É necessário produzir alimentos em quantidade suficiente para garantir o acesso de todos. Pode faltar tudo, menos alimento e água. Isso é básico. A irrigação é a conexão que falta para que a gente possa ter produção de alimentos de maneira sustentável no mundo. O Brasil não vive uma crise hídrica, mas de organização e planejamento”, ressaltou.
A Rede Nacional de Irrigantes tem 58 membros e foi criada para discutir a agricultura irrigada de forma estratégica e apresentá-la como vetor para o desenvolvimento do País, explicou Rodrigues. “Temos dois participantes de cada entidade e como está em construção, a rede pode escrever, mas hoje já tem representantes de todo o País.”
Após o lançamento da Rede, o debate focou no painel “Agricultura irrigada: vetor para a segurança alimentar, econômica e ambiental do Brasil”.
O moderador e presidente da Comissão Nacional de Irrigação da CNA, Eduardo Veras, destacou que a data é um dia histórico para o setor, “em que as entidades estavam unidas com o objetivo de levar a tecnologia de irrigação a cumprir seu nobre papel de produzir alimento para o mundo”.
Thiago Fontenelle, representante da Agência Nacional de águas (ANA), apresentou a 2ª edição do Atlas da Irrigação como o documento que pode contribuir com a organização e desenvolvimento do setor e servir de base técnica para o Plano Nacional de Recursos Hídricos 2022-2040 e para o Plano Nacional de Irrigação.
Ele destacou o potencial de expansão da irrigação no Brasil, que até 2040 pode crescer mais de 76% a área total irrigada com 66% de uso da água com maior eficiência. “A expectativa é de expansão de área e não de água”, afirmou. “O atlas sintetiza de forma bem clara o quanto a irritação brasileira abriga elevada tecnologia.”
Frederico Cintra, coordenador-geral de Irrigação e Drenagem do Mapa, listou algumas iniciativas do órgão para a irrigação como o Plano ABC, Águas do Agro, Pronasolos, e frisou que o Mapa está institucionalizando um programa nacional de agricultura irrigada.
“O Mapa está trabalhando porque a agricultura irrigada é a única chave para o crescimento sustentável da produção de alimentos.”
Alysson Paolinelli, ex-ministro da Agricultura, reafirmou a importância da data e das tecnologias de irrigação para o País “em uma fase onde as mudanças climáticas têm prejudicado a produção e a produtividade” e destacou que o Brasil tem uma grande vantagem competitiva com o uso da irrigação em comparação aos seus competidores.
Paolinelli disse ainda que há recursos para expansão da irrigação no Brasil, seja da União ou de fundos internacionais interessados em financiar as tecnologias. Ele acredita que, para que isso aconteça, o governo precisa inserir o produtor rural no processo de outorga da água e ficar apenas na coordenação.
“Nossa capacidade de irrigação pode aumentar muito nossa produtividade e espero que o que está sendo feito pelas autoridades se complementem porque o Brasil não pode perder uma oportunidade como essa de ampliar a área irrigada. É preciso que as outorgas sejam liberadas com espaço mínimo possível e que os produtores participem desse processo. Tenho a absoluta certeza que ele vai responder com toda a responsabilidade.”
O segundo painel, sobre Desafios da Irrigação no Brasil, contou com a participação dos deputados José Mário Schreiner (DEM/GO), presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Zé Vitor (PL/MG), autor do Projeto de Lei do Dia da Irrigação, e Aline Sleutjes (PSL/PR), presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados.
Priscila Sleutjes, presidente da Câmara Temática de Agricultura Sustentável e Irrigação, foi a moderadora do painel.
“Essa é uma oportunidade ímpar de discutir um assunto tão relevante. A irrigação protege o meio ambiente porque inibe a abertura de novas áreas e aumenta a produção em até três vezes em uma mesma área,” afirmou José Mário Schreiner.
Ele ressaltou a necessidade de aumentar a área irrigada e citou algumas iniciativas em trâmite na Câmara como tornar o barramento uma utilidade pública.
“Temos que ter agilidade nos processos de barramento para segurar as águas da chuva e utilizá-las de forma racional durante os períodos mais escassos. Há outros projetos também que estamos trabalhando. O que precisamos é acelerar esses projetos para garantir a segurança alimentar do País. Não podemos nos contentar com 8 milhões de hectares irrigados se podemos potencializar nossa produção.”
O deputado Zé Vitor afirmou que trazer esse tema ao debate mostra que “estamos construindo um agro mais moderno e eficiente” e que sugerir a data do dia 15 de junho como Dia Nacional da Agricultura Irrigada é “simbólico e estratégico”.
“É importante trazer esse debate para próximo do público urbano para entenderem a importância da irrigação. Podemos levar desenvolvimento para o interior do País e gerar empregos através da irrigação.”
A deputada Aline Sleutjes falou que o Brasil está no momento de superar os desafios, que estão sendo vencidos “com legislações que desengessam os processos”. Destacou as políticas públicas que estão sendo desenvolvidas para o setor.
“Temos que absorver as novas tecnologias e desenvolver novos caminhos. Temos como fazer isso por meio de programas do governo federal de fomento à agricultura irrigada. São políticas públicas sérias que resolvem o problema”, disse.
Aline ressaltou que, por meio de mecanismos e planejamento, é possível dar condições aos brasileiros de terem áreas produtivas por meio do acesso a equipamentos de irrigação. “Assim faremos um Brasil moderno e tecnológico.”
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