CNA debate crédito na safra 2021/2022
Brasília (26/03/2021) – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou de uma live sobre crédito na safra 2021/2022 promovida pela Broadcast/Agência Estado, na quinta (25).
O tema foi debatido pelo superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, e pelo diretor do Departamento de Financiamento e Informação da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Wilson Vaz de Araújo, com moderação da jornalista Clarice Couto.
Eles discutiram as perspectivas para a oferta de crédito rural na próxima safra – que começa em julho –, as demandas da cadeia produtiva, o cenário atual para a composição do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2021/2022, a contribuição dos financiadores privados e seguro rural, entre outros temas.
Segundo Bruno Lucchi, as principais demandas do setor são revisar os custos administrativos e tributários (CAT) cobrados pelas instituições financeiras para operacionalizar o crédito rural e as diretrizes aplicadas sobre a carteira agro das instituições financeiras, para definição do risco na regulação prudencial.
Esses e outros pontos fazem parte da agenda estruturante no crédito rural que a CNA está trabalhando para aumentar as fontes de financiamento para o setor e otimizar os gastos públicos.
Outras propostas são fortalecer as cooperativas de crédito, que possuem custos administrativos e tributários inferiores às demais instituições financeiras; coibir a exigência de reciprocidade pelos bancos, incluindo no manual de crédito rural norma específica que evite a prática de venda casada; e a diferenciação de condições de crédito para produtores que adotam mitigadores de riscos.
“É um setor que responde rápido, garante a segurança alimentar e reflete em números na economia. Quando o produtor tem estímulo, ele investe no próprio negócio e a resposta é na safra seguinte. Apesar de todas as dificuldades relacionadas ao clima, essa será mais uma safra recorde”, afirmou Bruno Lucchi.
De acordo com Wilson Vaz, existe um relativo “conforto” pelo crescimento das duas principais fontes de financiamento do crédito rural: os depósitos à vista e a poupança rural. A maior limitação é em relação à disponibilidade orçamentária que será destinada para o PAP em um ano com dificuldades e incertezas econômicas.
“Temos que esperar o orçamento desse ano para poder trabalhar nas taxas de juros e no volume de recursos que serão disponibilizados no próximo período. A nossa prioridade segue sendo os pequenos e médios produtores e aqueles investimentos que não sejam atrativos para as operações de crédito com recursos livres.”, disse.
Especiais – O superintendente técnico da CNA apontou quatro pontos que precisam de linhas especiais de financiamento: armazenagem, tecnologias de baixa emissão de carbono, inovação para a pecuária (Programa Inovagro) e irrigação (Moderinfra). Os preços elevados da saca de milho e a produção insuficiente para abastecer os produtores, especialmente da pecuária de leite, é outro assunto que preocupa o setor privado e o Governo nesse momento.
Bruno Lucchi destacou, ainda, novas fontes de recursos com maior potencial para aumentar os investimentos no setor. Para ele, a emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), os títulos verdes (green bonds), o Fundo de Investimento para o Setor Agropecuário (Fiagro) e as agro fintechs terão expansão nos próximos anos.
Sobre o seguro rural, Bruno entende que a ferramenta é essencial para o produtor dar uma garantia ao mercado de que vai cumprir com seus compromissos financeiros, independente de imprevistos climáticos. Na opinião do superintendente técnico da CNA, além de mais recursos, é essencial que exista previsibilidade e melhoria dos produtos ofertados.
“Precisamos desses recursos do PAP, ter o seguro com um volume melhor do que no ano passado e avançar nas questões estruturantes. Mesmo com a dificuldade orçamentária, se conseguirmos fazer um ajuste da eficiência do crédito rural e do ambiente privado para que o produtor possa buscar esse financiamento, certamente iremos avançar muito esse ano”, concluiu.
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