CNA e especialistas discutem uso do Fiagro para financiar estruturas de armazenagem
Brasília (23/09/2021) – “Como o Fiagro pode ser utilizado para financiar estruturas de armazenagem?”. Esse foi o tema de mais um encontro virtual promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com o Instituto Brasileiro de Direito do Agronegócio (IBDA).
O debate foi realizado na quinta (23) e faz parte de uma série de lives sobre o Fiagro (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais), que foi instituído pela Lei 14.130/2021 com o objetivo de ampliar o portfólio de instrumentos de captação de recursos privados para o agronegócio.
O presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Ricardo Arioli, explicou que o Fiagro é uma ferramenta que surge como opção de aporte de recursos para financiar o setor agropecuário que cresce a cada ano.
“Os recursos oficiais estão cada vez mais escassos com o aquecimento da demanda do setor. Por isso é fundamental buscar novas fontes, principalmente para financiar estruturas de armazenagem que não comportam toda a produção brasileira. Inclusive boa parte dela é armazenada dentro de carrocerias de caminhões”, disse.
A sócia fundadora da VERT Securitizadora, Victória Sá, citou algumas formas de como o Fiagro pode ser utilizado para financiar estruturas de armazenagem da produção agrícola, já que toda a cadeia agroindustrial pode ser contemplada com esse tipo de fundo de investimento.
“Uma das formas é o produtor rural emitir uma Cédula de Produto Rural (CPR). O fundo compra essa Cédula e o dinheiro da operação vai para a instalação do próprio armazém do produtor. Outra modalidade é o próprio fundo investir nas estruturas de armazenagem e alugar para os produtores rurais ou cooperativas”.
Para Victória, a capacidade de armazenagem do Brasil é muito deficitária, principalmente quando comparada a outras países. “Boa parte da armazenagem do Brasil fica dentro de um caminhão em uma fila. Então muita coisa tem que ser vendida no pico de safra, quando os preços são mais baixos”.
Em sua apresentação, o diretor Suply Chain Finance na Ag Growth International (AGI), Daniel Goulart, disse que a empresa canadense oferece soluções de armazenagem e movimentação de grãos dentro da propriedade rural até o porto, passando por todos os operadores logísticos. “A AGI não recebe produção como pagamento, mas utiliza a CPR financeira com todas as garantias para o financiamento. É um sucesso até hoje, desde 2017”.
Segundo Goulart, o Fiagro é uma oportunidade para alavancar iniciativas como essa da empresa. “A AGI pode ter mais capacidade de financiar os produtores que muitas vezes dependem dos recursos do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), que são esgotados rapidamente sem atender toda demanda”.
Por fim, o fundador e Head de Negócios da Pag-Agro, Jônatas Couri, falou que os fundos de previdência complementar têm metas de longo prazo e estão com o bolso fechado para o agronegócio. O Fiagro pode ser o veículo ideal para fazer esse casamento de fluxos, inclusive em estruturas de armazenagem.
Jônatas também citou o PCA e a oportunidade de se fazer um programa sintético. “O Programa para Construção e Ampliação de Armazéns é sempre muito aguardado, mas os recursos nunca são suficientes. O Fiagro traz a oportunidade de replicar o modelo original. Dessa forma, teríamos o PCA do BNDES e um sintético no Fiagro”.
Couri também falou que “estamos vencendo o grande desafio de aproximar investidores e agronegócio e que para acessar o mercado de capitais cada vez mais os produtores precisam aprimorar o processo gerencial”.
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