Curso de Liderança Rural promove oportunidades para mulheres
A Comissão Estadual de Mulheres da FAEP continua mobilizando mulheres do agronegócio paranaense. Uma das iniciativas do grupo é promover a capacitação pessoal e profissional do público feminino, viabilizando oportunidades de crescimento e atuações mais presentes no campo.
Algumas histórias singulares já comprovam o potencial do avanço feminino no agronegócio. A nutricionista Luana Garcia participou da primeira turma formada exclusivamente por mulheres do curso de Liderança Rural, realizado em Campo Mourão, no final de setembro. Luana está em transição de carreira. Após oito anos atuando na área de nutrição, recentemente ela começou a trabalhar ao lado do pai na propriedade rural.
“Eu comecei a perceber que o meu pai já estava cansado. Eu tenho uma história na propriedade, pois foi onde nasci, e meu avô começou tudo. Eu comecei a ir a passeio, vendo as necessidades e me envolvendo cada dia mais. Estou muito empolgada e sinto que tomei a decisão certa”, afirma.
Agora que está dando seus primeiros passos como produtora rural, Luana reforçou a importância da troca de experiências entre as mulheres do setor, principalmente em eventos que incentivem a participação feminina.
“É uma experiência completamente nova para mim. Eu tenho a vontade de trabalhar, mas até então não tinha conhecimento. O curso me ajudou a ter outra visão sobre os negócios e a adquirir mais autoconhecimento. No futuro eu vou liderar a propriedade, então preciso conhecer o meu perfil e o perfil dos funcionários para saber lidar de forma correta”, avalia Luana. “Já avisei no sindicato que quero fazer mais cursos”, adianta.
O convite para conhecer o SENAR-PR e participar da capacitação veio da agrônoma Anna Bagini, amiga de infância de Luana, e integrante da Comissão de Mulheres de Campo Mourão. Além de mobilizadora do curso, Anna também participou como aluna. Segundo ela, essa é uma oportunidade para que as mulheres se sintam motivadas a assumir uma posição mais ativa no setor, com conhecimento e informação embasados.
“Muitas mulheres estão diretamente ligadas ao agro e querem começar a ajudar, mas não sabem por onde. Quando a gente começa acompanhando aos poucos, o aprendizado é melhor e constante”, aponta. “Eu costumo dizer que não basta a gente ter vontade, é preciso saber fazer e agir. Assim vamos ter uma resposta melhor das pessoas e, consequentemente, o trabalho flui. É o que aprendemos com o curso de Liderança Rural”, acrescenta.
Compartilhar é aprender
Mesmo para as participantes mais experientes, caso da produtora rural e empresária Maria da Conceição Montans Baer, envolvida com agronegócio há mais de 40 anos, o curso promoveu a reflexão e uma atuação mais efetiva enquanto líder rural. “É fundamental estar sempre procurando conhecimento e criando novas conexões, pois, dentro do agronegócio, a evolução é rápida e sempre ascendente”, diz.
Segundo a produtora, a participação crescente de jovens mulheres em cursos como o de Liderança Rural é um indicativo de um movimento de mudança para um agronegócio com mais representatividade feminina. “É um curso que dá abertura para as mulheres e base para quem está começando”, observa.
A empresária Dorlly Thomé relata que, muitas vezes, a mulher se vê diante de situações que exigem uma mudança de postura e um novo olhar sobre as práticas. Saber como agir pode ser o impulso para uma posição mais atuante no agronegócio.
“O curso faz pensar de uma maneira diferente. Hoje em dia uma propriedade rural é uma empresa e é preciso interagir com o mundo da porteira para fora. Todos nós temos algum potencial de liderança que precisa ser trabalhado”, aponta.
Para Dorlly, o crescimento do número de mulheres no agronegócio é visível. Por isso, é preciso continuar evidenciando o papel feminino na transformação do campo. “A iniciativa tem que partir dela. Um curso como esse é essencial para mostrar essa capacidade e despertar essa atitude”, conclui.
Mobilização no campo
O curso de Liderança Rural aconteceu no Recanto do Criador, no Parque de Exposições, espaço de eventos do Sindicato Rural de Campo Mourão, e contou com 23 mulheres. A iniciativa é resultado do trabalho da comissão local de mulheres, formada em agosto, com apoio do sindicato rural.
“Muitas mulheres têm uma atuação forte na região, exemplos positivos que se destacam no Paraná e com participação importante em organizações do setor. Mas elas não estavam oficialmente aglutinadas. Nós estamos dando o apoio”, destaca Nery José Thomé, presidente do sindicato rural.
A capacitação é oferecida pelo Sistema FAEP/SENAR-PR, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná (Sebrae-PR), e faz parte do Programa de Sustentabilidade Sindical da FAEP.
“O curso fornece instrumentos para que as mulheres possam entender a importância da representatividade e de assumir a liderança e, assim, fazer com que as entidades permaneçam ativas e continuem fazendo seu trabalho de maneira cada vez mais consciente”, afirma Jane Eyre Colombo da Cruz, instrutora do Sebrae-PR e responsável pela capacitação em Campo Mourão.
Ainda segundo a instrutora, que ministra o curso desde a sua criação em 2019, a realização de uma turma formada apenas por mulheres é uma oportunidade para trazer mais participantes para o movimento feminino dentro do agronegócio. “Muitas acabam, por vários motivos, se sentindo intimidadas ou desconfortáveis num ambiente predominantemente masculino. Mas as mulheres têm conquistado seu espaço e mostrado seu potencial, de que são plenamente capazes de desenvolver habilidades de liderança”, salienta Jane.