“É como se fosse da família”: técnicos do ATeG contam como produtores adotaram não só as orientações, mas também os profissionais
As visitas dos técnicos de campo do Programa de Assistência Técnica e Gerencial – ATeG aos produtores geram mais do que aumento de produtividade e lucratividade. Literalmente entrando na vida das pessoas ao longo de dois, quatro anos – às vezes, em ainda menos tempo -, formam-se laços de verdadeira amizade.
“O sucesso do Programa ATeG está condicionado a uma relação de confiança que deverá ser estabelecida entre o técnico de campo, supervisor e o produtor rural participante. Após a conquista dessa confiança, os bons resultados passam a ser consequência”, comenta o superintendente do SENAR MINAS, Christiano Nascif. Para o Sistema FAEMG, o êxito da assistência técnica e gerencial é uma das formas, direta e contínua, do produtor rural mineiro reconhecer e valorizar as ações da entidade.
O fim de ano é época de fechamento de indicadores e de renovação de contratos dos interessados em seguir prestando serviços como técnicos ou supervisores. Junto com o “sim” ou “não”, alguns destes profissionais compartilharam histórias de carinho que mostram que, com um elo forte entre profissional e assistido, até os resultados na lida ganham mais viço. Conheça:
Sebastião Brinate – engenheiro agrônomo, doutor em Produção Vegetal, há quatro anos atuando como técnico do ATeG Café:
“Hoje sou recebido como um membro da família em praticamente todos os produtores. Isso é tão real que nos emocionamos em nossa última visita, mas em momento algum nos despedimos, pois sabemos que construímos ali um laço de amizade que será para sempre e que vamos nos rever em breve. Várias foram as histórias de amizade e gratidão, recebi presentes que são muito importantes e que guardarei a sete chaves, para sempre me lembrar. Quando iniciamos no ATeG, no final de 2016, com poucos meses de convivência aprendi uma importante lição: antes de fazer qualquer planejamento ou sugestão, era necessário conhecer a história do produtor e de sua família, entender suas dificuldades e quais as possibilidades de desenvolver nosso trabalho da melhor forma. Nossos produtores são verdadeiros heróis, lutando com muita dificuldade para sustentar suas famílias e produzir, mesmo quando vários fatores atuam de forma não muito favorável. Diante disso, o fato de nós, técnicos, termos chegado para estender a mão e auxiliá-los proporcionou uma relação de amizade, de afeto, de familiaridade.”
Paloma Borato – engenheira agrônoma, há um ano e quatro meses atuando como técnica do ATeG Café:
“A cada dia mais me apaixono pela profissão que escolhi e pela assistência técnica, pois fazemos grandes amizades. Ver no rosto do produtor a gratidão pelo trabalho desenvolvido e os resultados obtidos não tem preço. Eu tenho apenas um sentimento: gratidão por cada família que abriu as portas de suas casas e me acolheu como se eu fosse uma filha chegando. Ao longo do projeto fui me apegando aos produtores e especialmente às esposas, que me recebiam com tanto carinho, sempre me esperando com um café e uma quitanda gostosa. Levarei essa amizade para o resto da vida, pois são pessoas que se tornaram minha família e propriedades que viraram minha casa. Quando finalizamos o trabalho, mesmo com tantas dificuldades por causa da Covid, os produtores que eu assisto fizeram uma ‘festa de despedida’ e ali eu percebi que eu faço a diferença para eles. Recebi tanto carinho que nem tenho palavras para agradecer a cada um. É com gestos simples assim que vamos nos apaixonando pela cafeicultura e pelos produtores rurais, que acordam cedo e vão para o campo, faça sol ou faça chuva, para colocar na nossa mesa um café cultivado com tanto amor e dedicação.”
Jéssica do Carmo – engenheira agrônoma, há quatro anos atuando como técnica do ATeG Café
“Vale destacar a história de uma família muito querida e dedicada que, no início do programa, em 2016, estava desacreditada da cafeicultura. A matriarca, sobrecarregada pelo trabalho contínuo e sem resultados financeiros positivos, chegou a dizer que não ajudaria mais nas atividades de campo. No entanto, por meio das visitas mensais, muito diálogo, trocas de experiências e planejamento técnico e financeiro com toda a família, os resultados apareceram. A produção de café passou de 60 para 460 sacas e hoje os filhos e genros são atuantes na propriedade, tornando-se um caso de sucessão familiar de sucesso. Na última visita, em dezembro desse ano, foi muito gratificante ver todos animados – inclusive a matriarca, que me lembrou da primeira visita e hoje está com as esperanças renovadas. Estou convencida de que a experiência prática e o vínculo emocional são o motor da promoção de mudanças na vida dos produtores. O fator humano prepondera em qualquer relação e é o processo que exige maior dedicação do profissional, não menosprezando o componente técnico. Com empatia, admiração e respeito entre profissional e família é que as dificuldades são contornadas e resultados reais são alcançados.”