Finalistas do PR no CNA Jovem focam em inovação
Três jovens do Paraná estão entre os finalistas do programa CNA Jovem, promovido pelo Sistema CNA/SENAR. O trio se destacou com a proposta de soluções inovadoras para problemas envolvendo aspectos das áreas empresarial, institucional, política e educacional. Os classificados são Lucas Dierings, de Palotina, no Oeste; Mayara Bertoldo, de Maringá, no Noroeste; e Andressa Baungratz de Dois Vizinhos, no Sudoeste. Cada um deles terá a chance de dar continuidade aos seus projetos junto com jovens de todo o Brasil. As melhores iniciativas serão premiadas. A premiação deste ano, em decorrência das incertezas em relação a pandemia de novo coronavírus e restrições a viagens internacionais, ainda está em fase de definição.
“Os jovens são a nossa esperança de termos um setor ainda mais dinâmico e cada vez mais eficiente. Liderar exige coragem e preparo. Fico feliz por perceber essa movimentação de potenciais líderes espalhados por todas as regiões do nosso Estado”, parabenizou o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette.
A superintendente do SENAR-PR, Débora Grimm, reforçou as congratulações aos jovens classificados. “É gratificante ver os jovens se aprimorando como líderes. Sabemos o quanto de energia é preciso dedicar para sair da zona de conforto e adquirir os conhecimentos necessários para liderar com eficiência. Agradeço a todos os jovens do Paraná que participaram e parabéns ao trio classificado. Sucesso na próxima fase e na vida”, completou Débora.
O trio do Paraná está entre os 80 finalistas. O programa CNA Jovem começou com os 3.743 jovens inscritos.
Quem são os finalistas?
Mayara Bertoldo Harada, 28 anos, mora atualmente em Maringá e trabalha como especialista de crédito na empresa Superbac. Filha de produtores rurais, nasceu em Espírito Santo do Pinhal, no interior de São Paulo. Ela cresceu em meio a plantações de café, quase na divisa com o Sul de Minas Gerais. Depois, se formou em Economia, em Ribeirão Preto, em São Paulo, e fez MBA em agronegócio logo em seguida.
A jovem descobriu o programa em um grupo na internet que debate assuntos relacionados a crédito rural. “Gosto de entender como as coisas funcionam. Li o edital e gostei da possibilidade de ter um projeto com a chance de modificar alguns pensamentos comuns a produtores rurais. Vejo que tem muito dinheiro no mercado que o produtor não acessa, muitas vezes, por falta de conhecimento”, explica.
O desafio que Mayara propôs no “CNA Jovem” envolve estratégias para ajudar os produtores a entenderem as possibilidades de financiamento agropecuário via mercado de capitais. “Tem sido gratificante ter contato com jovens de todo o Brasil. Teve uma atividade em dupla que fiz com uma moça do Ceará, com uma troca intensa de conhecimentos. Gostei do programa e estou divulgando para que tentem nas próximas edições porque é uma forma bacana de ter contato com novos conhecimentos”, recomenda.
Lucas Dierings, 28 anos, mora em Palotina, mas nasceu em Tupassi, ambas no Oeste do Paraná. Quando tinha cinco anos, os pais deixaram a propriedade rural rumo a cidade. Porém, os parentes continuaram na roça, permitindo que mantenha contato com a realidade do campo.
Quando chegou a época de escolher que faculdade fazer, Dierings escolheu Agronomia e se mudou da casa dos pais, em Marechal Cândido Rondon, para Palotina.
“Sempre gostei do sítio e quando comecei agronomia vi o tamanho do mercado e o mundo de possibilidades que existe. Estudando com outros filhos de produtores rurais, identifiquei que continua mesmo problema que meus pais tiveram: sair do campo e ir para cidade”, revela.
Com essa pulga atrás da orelha, o jovem identificou que a diversificação nos negócios, uma melhor gestão e inteligência na tomada de decisões têm potencial para gerar mais renda. Inquieto, Dierings levantou dados sobre êxodo rural e propôs um projeto a respeito da sucessão rural.
“É isso que eu gosto, de trabalhar com oportunidades de liderança que não dependem de dinheiro, geografia, depende de pessoas influenciando outras pessoas. Meu objetivo é que as famílias rurais levem suas propriedades como uma empresa, com análise de resultado e ideia de investir com lucratividade”, compartilha.
Andressa Radtke Baungratz é moradora de Dois Vizinhos, mas nasceu em Cunhaporã, no interior de Santa Catarina. Sempre morou na área urbana, mas como se trata de uma cidade pequena, o envolvimento com o agro ocorreu de forma natural. A conexão definitiva veio quando resolveu estudar Ciências Agrárias e, para isso, se mudou para o Paraná. Sempre atuou como pesquisadora na área de ovinos e caprinos. No mestrado testou própolis no tratamento desses animais e emendou o doutorado (em andamento) pesquisando forragicultura na área de alimentação animal.
Mas tinha algo do interesse de Andressa que estava adormecido: a paixão por liderança e gestão. “Tive algumas disciplinas na graduação que trabalhavam questão de liderança, projetos, e era algo que sempre pensava, sobre de que forma você pode aplicar esse conhecimento na prática. Quando vi que o CNA Jovem estava com inscrições abertas, pensei: é uma forma de juntar essa área que eu gosto e acabei me afastando por estar mergulhada no mundo da pesquisa”, revelou.
Seu projeto propõe debater as questões voltadas à área de produção de leite, em especial a relação entre agroindústria e produtor. “A ansiedade está bem grande por aprender uma visão diferente de como posso mudar, fazer diferente e ver essa realidade de cada pontinho do país. Vai ser uma experiência bem gratificante, tenho certeza”, espera.
O programa
A iniciativa, na sua quarta edição, tem o objetivo de apoiar o desenvolvimento de novas lideranças para enfrentar desafios e buscar inovações para a agropecuária brasileira. Criado em 2014, o programa tem o intuito de descobrir potenciais lideranças na juventude rural do Brasil. O programa já teve premiações que incluíram viagens técnicas ao Vale do Silício, nos Estados Unidos, China e Nova Zelândia.
Houve uma reformulação da terceira para a quarta edição, que contou com a contratação de consultores especialistas em liderança. Foi proposto um novo formato, que consiste em começar com uma fase EaD maior do que antes, com etapas eliminatórias.
A nova metodologia traça metas a serem cumpridas pelo programa em três fases: desenvolvimento de uma ideia, da pessoa e o engajamento das regionais. Dessa forma, os jovens deverão, em primeiro lugar, solucionar um desafio originado em um problema que devem aprender a diagnosticar. Em seguida, deverão perceber as características comportamentais e toda sua evolução de entrada e saída do programa. Por último, os participantes deverão ter um relacionamento com a regional estadual e este deve engajar sua regional no acompanhamento da jornada durante o programa.