Museu reúne acervo inestimável do Sistema de Plantio Direto
Em 2004, em meio às festividades de comemoração dos 30 anos do início do Sistema de Plantio Direto (SPD) na região de Mauá da Serra, os produtores rurais locais tiveram a ideia de criar um museu para reunir maquinários, equipamentos, fotos e documentos da técnica. O que, incialmente, parecia uma conversa de amigos em volta de uma mesa ganhou corpo. No mesmo ano, o grupo fez o lançamento da pedra fundamental.
A partir do ato simbólico, uma longa caminhada se estendeu até a abertura oficial do museu, em 2012. Isso porque era preciso reunir dinheiro para viabilizar a obra, já que os equipamentos seriam doados pelos precursores do SPD na região.
“O terreno foi doado. E tivemos que buscar recursos para levantar a estrutura. Levou tempo, mas deu certo”, lembra Sérgio Kasutoshi Higashibara, presidente do Sindicato Rural de Mauá da Serra e integrante do grupo que idealizou o museu. “A ideia do espaço é guardar a história do Plantio Direto. Afinal, os jovens não sabem como se deu essa técnica, que revolucionou a agricultura no Paraná e em outros Estados”, ressalta o dirigente.
Mauá da Serra, na região Noroeste do Estado, é um exemplo perfeito do impacto do SPD no campo. Na década de 1970, os agricultores sofriam com as chuvas e, consequentemente, a erosão. Na época, o sistema convencional estava impossibilitando a prática da agricultura na região, pois nem mesmo as curvas de nível “seguravam” o solo. Até que a chegada da técnica de palhada, pelas mãos do agricultor Cândido Hideomi Uemura, facilitou o manejo e transformou a atividade.
“Se não fosse o Plantio Direto, Mauá hoje seria pastagem e reflorestamento. O museu é uma forma de guardar a história e também um agradecimento”, aponta Higashibara.
“O acervo do museu é completo, e retrata perfeitamente o que os produtores da região precisaram fazer para adaptar as máquinas a técnica e garantir o desenvolvimento da agricultura”, complementa o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette, que visitou o museu em março deste ano.
Acervo
No espaço de 600 metros quadrados do museu, o acervo contempla diversos equipamentos como tratores e plantadeiras importadas ou modificadas no Brasil para atender ao tipo de manejo. Durante o passeio que Higashibara faz com os visitantes, compartilhando ricos detalhes do início e dos efeitos do Plantio Direto na agricultura de Mauá da Serra, é possível se deparar com raridades expostas, como a primeira plantadeira utilizada no Brasil para essa modalidade, uma Allis Chalmers de 1972, importada dos Estados Unidos. Outro destaque é o primeiro protótipo de semeadeira de 1973, peça desenvolvida no Brasil.
“O museu tem as primeiras máquinas usadas no Plantio Direto na região, sendo que muitas eram rotineiramente adaptadas. É um acervo rico em história”, diz Higashibara, que garante que o museu é o “único deste tipo no mundo”.
Esse acervo atrai, rotineiramente, estudantes, técnicos, produtores e curiosos. A rotina de visitas ao museu inclui grupos de escolas e de universidades da região, além de pessoas de outros Estados e até mesmo estrangeiros. “Já dei palestras para indianos, cubanos e suíços. Somos bastante procurados”, garante o presidente do sindicato local, que desde agosto do ano passado ocupa uma sala dentro do museu.
Expansão
Dez anos após a inauguração do museu, o grupo de produtores que administra o espaço tem planos de ampliação. Isso porque a família do pioneiro do SPD Herbert Bartz, falecido em 2021, demonstrou interesse em doar parte dos equipamentos ao local.
“O Bartz sempre foi um parceiro nosso, inclusive vindo dar palestras aos visitantes. A doação dos seus maquinários vai enriquecer ainda mais o acervo e atrair mais pessoas. Vamos buscar os recursos para ampliar o espaço”, garante Higashibara.
O museu do plantio direto fica aberto de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas, com entrada gratuita.