Plantas de cobertura permitem reduzir uso de ureia sem perda de produtividade
Uma pesquisa realizada em Dois Vizinhos, no Sudoeste do Paraná, tem investigado a possibilidade de reduzir o uso de fertilizantes nitrogenados em plantações de milho. Para isso, utiliza-se o cultivo de alguns tipos de plantas de cobertura de solo de inverno na entressafra. Entre as espécies testadas estão ervilhaca, tremoço e nabo. Em alguns casos, a equivalência em ureia para o nitrogênio ciclado no solo pelas plantas chega a até 175 quilos por hectare. Na prática, o produtor nessas circunstâncias poderia economizar em torno de 40% na dose de ureia aplicada como fertilizante sem perder produtividade.
O estudo “Plantas de cobertura e sistemas de preparo do solo: impactos sobre a compactação do solo e produtividade das culturas” faz parte da Rede de AgroPesquisa e Formação Aplicada Paraná (Rede AgroParaná), iniciativa que conta com recursos do governo do Estado e do SENAR-PR. No Sudoeste, o levantamento que tem informações acumuladas dos últimos 12 anos ocorre dentro de uma área experimental da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
Para chegar aos números da equivalência em quilos de ureia disponibilizados pelas plantas no solo, os pesquisadores usaram uma expectativa de rendimento de nove toneladas de grão por hectare. Como projetado na hipótese do estudo, a maior equivalência em ureia por hectare ocorreu para tremoço (161 quilos) e ervilhaca (175 quilos). Nos sistemas consorciados (que usam mais de uma espécie de cobertura ao mesmo tempo, essa equivalência varia de 102 quilos (aveia + ervilhaca) a 129 quilos (aveia + ervilhaca + nabo). O nabo sozinho apresenta equivalência de 76 quilos por hectare.
“Nesse sentido, quando consideramos este benefício ecossistêmico à cultura do milho, podemos reduzir custo de produção e aumentar a sustentabilidade do sistema de cultivo, especialmente pela redução da quantidade de nitrogênio químico aplicado na lavoura quando a cultura antecessora for uma planta de cobertura cicladora/fixadora desse elemento”, pontua o pesquisar Paulo Conceição, professor da UTFPR.
Preparo de solo
Em outra frente do mesmo subprojeto ocorre a investigação dos efeitos do revolvimento do solo usando escarificador. Alguns produtores na região têm adotado a técnica com o pretexto de evitar uma suposta compactação do solo. As pesquisas, no entanto, têm demonstrado que no caso de um Sistema de Plantio Direto (SPD) feito do modo correto tecnicamente, não se justifica o uso do equipamento.
No estudo em parceria com a UTFPR, a médio prazo já não há diferença entre as áreas onde foi adotado preparo de solo com escarificação. “Tanto após 12 meses da escarificação quanto após 36 meses, o solo apresenta a mesma condição de compactação que a área mantida em PD sem revolvimento durante os seis anos em que temos feito esse experimento em especial”, alerta o pesquisador.