Primeiro ano de ATeG do AgroNordeste surpreende produtores de São Romão (MG)
Os resultados do primeiro ano de ATeG do Programa AgroNordeste na cidade de São Romão surpreenderam produtores da bovinocultura de corte. Durante reunião de benchmarking, foi apresentado, em números, o crescimento da atividade na região e a expressividade econômica dos produtores rurais, que movimentaram no período quase R$ 2 milhões de reais.
“O primeiro ano foi muito interessante, tecnica e financeiramente. A maior parte deste valor movimentado foi vinculado ao mercado local, girou dentro da cidade. O produtor, muitas vezes, se acha desvalorizado diante do comércio da cidade. Estes resultados mostram a importância da pecuária e do produtor para o munícipio”, afirmou o técnico Félix Ribeiro dos Santos.
Trinta produtores são atendidos pelo Programa na cidade, a maioria com larga experiência no trato com o campo, mas que precisava se atualizar para manter a atividade sustentável em uma das regiões mais secas e quentes do estado.
Confiança
O principal desafio foi fazer o produtor acreditar, confiar no projeto, explica Félix. “Muitos falavam que outras ações e projetos de antes na região que não foram para frente. Após tranquilizar e mostrar que o projeto é consistente, começamos a propor a mudança de pensamentos. Aqui é uma região seca, com solos muito arenosos e baixa fertilidade. O pessoal trabalhava apenas com um tipo de capim. Então o produtor sempre teve o desfio de produzir comida para o gado e chegava nesta época do ano sempre tinha problemas. Agora eles passaram a adotar outros tipos de alimentos, fazendo silagem, usando a palma forrageira, entre outros”.
“É uma região que os produtores não tinham acesso à assistência técnica. A grande maioria é patriarca, mora na fazenda e os filhos não atuam na atividade. O produtor se viu a vida inteira sozinho, somente com o que aprendeu com o avô ou pai. Eles não esperavam ter um profissional dentro da fazenda, ainda mais com a metodologia do ATeG, que é assistência por dois anos, com visitas mensais, enxergando e ajudando a resolver os gargalos dentro da propriedade”, comentou a supervisora das cadeias produtivas da bovinocultura corte e leite no AgroNordeste, Abigair Duarte Matias.
Nova metodologia de trabalho
Marcelo Carvalho Mota é um dos pecuaristas atendidos em São Romão. A propriedade onde ele mora e mantém suas atuais 86 cabeças de gado está na família desde a década de 80. Mesmo com tanta experiência e tradição familiar, ele viu que precisava de uma atenção especial para colocar em prática novas formas de trabalho. “Eu já tinha uma base de conhecimento sobre pastagens, por conta de ter participado do Programa ABC Cerrado. Mas foi com a vinda do técnico que consegui colocar em prática. Das anotações, não fazia quase nada, só o controle de nascimento. Agora, os remédios, o dia que coloquei sal mineral, as vacinas, o dia de serviço e mão de obra, entre outros, anoto tudo”.
Para ele, a metodologia de assistência técnica será um diferencial para a região, já que um produtor vê a evolução do vizinho e começa a também mudar a forma de trabalhar. “Eu já senti diferencial, especialmente na parte financeira. Agora eu sei onde o dinheiro está sendo empregado, de onde vem e como usar o recurso, e consigo ver se a atividade está dando certo. A pecuária de corte costuma ser uma venda por ano. Então é preciso ter este controle ainda maior. Com o controle de gastos fico o mês no verde”.
E a expectativa é que tais mudanças fiquem ainda mais visíveis para o segundo ano de assistência. O técnico Félix Ribeiro explica que nem sempre todos os produtores adotam todas as mudanças de uma só vez. Muitos esperam resultados dos colegas, para então correr atrás. “Alguns que não adotaram veem o resultado dos colegas, o produtor enxerga que está dando certo, o que está sendo feito. E alguns que não tiveram resultado tão positivo acendem a luz vermelha para mudarem. Agora temos mais um ano para fazer mais correções”.
“Essa reunião será um divisor de águas da assistência técnica, porque o produtor enxergou a importância do técnico dentro da propriedade e agora sabe que, quanto mais acurada a coleta de dados, melhor. A partir dos próximos meses vai impactar positivamente na atividade”, finalizou Abigair, que também participou da reunião junto da agente de desenvolvimento local, Dayane Dias Fonseca.
AgroNordeste
O AgroNordeste é um projeto do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), através da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) e em parceria com o Sistema CNA/SENAR, leva assistência técnica e gerencial a propriedades do semiárido no Nordeste e em Minas Gerais.
O programa atende oito cadeias nas regionais de Araçuaí e Montes Claros: Apicultura, Avicultura, Cafeicultura, Fruticultura, Olericultura, Bovinocultura de Corte e Leite e Piscicultura.