Senar-MT e Sindicatos Rurais ofertam capacitação para garantir segurança no trabalho
“Trabalhei por 1 ano e 8 meses com muleta e depois passei para uma prótese. Hoje até esqueço que uso uma perna mecânica”. O produtor rural aposentado José Roberto Londero, 60, de Santa Cruz do Xingu, se envolveu em um acidente de trabalho com uma colheitadeira de grãos há três anos, e a realidade dele não é a única. De acordo com o Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho (AEAT), em 2017, 12 mil ocorrências foram registradas no ambiente rural, 45% com máquinas agrícolas¹.
Visando a conscientização das normas de segurança, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) oferta seis treinamentos de Normas Regulamentadoras (NRs). Em setembro foram realizadas cerca de 14 turmas.
Dentre os alunos capacitados, esteve Cleomar de Souza, 33, operador de máquinas em Sorriso. De acordo com o trabalhador, a certificação é importante, mas o acidente só é evitado se o conhecimento for colocado em prática. “Nunca sofri acidente, mas já ajudei a socorrer. O que faz a diferença é colocar em prática no dia a dia, os procedimentos de segurança aprendidos no treinamento”.
Segundo o instrutor credenciado junto ao Senar-MT, Diony Weslley Moreno, o treinamento orienta sobre os cuidados diários. “Envolve o uso correto das máquinas, análises dos riscos que possam acontecer, e medidas de prevenção para que não haja danos e uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) necessários”.
De acordo com o profissional é de extrema importância que o trabalhador leia o manual das máquinas e conheça os recursos de segurança instalados nos equipamentos mais modernos. “Hoje existe colheitadeira de grãos que tem sensor no banco do operador. Certos movimentos somente são executados caso o operador esteja sentado, se ele se levantar a atividade é interrompida”.
Segundo o produtor rural e presidente do Sindicato Rural de Tangará da Serra, Vanderlei Reck Junior, o conhecimento é essencial para a garantia da segurança dos trabalhadores. “A segurança é responsabilidade de todos nós. Temos a tecnologia no campo e a parte do ser humano precisa estar protegida”.
EPIs – Os equipamentos de proteção individual devem ser utilizados de acordo com a função a ser exercida na propriedade, mas há itens que são de uso geral como a bota de segurança, a perneira contra animais peçonhentos, protetor solar, óculos de segurança e, caso a máquina agrícola não tenha cabine fechada, protetor auricular.
Em Santa Cruz do Xingu, o acidente não impediu o produtor José Roberto de trabalhar, mas ele deixa o recado: “A gente pensa que essas coisas nunca acontecem com a gente. Temos que estar atentos ao serviço, porque em qualquer descuido, pode ter um acidente”.
¹ Fonte: GUIMARÃES, A. A.; PEREIRA, T. G. T.; MARZOQUE, H. J.; BATISTA, M. L..; FARIA, D. L. Evolução dos acidentes de trabalho na agropecuária, antes e após a criação da NR 31. 2020. Disponível em: http://www.sustenere.co/index.php/sciresalutis/article/view/CBPC2236-9600.2020.002.0009/2053