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História da igreja de Santo Antônio de Rubião Júnior começou com um milagre e é repleta de mitos e lendas

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História da igreja de Santo Antônio de Rubião Júnior começou com um milagre e é repleta de mitos e lendas
Foto - Jefferson Farias (todos os direitos reservados)

História da igreja de Santo Antônio de Rubião Júnior começou com um milagre e é repleta de mitos e lendas

Considerado pela população de Botucatu como um dos principais pontos turísticos da cidade e eleito como o mirante mais popular, o Morro de Rubião Júnior tem como marco a Igreja de Santo Antônio.

É ao redor da igreja que são realizadas as festas populares, principalmente a festa junina, onde se comemora o dia de Santo Antonio. Também é no entorno da paróquia quese concentram os turistas atraídos pelas histórias e principalmente pelo visual oferecido através do ponto mais alto do município.

Vale esclarecer que o Morro de Rubião Júnior é uma denominação moderna, adotada para referenciar o distrito homônimo, entretanto, é importante relembrar que na primeira década de 1900, o distrito e o morro tinham outra denominação, eram conhecidos como Capão Bonito.

Inclusive, podemos afirmar que dividia a mesma popularidade da cidade de Botucatu, devido ao avanço da ferrovia e à estação de embarque e desembarque de passageiros estava posicionada diante do morro.

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Foto – Jefferson Farias (todos os direitos reservados)

E justamente devido a esse avanço ferroviário que a igreja foi construída naquela posição, ou seja, ao se posicionar diante da igreja o visitante tem o privilégio de visualizar todo o complexo ferroviário do distrito, hoje abandonado, porém com certa beleza rústica inabalável.

Engana-se quem acredita que a intenção inicial da obra era privilegiar o Campus da Faculdade de Medicina da UNESP de Botucatu, essa é apenas uma coincidência moderna, pois por volta de 1948, onde hoje temos o exuberante campus, existia apenas um sanatório para o tratamento da tuberculose. Tratamento esse incentivado por um dos lemas da cidade, a de que tínhamos “Bons Ares”.

Porém, um dos motivos que torna tanto a igreja quanto o morro pontos de referência de Botucatu é a proximidade com o centro da cidade: está localizada a menos de cinco quilômetros, com estacionamento e acesso gratuitos. Os horários de visitação estão limitados até as 21 horas.

Para chegar até a igreja, basta seguir pela rodovia Domingos Sartori, ou a Rodovia Antonio Butignoli até a principal Avenida de Rubião Júnior, a Bento Lopes e ficar atento.
Apesar de o morro permanecer aberto o dia todo para visitação, o mesmo não ocorre com a igreja, que abre as portas apenas para as celebrações religiosas ou agendamento prévio para grupos de turistas junto à Cúria Municipal.

Se a intenção é mesmo visualizar a deslumbrante paisagem, recomendamos dois momentos para estarem presentes no topo, ao Pores do Sol, que é exuberante, e durante a noite, quando é possível admirar ao longe as luzes de cinco cidades vizinhas.

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Foto Jefferson Farias (todos os direitos reservados)

Para quem quer realmente aproveitar o passeio por completo, recomendamos que estacione o veículo no pé do morro e siga o restante do caminho a pé, pois é desse modo que poderá prestar atenção especial às formações rochosas, que segundo dizem alguns guias, formam silhuetas de animais como, um macaco e um camelo. Porém, confesso, é necessário certo exercício criativo e a presença de moradores locais para conseguir decifrar essas imagens.

Parte dessas formações podem até ter se perdido com o passar dos anos, entretanto elas fazem parte do imaginário popular. Acredita-se que o camelo, no acesso à igreja simboliza civilizações pré-históricas, da época em que a região era um grande deserto, época em que segundo os místicos o Morro de Rubião Júnior, juntamente com o Morro Cerrito e as Três Pedras, compunham um triângulo de energia Telúrica, tendo Botucatu ao centro.

A história de amor e fé responsável pela construção da igreja

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Apesar de tantos atrativos naturais e aqueles criados pelo imaginário, podemos dizer que a construção da igreja de Santo Antônio traz consigo uma história de amor e fé digna de filmes, e envolve um casal de imigrantes italianos. Relato esse que mobilizou toda a comunidade italiana da época, ao redor de um milagre, marcado pela persistência e paixão.

Por volta de 1900 o italiano Archangelo Frederico, escalava o morro todas as noites para acender uma lamparina, no local onde hoje está localizada uma pequena capela, na base da igreja. Porém ele não fazia isso à toa, ele tinha a fé de que Santo Antônio havia lhe atendido uma graça e essa foi a forma encontrada por ele para retribuir.

Antes de tornar a escalada uma rotina diária Archangelo, passou por um drama, sua esposa estava doente, não conseguia sair da cama. Foi então que ele prometeu ao santo, acender uma vela diária no topo do morro caso sua esposa se curasse de uma grave doença. O pedido foi atendido e a amada do italiano recuperou a saúde.

Em 1923 Frederico faleceu, e na noite de sua morte a comunidade italiana que residia no pé do morro não iria ver a luz de Archangelo no topo do morro. Porém toda a comunidade foi tomada por uma grande surpresa, durante seu funeral na casa da família a luz da Lamparina acendeu misteriosamente no topo do morro, diante de todos.

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Foto Renato Fernandes (todos os direitos reservados)

Incentivados por esse milagre os moradores se reuniram, abriram uma trilha até o topo, e decidiram iniciar uma grande obra em homenagem à essa história de amor e fé e ao milagre de Santo Antônio.

Transportavam material de construção em carroças, no lombo de burros e até mesmo nas costas, iniciando assim a construção da igreja de Santo Antônio. A tarefa não foi fácil, a igreja teria que ser construída no ponto mais alto do distrito, área essa que é também o ponto mais alto da cidade, localizado a uma altitude média de 930 metros, acima do nível do mar.

Para dar conta da construção, a comunidade italiana chamou o construtor português, Manoel Álvaro Guimarães, o mesmo construtor da Catedral Metropolitana de Botucatu e também o Instituto Santa Marcelina. Guimarães decidiu homenagear seu país de origem e fez a igreja em formato de castelo medieval, imitando a arquitetura do castelo de Guimarães, de Portugal.

Sob o comando de Guimarães a comunidade italiana percebeu que a tarefa não seria tão fácil, eles não contavam que para dar nivelar o terreno e iniciar a construção seria necessário dinamitar o topo do morro. Tanta dificuldade fez com que as obras durassem algo em torno de oito anos. Um período muito superior ao esperado porém necessário devido à complexidade do terreno e dificuldades tecnológicas inerentes à época.

Finalizadas as obras a Igreja de Santo Antônio, sua inauguração e entrega para a comunidade ocorreu, no dia de Santo Antônio, em 13 de junho de 1932, com uma grande festa. Festa essa que se tornou tradicional sendo realizada até os dias de hoje. Em algumas ocasiões a base do morro chegou a receber 20 mil pessoas.

Hoje, no ponto exato onde o imigrante italiano havia escavado um nicho para colocar sua lamparina todas as noites, existe uma pequena capela, com a imagem de Santo Antônio. A capelinha fica alguns lances de escada abaixo e em frente à igreja. Atrás da capela há um velario, onde os fiéis acendem velas para agradecer as graças recebidas.

Seria verdade a lenda de que a igreja foi construída sobre um vulcão?

Igreja de Santo Antonio Antes e Depois foto de arquivo da pagina Memorias de Botucatu acervo de Maria Anna Moscogliato

Com o passar dos anos outras lendas começaram a circular sobre o morro, uma delas dá conta de que a igreja foi construída sobre um vulcão, o que não é verdade, pois ela está situada sobre um Morro Testemunho, uma colina de topo plano situado adiante de uma escarpa de Cuesta.

Apesar de importante igreja não é tombada historicamente, mas houve tentativa, em dezembro de 2014 com os vereadores Lelo Pagani, e André Rogério Barbosa. Eles solicitaram que a Prefeitura Municipal de Botucatu pedissem o tombamento do Morro de Rubião Júnior e a Igreja de Santo Antônio como patrimônio histórico do Estado de São Paulo através do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat), porém apesar dos esforços políticos o tombamento não avançou.

Horário de Missas:

19h30 – Todos os domingos
19h30 – Todo dia 13 de cada mês com a Bênçãos dos Pães

Por Renato Fernandes

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