Análise: Diminuir a masculinidade tóxica é diminuir a masculinidade?
Se a masculinidade se tornou algo tóxico, resolver o problema parece bem simples: basta combater a masculinidade e fazer com que os homens sejam mais parecidos com as mulheres, certo? Segundo a escritora e apresentadora de TV americana Allie Stuckey, homens não se tornam menos violentos quando deixam de ser homens, mas sim, quando deixam de ser maus.
“A resposta para a masculinidade tóxica não está em diminuir a masculinidade, mas sim, em melhorá-la”, afirma Stuckey em seu artigo “Make Men Masculine Again” (Torne os homens masculinos de novo, em tradução livre). Para a escritora, melhorar a masculinidade começa com atos simples de cavalheirismo, como abrir a porta para uma mulher, até as ações de maior responsabilidade, como trabalhar duro para sustentar esposa e filhos. E acrescenta: “Os problemas da sociedade atual não estão no fato de homens serem muito masculinos, mas sim, por não serem masculinos o bastante”.
Homens menos masculinos fogem de suas responsabilidades, abandonam seus filhos e nem sequer se preocupam com o sustento deles. Homens menos masculinos não têm liderança, deixam tudo a cargo de terceiros e culpam coisas e pessoas por seus fracassos. Homens menos masculinos não assumem seus relacionamentos e, muitas vezes, transformam a casa de suas “namoridas” em pensões, onde dão entrada às sextas-feiras e saída às segundas, mas com um agravante: não pagam nem mesmo a comida que consomem.
Segundo a pesquisa “The Consequences of fatherlessness” (As consequências da ausência do pai), publicada no site Fathers.com, um de cada quatro pais nos Estados Unidos vivem longe dos filhos, enquanto crianças que crescem sem os pais são mais depressivas e mais sujeitas à prisão, à gravidez na adolescência, à pobreza e ao abandono dos estudos.
Pais são tão necessários na vida dos filhos quanto as mães, porém, nos dias de hoje, boa parte deles tem agido exatamente da maneira como têm sido tratados: como acessórios dispensáveis. A minimização da figura masculina tem deixado um rastro negativo na sociedade como um todo, pois cada vez mais temos homens indecisos e desnorteados, mulheres infelizes por terem que tomar a frente de tudo e filhos confusos pela falta de uma estrutura familiar sólida.
No fundo, as mulheres sabem o que querem em um homem: que ele realmente seja homem, uma pessoa com quem possam contar e em quem possam confiar. Sobre isso Stuckey afirma: “Não conheço nenhuma mulher, de nenhuma idade, que se sinta atraída por um homem que queira ser sustentado, protegido e liderado por ela. Todas as mulheres que conheço querem um homem forte, decidido e responsável, e isso é algo que o feminismo não pode mudar.”
Um homem é muito mais tóxico para uma mulher, bem como para a sociedade como um todo, quando é irresponsável, quando não se vê na obrigação de sustentar sua família e prover para ela o melhor possível.
Não é a masculinidade que humilha, agride e violenta mulheres, mas sim, a falta dela. São homens maus que fazem isso, enquanto homens fracos apenas observam. Precisamos de bons homens que, com sua masculinidade inata, quebrem esse ciclo.
Autora
Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.