Conheça o Interlagos, o clássico com nome da pista do GP São Paulo de F1
Desenvolvido a partir do Renault Alpine A 108 , sob licença da companhia francesa, os Willys Interlagos surgiu por aqui em 1962 entrando para história como um dos esportivos nacionais mais lembrados por entusiastas e colecionadores de carros clássicos.
E aprova de tanto sucesso em apenas quatro anos de produção se deu por meio de suas linhas tipicamente ímpares e esportivas. Sua fabricante, a Willys Overland do Brasil, instalada por aqui em 1952, produzia o esportivo nas versões cupê, conversível e berlineta.
O palco de apresentação oficial do Interlagos foi Salão do Automóvel , realizado no Pavilhão do Ibirapuera, em São Paulo, em outubro de 1961. Toda a atenção dos visitantes era voltada para o lançamento que prometia sacudir o mercado.
Seu chassi era tubular como mandava a tradição dos carros esportivos importados da época como, por exemplo, os Porsche 356 . Sua carroceria era feita de plástico (poliéster) reforçado com fibra-de-vidro, ideal para produção em pequena escala, por dispensar a utilização de caras prensas para chapas de aço.
O nome Interlagos ao carrinho foi uma homenagem do autódromo paulistano por sugestão do jornalista e publicitário Mauro Salles. E o logotipo, duas bandeiras quadriculadas cruzadas, foi copiado do emblema das 500 Milhas de Indianápolis. Por ter batizado o carrinho, Salles recebeu o primeiro esportivo a sair da linha, como prova de reconhecimento.
Os Interlagos tinha como características principais pequenas entradas de ar – localizada nos para-lamas traseiros – que tinham a função de refrigerar o motor, sendo que os da versão berlineta eram exclusivos, com uma reentrância em curva atrás do arco de roda.
Internamente, o capricho nos materiais deixava clara a sua verdadeira vocação esportiva: bancos individuais anatômicos com encosto reclinável e revestido em couro, volante de três raios com revestimento de madeira no aro, conta-giros etc. Logo atrás dos assentos, um pequeno espaço para bagagem complementava o restrito porta-malas dianteiro.
Aliás, entre os motores a Willys disponibilizava cinco opções que iam desde o 845 cc – daí o nome Tipo 845 – até o fabuloso 1093 (o mesmo do Renault 1093 ) que atingia os 141 km/h de velocidade máxima cumprindo a tarefa de aceleração de 0 a 100Km/h em 19,4 segundos, valores insignificantes levando em consideração o seu peso de apenas 660 Kg.
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Pequeno por fora e com um espaço relativamente suficiente para dois ocupantes o Interlagos possuía 3.780 mm de comprimento, 1.470 mm de largura e uma altura de somente 1.160 mm.
Sua concepção mecânica era típico dos carros esporte da época, monobloco com estrutura tubular de aço, e motor dos Renault Dauphine , Gordini e 1093 e tração traseiros, câmbio de quatro marchas e suspensão independente nas quatro rodas com molas helicoidais.
A fábrica do primeiro carro esportivo nacional ficava situada no bairro paulistano do Brás, sendo que mais tarde a companhia se transferia para Santo Amaro, atendendo a uma maior demanda dos Willys . Era uma filial da Willys-Overland do Brasil que ficava no bairro do Taboão, em São Bernardo do Campo – em São Paulo.
O Willys Interlagos teve 822 unidades produzidas de 1961 a 1966 tornando-se um dos clássicos mais desejados não só por colecionadores, mas também por aqueles que sempre sonharam um dia ter um exemplar destes. Hoje o esportivo é muito cobiçado em grandes eventos de carros antigos e seu preço ainda é negociado.
Empregando 10.000 funcionários e fabricando 6.000 veículos por mês, a Willys Overland do Brasil se destacava como uma das maiores montadoras brasileiras dos anos 60.
Acompanhe a produção dos seus diversos modelos (inclusive a montagem artesanal dos esportivos Interlagos ) e veja as berlinetas “em ação” nas pistas de Interlagos.
Nos circuitos
O departamento de competição da Willys , em Santo Amaro, gerenciado por Christian Heins , o Bino, trazia diversos títulos de vitória em grande parte das pistas brasileiras. Inclusive o Interlagos pilotado por Bino pôde competir no famoso campeonato das ” 24 horas de Le Mans” graças ao convite feito pelo francês Jean Redelé, que na época trabalhava como preparador de motores para a Willys.
Infelizmente, um acidente acabou tirando a vida de um dos nomes mais lembrados do automobilismo e que poderia ter sido um grande campeão de Fórmula 1; Christian Heins chocou-se com um Renault Alpine num carro que derrapou a sua frente pegando fogo.
No Brasil, Luiz Antonio Grecco , assistente de Bino, assumia o cargo na Gerência do Departamento deste. Entre os pilotos da equipe brasileira da Willys estavam: Wilsinho Fittipaldi, Luiz Pereira Bueno, José Carlos Pace, Bird Clemente, Chiquinho Lameirão entre outros campeões que fizeram história nas pistas.