Porsche Taycan 4 Cross Turismo: para quem quer espaço, mas não um SUV
O carro elétrico mais em conta do Brasil é o JAC E-JS1, e custa R$ 164.900. Já o mais caro, é o Porsche Taycan Turbo S, que sai por R$ 1.08 milhão. Qual elétrico poderíamos considerar como “o caminho do meio”? Um Audi? Um Volvo?
Pois descobrimos que, por R$ 685 mil (R$ 60 mil a mais do que a média exata de preços entre o JAC e o Turbo S), podemos optar por um Porsche Taycan 4 Cross Turismo , versão que promete ser a mais racional de todas, por conta da sua carroceria perua, regulagem de altura do solo, bem como requinte e desempenho de um legítimo Porsche. Pois é.
Inclusive, a unidade que testamos é a mesma que atravessou 14 estados do sul ao nordeste do Brasil, por mais de 9.000 km, ao longo de 26 dias. Pudemos perceber resíduos dessa aventura em alguns cantos mais escondidos, como barro atrás das borrachas que fazem as vedações das canaletas de portas, por exemplo. Já viu um Porsche, perua, elétrico , com largura e comprimento de algumas minivãs, encarar o off-road?
Veremos outros como ele no futuro
Apesar de chamativa, é um dos carros da Porsche mais voltados ao uso cotidiano. Claro que é bem maior do que uma perua convencional, mas ela também entrega muito mais. O Cross Turismo tem 30 mm de altura livre em relação ao solo para facilitar a passagem em terrenos mais complicados. O pacote offroad também vem com tração integral permanente e suspensão a ar adaptativa.
Além disso, ganhou 36mm de altura para os ocupantes dos bancos traseiros e o porta-malas cresceu em 39 litros, passando para com 446 ou 1.212 litros, dependendo da forma como o condutor modular, com possibilidade de rebatimento dos bancos traseiros. O rack de teto pode carregar até 73 kg.
Essa preocupação da Porsche com a versatilidade é bem notória ao encarar as irregularidades do asfalto, No modo conforto, o carro é bem macio e passa por valetas com muita tranquilidade. Até no modo mais esportivo, onde a suspensão fica a mais baixa e rígida possível, não enfrentamos qualquer dificuldade nesse sentido.
Claro que, apesar do grande porte do Taycan aventureiro, o espaço para os ocupantes que vão atrás não é dos maiores. Por outro lado, todos no carro contam com o mesmo nível de acabamento sensível ao toque, bastante firmeza e segurança nos bancos, bem como telas. Sim, ao todo, o carro tem quatro telas na frente e uma atrás.
O quadro de instrumentos curvo e independente é de bem fácil visualização. Além disso, vem com uma tela central para o sistema multimídia de 10,9 polegadas e uma tela adicional (opcional) para o passageiro da frente. Logo abaixo, vemos mais uma para mais comandos, como volume do som e climatização. Atrás, como se não bastasse, há outra de ar-condicionado.
Apesar de toda a preocupação com a mobilidade, sabemos que estamos em um Porsche quando aceleramos as mais de 2,5 toneladas até 100 km/h em 5,1 segundos. E isso com a sensação de estabilidade e segurança que serviria a um carro com o dobro da potência. Sobra “chão” no Taycan 4 Cross Turismo. Se mesmo depois disso eu contar para você que ele tem autonomia (ciclo WLTP) de 389 a 456 km, você acreditaria?
Apesar de não trazer o mesmo pacote de baterias e de propulsores da versão Turbo S, o carro está bem longe de ser um “Baby EV”. Conta com arquitetura de 800 Volts e capacidade total de armazenamento de 93,4 kWh. Desenvolve 280 kW (380 cv) de potência e ainda dispõe dos recursos de overboost e controle de largada, que elevam a potência para 350 kW (476 cv).
Conclusão
As peruas no Brasil estão praticamente extintas. Há também notícias no exterior de que as fabricantes estão “largando mão” desse segmento que serviu inúmeras famílias ao longo de décadas. Por que isso simplesmente acabaria desse jeito? Se eu mesmo não conseguia entender como o mercado limitou as peruas ao passado, depois de andar na Taycan 4 Cross Turismo, não há mais o que me convença do contrário.
A proposta desse tipo de carro é entregar vários em um. Tirando a questão de status que os SUVs trazem socialmente, o maior atributo deles é a altura elevada em relação ao solo. Mas depois do que esse Porsche se mostrou nas imagens que vocês viram anteriormente, bem como nos nossos testes, acredite em mim: não é preciso mais do que isso.
Fora o fato do carro ser elétrico. A manutenção deles é muito mais reduzida do que os carros a combustão. Vai chegar o dia em que será necessário trocar as baterias? Sim, mas até lá, um carro a combustão, desse patamar de produto, vai ter custado, sim, uma quantia relevante em manutenção. Pode ter certeza disso.
Ficha técnica:
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Preço: R$ 685 mil
Motor: Dois elétricos
Potência: 476 cv (combinados)
Torque: 51 kgfm (combinados)
Transmissão: Automático, 1 marcha + Ré
Suspensão: Independente com braços sobrepostos e mola pneumática (dianteira) / Independente multibraço e mola pneumática (traseira)
Freios: Discos ventilados
Pneus: 225/55R19 (frente) / 275/45R19 (atrás)
Dimensões: 4,97 m (comprimento) / 1,97 m (largura) / 1,41 m (altura), 2,9 m (entre-eixos)
Porta-malas: 530 litros
Consumo: Autonomia de até 456 km (WLTP)
0 a 100 km/h: 5,1 segundos
Velocidade máxima: 220 km/h