A Fazenda 13: reality tem edição machista após colocar vítima em perigo
A edição desse sábado (25), do reality ‘A Fazenda’, foi, no mínimo, constrangedora. Durante todo o dia, o assunto foi o assédio por parte de Nego do Borel para com Dayane Mello. Nas imagens levadas ao ar no programa ao vivo, a edição mostrada dava a entender que Day ‘deu mole’ para Nego por diversas vezes ao longo do dia e durante a festa. Isso não justifica qualquer atitude que Nego tenha tido no momento em que ele e Day estavam na cama. Essa atitude da edição do programa só alimenta uma visão machista de que a mulher provocou a assédio que sofreu. Isso acontece em ambientes predominantemente masculinos, como é o caso da reality rural da RecordTV. Quantas diretoras ou responsáveis mulheres existem na equipe para mostrar que o estado em que Dayane estava era um sinal amarelo e que logo foi para o vermelho? Por que não mostrar o vídeo onde Day não consegue sequer trocar de roupa sozinha?
A RecordTV, assim como os diretores da atração, são responsáveis pelo ocorrido. A equipe tem responsabilidade em redobrar a atenção quando se percebe que algum participante passou da conta. Além disso, vários participantes que presenciaram as cenas enquanto Nego e Day estavam na cama – ainda com a luz acesa – alertaram que aquilo poderia dar problema, já que era visível o estado de embriaguez da participante. Suas falas eram todas emboladas e por vezes sem sentido. Todos os alertas de que aquela mulher estava em perigo foram dados, mas o que a equipe responsável fez? NADA! Simplesmente deixaram o barco correr, mesmo depois de Rico Melquíades alertar que Nego estava excitado. Tempos depois, o cantor saiu para buscar uma camisinha, que para disfarçar chamou de repelente. Vale lembrar que Nego estava consciente de suas atitudes.
Era obrigação da direção do programa ao ver todos esses alertas e o estado que Dayane Mello estava, de zelar por sua segurança – como fizeram na baia logo no início do programa. Mas não! Ainda apagaram as luzes e deixaram a participante a própria sorte. Por graça divina não aconteceu um estupro de vulnerável, que é quando a vítima não tem capacidade de consentir o ato sexual (a penetração), porque se tivesse acontecido, assim como foi cúmplice do assédio que a modelo sofreu, a emissora seria também desse crime hediondo. Mas é claro que tentariam se justificar falando que não podem intervir no jogo e fariam todo teatrinho que foi feito ontem. Uma mulher em perigo não é entretenimento. Esse tipo de comportamento que a emissora deixou acontecer incentiva outros homens a terem a mesma atitude que Nego teve. Era obrigação da direção chamar a atenção do Nego do Borel via orientação sonora.
Apesar de Nego ter falado para MC Gui que a modelo havia “assinado o contrato”, por ela ter respondido, totalmente sem consciência, que queria ficar na cama junto ao funkeiro, o programa deveria fazer uma campanha entre os participantes para mostrar que consentimentos dados durante o estado elevado de embriaguez não devem ser levados adiante. Isso se faz importante já que homens como Mussunzinho, Bill, Erasmo – e até mesmo uma mulher -, Tati Quebra Barraco chegaram a culpar a vítima alegando que ela estava se oferecendo para justificar o assediador.
A frase mais importante de todo programa foi dada por uma mulher, porque a apresentadora Adriane Galisteu entende de verdade o que se passou com Dayane Mello. Então para ficar claro: quando uma mulher fala ‘não’, é não. Quando uma mulher altamente embriagada, fala sim, também é não. Fica a lição também para RecordTV: audiência nenhuma, visto que nem com todo esse caso conseguiu chegar a liderança no horário, justifica assistir uma mulher sofrer um crime e não intervir.