“Até hoje me sinto como um pedaço de carne a ser comprado”, diz Carol Narizinho
O assédio nos corredores das emissoras de televisão ficaram no passado, mas Carol Narizinho conta que essa realidade não é a mesma no universo das redes sociais , onde tem trabalhado bastante desde o começo da pandemia. A ex-assistente de palco conta em uma entrevista exclusiva ao iG Gente como está trabalhando para superar e inspirar outras mulheres com o seu trabalho.
“Às vezes, eu posto algo de biquíni ou uma publicidade que aparece um pouco mais do meu corpo e vem aquele monte de homem elogiando, falando besteira ou oferecendo dinheiro para sair comigo, para me comprar. Isso até hoje me incomoda. Eu me sinto como um pedaço de carne a ser comprado, a ser desejado. Me incomoda bastante essa visão masculina. Acho que a mulher tem de ser livre, mas ainda tem muito machismo nesse meio. A gente não pode andar de biquíni ou postar uma foto usando ele que está se vendendo, mas não é isso que estou fazendo”, reforça a modelo.
Carol explica que por ter sido uma pessoa ingênua, sofreu em diversas relações e, ao longo da vida, foi se tornando uma pessoa mais dura e fria. Ela conta que também recebeu mensagem de algumas ex-companheiras do extinto “Pânico na Band” que se mostraram impressionadas por não serem as únicas a terem vividos situações de assédio sexual e não saberem como lidar.
“Eu já ouvi muitas histórias assim. O que eu passei foi muito leve, foi algo que natural de quem acaba se expondo trabalhando de biquíni ou posando nua. É um preconceito e julgamento, principalmente da parte masculina, de achar que pode comprar a mulher só porque a mulher trabalha, só porque a mulher tem um corpo legal.”
Inspirar mulheres
Carol deixa claro que não julga quem escolhe aceitar este tipo de proposta, dizendo que não sabemos os motivos que levaram a pessoa a aceitar. “Sempre tentei passar isso também para as minhas seguidoras, para as pessoas que me seguem. Desses valores, da criação da minha família. Eu sou uma pessoa muito família, apesar de ser órfã, ter perdido meu pai muito cedo – quando eu tinha nove anos -, ele me educou assim. Formou muito do meu caráter”.
A modelo também se emociona ao lembrar da mãe, falecida há três anos, lembrando de como elas eram melhores amigas e conversavam sobre diversos assuntos. “Ela me deu uma criação que sempre me deixou livre, mas sempre me ensinou os valores e a ética que as pessoas devem ter.”
Por isso, Carol quer inspirar todas as pessoas, especialmente as mulheres, para que elas possam usar a roupa que quiserem, ter o corpo que desejam, independente de julgamentos.
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Alinhada com a carreira
Um reflexo das transformações de Carol são os trabalhos como modelo de produtos naturais desde a sua saída do programa Pânico, no qual ela e as outras assistentes de palco eram cobradas a ter um corpo sem defeitos. Sua busca pela perfeição deixou traumas, assim como o uso de anabolizantes ainda tem danos visíveis.
“Hoje em dia eu me aceito muito mais do jeito que eu sou. Tenho minhas celulites ali. Isso não me incomoda mais como antigamente, que tinha aquela pressão de estar perfeita. No Carnaval, a gente tinha que sambar e o bumbum não podia balançar. Hoje em dia eu já não me incomodo mais com isso, mas eu me cobro bastante por estar bem, me olhar no espelho e me sentir bem”, conta Carol.
No momento, ela está prestes a lançar uma linha de produtos de beleza que já está em fase de produção. “Foram desenvolvidos com muito amor, muito carinho e muito cuidado. Eu testei, aprovei e mudei tudo que eu queria, até a gente chegar na fórmula exata do que eu queria e em breve eu vou lançar”.
Além disso, a loira conta que está em busca do seu milhão. “O meu primeiro milhão eu já fiz, na verdade. Foi tudo muito rápido depois que eu entrei para a televisão, me tornei uma pessoa pública. Ganhei realmente muito dinheiro, trabalhei muito também, mas eu não soube lidar com esse dinheiro, não tinha inteligência financeira. Eu acabei perdendo muito dinheiro, fiz investimentos errados. Agora eu estou me recuperando e conseguindo fazer os investimentos certos para juntar meu próximo milhão e comprar meu apartamento”.
Vida a dois
A modelo e Gustavo Fischer estão juntos há um ano e seis meses, mas já se conhecem há pelo menos 12 anos. “Eu trabalhava como dealer em um clube de pôquer e ele ia lá jogar. Eu sempre achei ele superbonito, mas na época eu namorava e ele também, então a gente nunca chegou a conversar”, lembra Carol.
Foi pouco antes de começarem a namorar que os dois foram conversar de fato. Eles já eram amigos no Facebook, mas foi somente quando a modelo começou a seguir Gustavo no Instagram que eles conversaram, marcaram de se encontrar e seguem juntos. Agora ele está de mudança para São Paulo e eles vão iniciar uma nova fase na relação: morar juntos. “A gente está experimentando. Por enquanto está dando muito certo. No futuro a gente pensa em um casamento, filhos, enfim”.
Maternidade
Carol não esconde o sonho de ser mãe e acredita que uma chavinha virou quando chegou aos 30 anos. Apesar de não sentir uma pressão social, a modelo conta que toda sua família está na torcida por um bebê. “Minha avó quer muito ter um bisneto, minhas tias querem um sobrinho-neto. Não tem mais criança na minha família e minha sogra também é doida para ser avó”, comenta.
Ela conta que o namorado tem vontade de ter filhos, mas que a decisão dos dois para o momento é esperar, entre outros pontos, alcançarem a estabilidade financeira. “Eu quero poder dar tudo que tiver ao meu alcance ao meu filho. Não quero que ele passe necessidade assim como eu passei. A minha infância foi bem difícil, uma família muito pobre, minha mãe era faxineira. Eu passei muitas necessidades. Não passei fome, mas passei vontade. Então, eu espero essa estabilidade financeira para a gente poder ter um menino ou menina”.