Felipe Hintze revela que professora mandou ele emagrecer para ser ator
Do teatro amador em Campinas, interior de São Paulo, à rede nacional: essa foi a trajetória de Felipe Hintze. O ator está no ar na Globo como o delegado Torres, em “Quando Mais Vida Melhor”, e em cartaz no teatro com a peça “Névoa – From White Plains”, mas quando começou a atuar não imaginava que seria possível chegar na televisão. Hoje, o artista quer conquistar mais espaço e representatividade para as pessoas fora do padrão.
Felipe é um homem gordo e lembra que quando se mudou para a capital paulista escutou de uma professora de teatro que precisaria emagrecer. “Ela falou: ‘Se você quer trabalhar como ator, é melhor você emagrecer porque não se escreve para pessoas gordas’. Alguma coisa interna minha disse para eu não escutar isso e que quanto mais verdadeiro eu fosse, mais iria cavar as minhas oportunidades”, conta em entrevista ao iG Gente.
Cerca de um ano depois, o ator foi contratado para o primeiro trabalho na televisão e atuou em “Dupla Identidade”, série escrita por Gloria Perez e exibida na Globo em 2014. “Quando vou lá, provo que as pessoas estão erradas”, diz.
De lá para cá, Felipe já esteve em outras produções da emissora. Um dos papéis de maior destaque foi como Eziel em “Verdades Secretas”, um jovem que sofria bullying e revelou para Gui (Gabriel Leone) que Angel (Camila Queiroz) se prostituía. Entretanto, foi somente quando já trabalhava como ator em São Paulo que percebeu que poderia conquistar espaço na televisão.
“Quando você é do interior, você pensa que tem algumas coisas que não pode alcançar. Tem uma limitação de espaço. Sempre acreditei ser uma coisa muito distante da minha realidade. Quando vim para São Paulo e comecei a estudar teatro, essas possibilidades se aproximaram, mas não era algo que eu esperava”, diz.
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O palco do teatro foi onde Felipe começou a carreira e é o lugar onde ele se sente em casa. O ator comemora a possibilidade de fazer televisão, mas é no teatro onde se sente à vontade. Com 28 anos, o artista lamenta o fato de alguns atores da mesma geração ignorarem o trabalho nos palcos.
“Muitos atores da minha geração só querem a televisão. Querem ficar famosos e bombar na internet. Esses atores não fazem teatro e fico um pouco decepcionado com a minha geração porque eles estão sempre buscando uma coisa que é fútil e rasa. Sempre fui muito feliz e me senti muito realizado quando estava fazendo teatro em Campinas, interior de São Paulo, para cinco pessoas, e quando estou fazendo ‘Verdades Secretas'”, comenta.
Com o prazer pela atuação e a vontade de levar discussões importantes para a sociedade, o ator está em cartaz com “Névoa”, em São Paulo. A peça aborda temas como cancelamento, suicídio, bullying e preconceito. Na história, Felipe interpreta um homem gay com dificuldade em assumir a relação com o namorado para a sociedade. Enquanto isso, o namorado sofre com a morte do melhor amigo, que tirou a própria vida após sofrer homofobia.
“Abordamos temas muito delicados nessa peça e não tem um dia que eu saia do teatro e não tenha uma pessoa para falar comigo e compartilha algo da vida dela que foi muito importante e ela relembrou na peça. Teve gente que chegou me abraçando chorando. É importante abordar um assunto e ver as pessoas se sentindo representadas”, diz o artista.
Para o futuro, um dos maiores sonhos de Felipe é poder protagonizar uma novela. “Meu maior sonho é continuar. Só consigo exercer meu trabalho se me dão oportunidade e eu penso que ainda falta muita oportunidade para pessoas fora do padrão. Quero muito um dia poder protagonizar uma novela. Seria muito interessante ter um protagonista fora do padrão e que levasse uma história. Isso seria a realização de um sonho”, conclui.