Juliette está se despedindo da temporada de São João. No palco e fora dele. O que dá pena. Para quem quer vê-la e para a própria paraibana, que neste ano esteve no lugar de ídolo em vez de se apertar no meio do povo, cantar a plenos pulmões seus forrós preferidos e dar pinta com as amigas até de manhã, festejando. Ela esteve em seis cidades diferentes no último mês, alternando entre o repertório completo e as participações. Em Campina Grande, sua terra, teve bis, com dois shows de sua atual filha mais ilustre. Quando pensa que lugar ocupa hoje, Juliette respira fundo. “É tanta emoção que tenho que me controlar demais para não desabar no choro e ficar conversando com as pessoas lá de cima do palco. Então, eu me trabalho para dar o meu melhor àquelas pessoas que estão ali por mim”, observa.
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A temporada não foi fácil. E o corre entre cidades rendeu uma sinusite e dores nos joelhos. “Não sabia o quanto era difícil tudo isso. Quando estamos do outro lado, só pensamos no glamour, na parte bonita, sem imaginar tudo o que acontece”, analisa ela. Afinal, Juliette está começando nessa estrada. Com cerca de sete shows por mês, ela vem experenciando o contato com o mundo artístico na prática.
Se por um lado, ela realiza um sonho, do outro, acordou para questões antes sequer imaginadas. “Eu achava que tudo era lindo, que todas as pessoas se ajudavam, que havia boa vontade de todo mundo. Mas depois vi que a realidade é outra, né? Então, para quem sonha com tudo isso, fama, dinheiro, estar nesse meio, é bom saber que o trabalho é árduo e nem tudo é o que parece”, pondera.
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A reflexão vem num momento em que Juliette está sentindo falta de algo conquistado com muita persistência: sua liberdade. Única mulher no meio de uma família de quatro irmãos, ela teve que dobrar o pensamento ainda machista, reproduzido numa casa de homens nordestinos, para chegar aonde queria. Fez faculdade em João Pessoa, morou sozinha, batalhou para pagar os próprios boletos e quando imaginavam que ela fosse casar e dar prosseguimento ao modelo pré-existente, decidiu optar por ela mesma.
Acostumada a estar rodeada de gente, fez com os amigos um segundo clã. É com parte deles que viaja e trabalha, mas Juliette quer mais. “Vivo um momento maravilhoso e sou muito grata a tudo o que me aconteceu e ao que estou vivendo e ainda vou viver, mas tem coisas que não posso fazer mais e custei a entender. Sinto falta, por exemplo, de sair sozinha, sentar com uma amiga numa lanchonete e beber um açaí, esquecer do tempo”, reflete.
Namorar é outra coisa que Juliette não consegue. “Como, rapaz? Nem dá para pensar nisso agora. Estou focada na minha carreira, nesse aprendizado. Eu não conseguiria me dedicar a um relacionamento da forma que ele merece, que eu gostaria”, justifica: “Mas tenho aí meus momentos, dou uns beijos na boca, porque não estou morta, né?”.
Morta não, porém discretíssima. Após um affair com Daniel Trovejani, sócio e ex de Anitta, algo nunca assumido por eles, Juliette vem sendo novamente apontada como a crush de Rodolffo. O “Bastião” acabou revelando numa entrevista que os dois ficaram há um tempinho: “Eu não posso controlar o que dizem a meu respeito, né? Só posso ser responsável pelo que eu digo. Então, se querem falar, tudo bem também. Sou um mulher solteira e livre”.
Os fãs da artista (ah, sim, ela é!) parecem ter uma câmera escondida que mostra todos os seus passos. Eles só não conseguiram descobrir sobre o aneurisma com o qual Juliette foi diagnosticada no ano passado. Como na música “A novidade”, de Gilberto Gil, de um lado ela vivia um verdadeiro carnaval, com o lançamento do primeiro EP, um planejamento de carreira, aquele furdunço todo. Do outro, a fome total de uma vida alimentando a mesma doença que matou sua irmã Juliene aos 17 anos. “Eu escondi de mim mesma, se você quer saber. Fiz o check-up, recebi o diagnóstico e fiquei em choque. Não quis mais falar sobre o assunto. As pessoas diziam que eu tinha que operar e eu fingia que não era comigo. Não falava sobre isso com minha mãe, ninguém. Só um amigo e outro que insistiam. Eu tratei de negar para mim, aquilo não estava acontecendo. Mas operei e graças a Deus, ficou tudo bem”, relembra.
Tempo para ir ao médico e à terapia é prioridade para Juliette. “Saúde é algo do qual não abro mão. Tempo para essas duas coisas tenho que ter, senão eu não dou conta”, brinca ela. É na sessão semanal que despeja suas inquietações. Já era assim antes de entrar no “BBB”, foi lá dentro com as dezenas de rodas de conversa entre ela e os demais participantes, e vai continuar a ser. “Até outro dia, eu estava do lado de lá, sem saber de nada desse mundo. Agora estou aqui lidando com tudo o que é novo para mim. Preciso entrender e assimilar tudo isso. Já passou um ano e pouco, dois de pandemia, quanta coisa mudou… Está fazendo um ano do documentário mostrando minhas raízes, minhas origens. né? Hoje, se eu fizesse um novo, mostraria o que está por trâs das câmeras, aquilo que ninguém vê, o que é de verdade mesmo”, argumenta.
Recentemente, o nome de Juliette apareceu em duas polêmicas nas redes sociais. Na primeira, se autoproclamou artista. Algo questionado por Samantha Schmutz e que rendeu. Na segunda, contou que foi chamada para dublar uma personagem, mas que não teria como neutralizar seu sotaque como foi pedido e os ataques começaram: “Eu expliquei bem direitinho o que tinha acontecido, com todos os detalhes. As pessoas pegaram um recorte e ouviram apenas o que queriam. E não o que eu disse. Esse ruído típico das redes sociais é algo com o qual lido todos os dias. Quando sinto que os ataques a mim são direcionados de uma forma pessoal, logo me vem a sensação de que aquela pessoa quer causar algo para ter engajamento, sei lá. Então, separo muito o joio do trigo para saber o que é uma crítica construtiva ou apenas alguém querendo tirar proveito da situação”.
Morando meio no aeroporto e na nova mansão no Rio, Juliette ainda não conseguiu se dedicar como quer à decoração da casa (“já consegui colocar umas coisinhas lá com a minha cara”) e tem visto a família pelas vídeoschamadas. “Eu faço o que eu posso mesmo. Minha mãe e meu irmão (Washington) moram comigo. Meu pai e meus irmãos estão lá na Paraíba, mas às vezes consigo trazer alguém pra cá e ficar um tempinho. Mas sabe quando os pais deixam filhos e dizem que é porque estão cuidando do futuro deles? É igualzinho!”, avalia.
Se pudesse, ela jura, voltaria para a casa mais vigiada do Brasil: “Eu morro de vontade! Agora já conheço tudo, sei como é. Sou muito grata ao que o programa me proporcionou e me proporciona até hoje. Quem não gostaria de ficar lá três meses sem pensar em nada, sem pagar conta?”.
Fonte: IG GENTE