Mateus Solano: “Gostaria muito de ser apresentador”
Mateus Solano torce o nariz para o rótulo de ‘galã’. Mas ele é. Aos 40 anos, escalado como protagonista da próxima novela inédita das 19h, na Globo, ele admite que a expectativa é imensa e ainda conta que seu personagem não é ‘aquele personagem solar’. “Guilherme é um homem muito autocentrado, controlador, machista e que, portanto, tem muito a aprender e a melhorar durante a novela”. Fã de pimenta, amante da natureza, Mateus confessa que fazer sucesso na televisão nunca fez parte dos seus planos. O que ele sempre desejou era trabalhar no teatro. Ao ser questionado se pudesse escolher um remake para atuar, Mateus não pensou duas vezes ao escolher um dos clássicos de Cassiano Gabus Mendes.
Em algumas entrevistas, você revelou que desde muito cedo fez vários cursos de teatros. Você sempre quis ser ator?
O teatro sempre esteve no meu coração desde que meus pais me levavam para assistir até quando comecei a fazer sucesso nas aulinhas de teatro curriculares no colégio. Já com 14 anos eu sabia que era isso que eu queria fazer ! A história do ‘Plano B’ vem depois quando a gente começa a ver que é difícil sobreviver do teatro nesse país. Eu já estava quase procurando outros planos dentro da profissão, como professor de teatro ou dublador, quando começaram a surgir trabalhos que me permitiram sobreviver das artes cênicas.
Em 2009, você fez ‘Maysa’ e depois veio a novela ‘Viver a Vida’, com os gêmeos Jorge e Miguel. Foi um ano que você sentiu que tinha chegado a sua vez?
Apesar de me considerar um ator de teatro que entrou na TV e, portanto, fazer sucesso na televisão nunca tinha feito parte dos meus objetivos de carreira, claro que é inevitável se sentir na ‘crista da onda’ quando se emenda dois trabalhos tão potentes quanto o Ronaldo Bôscoli de ‘Maysa’ e os gêmeos de ‘Viver a Vida’. Os anos de 2009 e 2010 foram muito especiais por conta desses trabalhos, sim.
Existem personagens que entram para a história da teledramaturgia como o Félix de ‘Amor à Vida’. Você imaginava ser tão amado com um vilão?
Félix foi um caso e amor tórrido entre o público e ao personagem. A gente nunca espera um sucesso desse tamanho, mas acho que foram ingredientes muito certeiros, especialmente cozinhados pelo autor Walcyr Carrasco, com a direção o Maurinho Mendonça e a minha interpretação, que eram um molho bacana. Félix falava com muita liberdade e muito humor da maldade que temos dentro de nós: a vontade de falar do outro, de julgar, de apontar o dedo para outro e também da redenção dessa mesma maldade. Portanto, foi um prato cheio.
E ser galã como Eric em ‘Pega Pega’? O que achou?
Essa história do galã me intrigou desde o início. É uma gaveta na qual colocam alguns atores e eles não conseguem sair depois. Graças a Deus, na Globo, desde o início me foram dados personagens ricos e que vão muito além do homem bonito e cobiçado. Intrigante também foi responder a uma pergunta parecida quando fui fazer o Félix: ‘Como é fazer um personagem gay depois de fazer tantos galãs?’. Respondi: ‘Não sabia que gay não podia ser galã e vice-versa’.
Que personagem de um remake que você cruzaria os dedos para ser chamado?
Nossa! Gostaria de fazer qualquer personagem num remake de ‘Que Rei Sou Eu’. Mas tinha que ser remake mesmo. A novela tocava na ferida do brasileiro e nos pontos da política, do que acontecia na época com José Sarney. Para mim fazer um ‘Que Rei Sou Eu’ ambientado nos dias de hoje seria impagável.
O que não tem perdão para Mateus Solano?
Não ter perdão não tem perdão para Mateus Solano.
Sabemos que você é um ativista ambiental e na pandemia vimos que você fez várias lives dando dicas de como ter uma vida mais sustentável, por exemplo. Você também organizou um vídeo com famosos em prol do Pantanal. Se pudesse assumir um cargo na política que tivesse como função a preservação da natureza, quais seriam seus principais atos?
Se eu tivesse algum cargo na política que tivesse como função a preservação da natureza, eu primeiro ia fazer com que funcionassem as dezenas de órgãos que existem para proteger a natureza, para fiscalizar a proteção da natureza, para multar quem não protege a natureza e que, simplesmente, estão aí. Elas existem. Botar para funcionar o que deveria funcionar nesse país já seria um grande feito.
Você é defensor Mares Limpos, da ONU, embaixador de Boa Vontade, do UNAIDS, e embaixador da Campanha Geração do Amanhã, tem uma loja de produtos sustentáveis… Quais os próximos projetos do cidadão Mateus Solano na área?
Como defensor o meio ambiente e ao mesmo tempo uma figura popular, fico com a tarefa ingrata de chamar a responsabilidade para o cidadão, ao invés de ficar esperando do governo e das empresas as atitudes sustentáveis. Meus próximos projetos – quando tiver tempo – serão de acompanhar um dia na vida do gari do material reciclável (coleta seletiva). Penso também em num projeto com pessoas famosas em seus banheiros com #praondevaiomeucocô no intuito de chamar a atenção para o problema do saneamento básico que, em nosso país, continua a ser tratado como se estivéssemos na idade média.
Como você se vê daqui a 20 anos?
Não costumo me imaginar tão lá na frente, no futuro. Também tento não ser prisioneiro do passado. Viver o presente é um aprendizado constante.
O que pode adiantar sobre seu protagonista da novela ‘Quanto Mais Tempo Melhor’?
Meu personagem é o Guilherme, o melhor cirurgião cardíaco da América Latina. Um homem muito autocentrado, controlador, machista e que, portanto, tem muito a aprender e a melhorar durante a novela.
Como está a expectativa para a estreia da novela, que será a primeira inédita às 19h desde que a pandemia começou? O que o público pode esperar da novela?
A expectativa é imensa! Porque fazer uma novela de 161 capítulos sem ter ‘diálogo’ que uma obra aberta costuma ter com o público que assiste é uma loucura. Estamos trabalhando praticamente no escuro, já que nossa arte depende desse retorno popular.
Cite uma mania…
Tenho mania de comer pimenta. Quanto mais forte, melhor.
Assim como outros grandes atores, se surgisse uma oportunidade como apresentador, você aceitaria?
Eu gostaria muito de ser apresentador num programa sobre ecologia. Viajar o Brasil e o mundo atrás das maravilhas da natureza.
Seu pai é diplomata e seu irmão é bailarino e os dois moram no exterior. E você? Já cogitou morar fora do país? Onde moraria?
Nunca pensei em morar fora e sinto muita falta dos amigos e familiares que foram tentar a vida lá fora.
Para quem não te conhece, como é o Mateus Solano por trás das câmeras, em casa, com a família, com os amigos?
Só me conhecendo para saber.