Músico e artista plástico, Nelson Sargento recebeu homenagem no Rock in Rio
Paralelamente à carreira de músico, Nelson Sargento, que morreu nesta quinta-feira, 27 de maio, desenvolveu aptidão para as artes plásticas e também na literatura. Inicialmente, suas obras eram mais abstratas. Depois, o artista passou a retratar o cotidiano das favelas cariocas. Suas pinturas são inspiradas no seu universo de sambista: mulatas, baianas, passistas, além de paisagens de morros e barracos.
No último Rock in Rio na capital fluminense, em 2019, o compositor chegou a ganhar uma homenagem em forma de exposição com 14 de seus quadros, nos bastidores do Espaço Favela, novidade do festival naquele ano.
Aos 96 anos: Uma lenda do samba
O artista dedicou seus últimos anos à leitura, à conclusão de versos que estavam inacabados e à pintura dos quadros. Alguns foram vendidos por valores entre R$ 2,9 mil e R$ 3,5 mil, ajudando a compor as finanças da família.
Em entrevista no ano 2000, o artista disse que nunca fez qualquer tipo de curso para pintar, compor, escrever poesias ou representar.
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“Comecei a pintar paredes em 1940 e a pintar quadros em 1973, por causa do Sérgio Cabral. Mostrei um quadro para ele, que gostou muito. Ele me pediu para preparar outros para expor na festa de seu aniversário, que aconteceria dias depois. Mandei brasa e produzi sete quadros, na conta de mentiroso. Quem comprou o primeiro foi o Paulinho da Viola. Eu queria vender por Cr$ 120 e ele chorou tanto que deixei por Cr$ 100”, contou.
Análise: Nelson Sargento, um sobrevivente
Nelson também tem livros de poesia publicados. O primeiro, “Prisioneiros do mundo” (1994), foi lançado por insistência de sua mulher, Evonete. Sua obra poética inclui reflexões existenciais e temas relacionados à natureza. A inspiração, tanto para as composições quanto para as poesias, sempre foram a vivência nas ruas e a boemia.