Paulinha Abelha: uso excessivo de remédios para emagrecer afetam rins
A causa da indisposição que levou Paulinha Abelha a ser internada no dia 11 de fevereiro com um quadro de insuficiência renal, que se desdobrou em um problema sistêmico e a levou à morte na quarta-feira (23), apenas 12 dias depois, ainda não foi desvendada pelos médicos do Hospital Primavera, em Aracaju.
A principal suspeita, no momento, é o uso abusivo de remédios e chás de emagrecimento e diuréticos, que teria causado um comprometimento renal.
“Os rins juntamente com o fígado são responsáveis metabolização e eliminação de diversas substâncias, entre elas vários tipos de remédios, chás e suplementos”, diz o nefrologista Pedro Túlio Rocha. “Sendo assim, todo suplemento usado de forma abusiva pode ser prejudicial ao rim. No caso de Paulinha Abelha, possivelmente o abuso levou a um quadro de falência renal”.
Tudo indica que assim aconteceu com a cantora. Em reportagem do “Fantástico”, o marido de Paulinha, Clevinho Santos, contou que na véspera da internação da mulher, ela havia parado de urinar.
O uso indiscriminado dessas substâncias é hoje uma preocupação na comunidade médica. Rocha explica que tem sido crescente os casos de pacientes com problemas renais causados por automedicação.
“Ao menor sinal de complicações como retenção de líquido, urina vermelha ou espumosa, contate um médico pois pode ser um tipo de toxicidade renal”, alerta ele.
Muitas pessoas não imaginam que remédios “milagrosos” para emagrecer podem causar doenças fatais. Afinal, como um simples chá vai fazer mal?
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Segundo o nefrologista Miguel Graciano, há uma enorme quantidade de produtos não confiáveis no ambiente de tratamento mais popular. É comum que essas “pílulas mágicas” contenham substâncias diuréticas para fazer o paciente perder peso muito rápido.
“Com diurético, a pessoa perde água e sal, emagrece rapidamente e vê o resultado aparecer logo no início”, diz Graciano, responsável pelo serviço de nefrologia da Casa de Saúde São José, professor de medicina da UFF e doutor pela USP.
“A mesma coisa acontece com hormônio de tireóide (que acelera o metabolismo). A pessoa acha que emagrece quando na verdade está ficando doente. É uma preocupação para a saúde pública”.
No final do século XX, foram descritos na Bélgica casos de doenças renais causadas por ervas chinesas em clínicas de emagrecimento. Essas ervas eram compostas por ácidos aristolóquicos, que são extremamente tóxicos, podendo causar insuficiência renal e câncer de rim de forma muito rápida.
“Tenha cuidado com certas propagandas, porque quando a esmola é muita o santo desconfia”, alerta Graciano. “Não procure se medicar baseado em informação de amigos e vizinhos ou propaganda a internet, onde todo mundo pode colocar qualquer coisa. Existem remédios eficazes para emagrecer, mas são mais caros e só podem ser receitados por médicos. Procure um endócrino ou um nutricionista especializado”.