Roupa Nova lamenta ausência de Paulinho em show dos 40 anos da banda
Um tributo em forma de comemoração. E vice-versa. Após adiar algumas vezes o registro audiovisual por seus 40 anos de carreira — completados há dois, em meio à pandemia —, o Roupa Nova promete lotar amanhã os 11 mil lugares da Jeunesse Arena, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, com um espetáculo visual e sonoro. A banda vai apresentar todos os seus hits e homenagear Paulo César Santos, o Paulinho, seu vocalista e percussionista que morreu em dezembro de 2020, com Covid.
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— É muito difícil fazer uma gravação sem o Paulinho. Mas eu tenho certeza de que seria um desejo dele que continuássemos com o trabalho que vínhamos fazendo juntos, há tanto tempo. Vivemos o luto, sentimos a ausência dele no palco, mas precisamos seguir em frente — observa Ricardo Feghali, tecladista e vocalista da banda, também responsável pela direção deste DVD: — Preparamos momentos muito emocionantes, que vão surpreender os fãs.
O baterista e vocalista Serginho Herval conta como a partida de Paulinho os transformou:
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— Não é a falta de alguém num contexto como o nosso que pode nos tornar mais próximos uns dos outros. Fortes, sim! O fato de o Paulinho ter nos deixado, de certa forma, tão cedo está nos obrigando a olhar para nossa saúde, física e mental, com mais atenção. A perda dele nos fez perceber que realmente não temos mais a idade e a saúde dos anos 80, quando surgimos no mercado.
Frisando que não se trata de uma substituição, porque o saudoso amigo estará para sempre presente entre eles, Feghali afirma que integrar definitivamente o cantor Fábio Nestares ao grupo foi uma decisão importante.
— Cada um do Roupa Nova tem uma característica cantando. Não temos um líder, mas estávamos sem alguém que “explodisse” no palco. Chegamos a pensar em seguir como um quinteto, mas precisávamos de uma pessoa de frente, dividindo o repertório. Nestares agora é do Roupa Nova, e Paulinho jamais deixará de ser — sublinha, sobre o intérprete de timbre vocal muito parecido com o de Paulinho e que já cobria suas pontuais faltas em shows desde 2015.
Aos 50 anos, 33 deles na música, Nestares diz que integrar o Roupa Nova é uma virada:
— É como se esses anos anteriores de carreira tivessem sido uma faculdade para poder estar com esses caras fantásticos. Agora, é a minha colação de grau. Estou pegando o meu diploma, muito feliz, embora numa situação delicada. Estou honrado nesse lugar onde Deus me colocou. Espero poder representar bem a figura do meu amigo e ídolo Paulinho.
Convidados
Homenagens
No show de amanhã, artistas convidados vão interpretar canções que eram cantadas por Paulinho. O duo Anavitória solta a voz em “Corações psicodélicos”; Daniel, em “A lenda”; a banda Melim, em “Meu universo é você”; Marcos & Belutti, em “Volta pra mim”; e Tiago Abravanel, em “Clarear”.
Saudade
Serginho diz que sente saudade das risadas que dava junto com Paulinho: “Quando algum de nós se aborrecia com ele por divergências de opinião, não se passavam 10 minutos, e Paulinho já estava de boa, sorrindo e tirando sarro de tudo”, conta.
Números
O Roupa Nova soma 38 discos lançados, 20 milhões de cópias vendidas e 35 temas de novela. Segundo o Ecad, a banda tem um total de 523 músicas gravadas registradas.
A favorita
“Sapato velho” é a canção mais marcante, para Serginho: “Foi a primeira a ser trabalhada do nosso LP de estreia. Mal acabamos de gravá-la, poucas horas depois ela já estava tocando no rádio. Não imaginávamos o que estava por vir”, relembra.
40 anos em 4 momentos marcantes
Empolgante
“Nosso primeiro show, na Praia do Arpoador, em agosto de 1980. Um público de mais de 10 mil pessoas, energia boa. A chuva deu trégua e abriu o maior sol. Foi lindo!”, lembra Feghali.
Emocionante
“A gente batalhou muito pelo Disco de Ouro, mas só foi ganhar com o quarto lançamento da carreira (‘Roupa Nova’, de 1984)”.
Curioso
“Uma vez, em Presidente Prudente (SP), eu e Kiko pulamos no palco e quebramos uma parte dele. Paulinho entrou para cantar: ‘Na cama um vaziiiiiiio’, e caiu no buraco. Foi tragicômico”.
Difícil
“A perda de um de nós. Não esperávamos que fosse tão cedo”.