Alimentação do bebê não deve passar por bicos e mamadeiras; veja alternativas
Chupetas, mamadeiras e bicos costumam ser usados para alimentação e distração da criança quando a mãe precisa voltar ao trabalho ou não pode alimentar o bebê exclusivamente com leite materno . Entretanto, existem mecanismos que podem substituir esses itens, como mamadeiras de colher e copinhos, que não oferecem risco de problemas de saúde para o bebê.
De acordo com a enfermeira obstetra e consultora de amamentação Camilla Jordão, os bicos, chupetas e mamadeiras são inimigos do aleitamento. “A criança que tem acesso à mamadeira e outros bicos – como o de silicone, o adaptador para o bebê comer fruta, a chupeta – tende a desmamar precocemente”. O desmame precoce contribuir para o surgimento de doenças no futuro, como hipertensão, diabetes e quadros de obesidade.
“Quanto mais tempo durar o amamentando, maior a chance de a pessoa ter uma vida saudável e de não desenvolver doenças crônicas”, afirma. A consultora explica que a amamentação também ajuda a falar, deglutir, respirar e mastigar, já que toda a musculatura que envolve a face, garganta e o pescoço é trabalhada com o movimento da amamentação.
“Um bico artificial vai exercer pressões em locais que não deveria e pode modificar essas estruturas, causando prejuízos no desenvolvimento das funções”, diz. Entre os problemas de saúde que podem surgir com o uso de chupetas e outros bicos artificiais estão a fala com língua presa, dentes tortos, desvio de septo, respiração bucal – crianças que precisam ficar sempre de boca aberta (respiram pela boca e dormem de boca aberta).
Também pode ocorrer a absorção de menos oxigênio pelos pulmões e, consequentemente, uma chegada menor de oxigênio para o cérebro, o que pode interferir na capacidade intelectual das crianças e no desenvolvimento cognitivo.
“A pressão de uma chupeta ou bico empurra todas as estruturas do palato para cima, podendo alterar a arcada dentária e as estruturas respiratórias, ainda em formação nos primeiros anos de vida da criança. Além de todos os problemas de saúde que isso pode gerar, nem sempre o plástico do bico ou chupeta respeita os protocolos do Inmetro da Anvisa e podem ser cancerígenos”, alerta.
Por todos os malefícios gerados pelos bicos artificiais, em 2015, no governo da presidenta Dilma Rousseff, foi sancionado o Decreto de Lei 8.552, que proíbe a propaganda em veículos de comunicação de bicos, mamadeiras e chupetas para crianças, bem como leites artificiais e fórmulas. Contudo, existem algumas alternativas à mamadeira que ajudam a não desestimular o aleitamento pelo peito e também a não gerar problemas de saúde. Veja as opções.
Copinhos
Copo de dose (de cachaça) aberto ou xícara de cafezinho são boas opções para substituir o peito, sem fazer o bebê se acostumar com outra forma de mamar e sem prejudicar a formação do corpo e as atividades motoras. Esse mecanismo pode ser utilizado de 0 a 3 meses de idade e a ideia é, realmente, oferecer o leite, aos poucos, na boca da criança.
Copo de bico rígido
O copo de transição com bico rígido sem válvula é indicado para crianças de 4 a 8 meses. Entretanto, ele não deve ser a primeira opção a ser oferecida. Apesar de não contribuir fortemente para o surgimento de problemas motores, pode estimular o desmame precoce.
Copo 360°
Geralmente utilizado para dar água ao bebê, ele é recomendado para o momento de transição do leite para o início da ingestão de outros alimentos, após os 6 meses. Daí em diante o bebê deve continuar o leite materno, mas já começar a ter mais destreza para segurar o copinho e tomar sozinho.
Por causa desse critério de destreza, é interessante oferecer o copo 360 aos bebês de 9 meses a 1 ano de idade. O copo possui um funcionamento específico, caso virado de cabeça para baixo, o líquido não cai. É necessário apertar o copo e encostar a boca. Isso ajuda a não afogar a criança. Após alguns meses é possível testar o corpo aberto (maior que o de dose), sem a tampa 360.
Mamadeira de colher
Também indicada a ser usada dos 0 a 3 meses, a mamadeira de colher vai funcionar de maneira parecida com o copo de dose, mas possui maior capacidade de armazenamento e ponta menor para oferecer o leite à criança. Em último caso, com rejeições constantes, é possível oferecer o leite por seringas ao bebê.
Translactação
Caso utilizado para quando a mãe não produz leite. Não é recomendado para afastamentos simples e pontuais da mãe e o bebê. O procedimento consiste em colocar uma sonda fina no mamilo do peito e que liga a um recipiente com leite materno. O bebê vai fazer a mesma atividade mamária e vai sugar o leite pela sonda.
Finger feed
Com as mesmas recomendações da translactação, o procedimento muda apenas o lugar em que a sonda é colocada, que deixa de ser no mamilo e passar a ser no dedo de um cuidador ou responsável.