Aline Dahlen: “Muita gente torce o nariz pra mulheres fortes”
Uma nova mulher! A participante do BBB 14, Aline Dahlen, eliminada com um recorde de 80% dos votos na época, se tornou um importante nome do fisiculturismo feminino no Brasil. Aos 40 anos, a atleta ostenta um título de campeã europeia do campeonato WBFF Diva Fitness.
A trajetória profissional de Aline Dahlen pós BBB, contudo, não foi apenas dedicada ao esporte. Ela inclui também participações em novelas na Rede Globo, como Guerra dos Sexos, Gabriela e Aquele Beijo, além de projetos no teatro e participações em programas de TV.
Em entrevista exclusiva ao IG Delas, Aline fala de sua carreira no esporte, os estereótipos relacionados ao fisiculturismo, feminilidade e os desafios que uma mulher forte enfrenta em nossa sociedade.
Leia Também
DELAS: O que te inspirou a ser fisiculturista?
ALINE DAHLEN: “Ser fisiculturista é misturar ciência com arte. Ciência de saber como alimentar e treinar um corpo e arte de como construir este corpo de uma forma harmônica e bela. Me encantei com as possibilidades, com o desafio de me transformar, com a vontade de vestir um biquíni e não me sentir envergonhada. Eu era insegura e tímida. Ter o corpo dos meus sonhos me deu liberdade. Pode parecer piegas ou fútil, mas para quem sempre foi patinho feio na escola como eu, virar cisne na vida adulta foi libertador. Hoje eu me cuido e me amo!”.
Leia Também
Quais são os preconceitos que mulheres musculosas enfrentam?
ALINE DAHLEN: “Muitos! Mulheres musculosas são estereotipadas. Muitos acham que com o acréscimo de músculos ocorre o decréscimo de feminilidade. Houve uma época em que as mulheres tomavam muitos hormônios para crescer. Isso acarretava uma pele opaca, com espinhas, queda de cabelo, voz grossa e virilização. Daí a ideia de mulher com músculo é “macho”! Hoje em dia com treino adequado e alimentação, é possível ter um corpo musculoso e feminino. O esporte está com uma nova roupagem”.
Nós vivemos em uma sociedade em que a feminilidade muitas vezes está relacionada à fragilidade. Você já sentiu a sua feminilidade atacada ou abalada por causa desses estereótipos?
ALINE DAHLEN: “Muita gente torce o nariz pra mulheres fortes””Já. Muita gente torce o nariz para mulheres fortes. Não sei se por medo ou receio. O diferente assusta. Antes de olharem bem, já saem de perto. Eu tenho sorte, pois sempre tive oportunidade de mostrar para os que me rodeiam que os músculos não interferem no coração. Sou a mesma Aline de sempre! Claro que não faço gênero, nem combina comigo ser a “fragilzinha”… Mas sou mulher e gosto de ser tratada com respeito”.
Na área dos relacionamentos românticos, existe preconceito? Você já passou por alguma situação ruim?
ALINE DAHLEN: “Tenho muita sorte, sempre encontrei gente muito legal em minha vida. Mas há alguns homens acham que mulheres musculosas não são feitas para serem levadas a sério. Querem se divertir com a forte e casar com a magricela, a “padrãozinho”. Já recebi muita cantada barata de homem também. Mas eu coloco os cidadãos nos seus devidos lugares. Não dou ousadia! Ainda bem que a mentalidade está mudando, a musculação como esporte está cada vez mais apreciada… Mas né? Sempre tem um babaca!”.
Você acredita que mulheres fisiculturistas ajudam no avanço da desconstrução de estereótipos de gênero?
ALINE DAHLEN: “Acho que sim. Músculo não é exclusividade masculina. Músculos caem bem em um mulher. Cada um cuida do seu corpo como quiser e nomeia-o como bem entender. Quer saber? O importante é ser feliz, o resto é ‘onda'”.