Chip da Beleza traz riscos à saúde por ter ação anabolizante
O “Chip da Beleza” é um implante de gestrinona que ganhou popularidade com a promessa de tratar endometriose, além de mudanças estéticas – diminuição de massa gorda, aumento de massa muscular e aumento da libído – e melhora no desempenho físico. O chip é um dispositivo implantado no corpo que libera a gestrinona, um hormônio esteroide com ações anabolizantes. Contudo, o uso da gestrinona no Brasil é aprovado apenas na forma oral e para o tratamento da endometriose, e hoje não existe produção da forma oral da substância pela indústria farmacêutica no Brasil.
Entretanto, ela tem sido com frequência encontrada em formulações para manipulação de implantes hormonais de forma isolada ou ainda associada a outros hormônios. Assim, diferentes órgãos de saúde, como a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e o Departamento de Endocrinologia Feminina, Andrologia e Transgeneridade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) se posicionam contra o chip.
Ontem (8), o SBEM acaba de publicar um posicionamento oficial contra o uso dos implantes de gestrinona, declarando que “não reconhece o implante como opção terapêutica para tratamento de endometriose ou para fins estéticos e de aumento de desempenho físico, e alerta para os riscos do uso indiscriminado de hormônios.”
De acordo com Alexandre Hohl, presidente do Departamento de Endocrinologia Feminina, Andrologia e Transgeneridade da SBEM, que assina o posicionamento oficial em conjunto com o presidente da SBEM, César Luiz Boguszewski, a utilização de qualquer hormônio com finalidades estéticas não é reconhecida e “a indicação de hormônios para pessoas que não apresentam deficiências hormonais é contraindicada e pode ser acompanhada por vários efeitos colaterais, que vão desde aparecimento de acne, aumento de oleosidade de pele, queda de cabelo, aumento de pelos, mudança de timbre da voz, clitoromegalia (aumento do clitóris), até complicações cardiovasculares e morte”.
O endocrinologista esclarece que médicos e outros profissionais da saúde que utilizam hormônios no tratamento de pacientes sem deficiências hormonais e que geram efeitos adversos e complicações podem ser penalizados pelos conselhos profissionais pela má prática da medicina.
Através do posicionamento, a SBEM cobra uma maior fiscalização da comercialização da gestrinona pelos órgãos competentes e alerta à população sobre os riscos do uso deste tipo de implante. “Como sociedade médica, a SBEM tem a característica de alertar, mas não somos órgãos fiscalizadores e regulatórios, então esperamos que esses órgãos tomem as providenciais necessárias para coibir o uso abusivo que temos hoje”, destaca o César Luiz Boguszewski.