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“Começaram um movimento para que a minha mãe perdesse minha guarda”

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“Começaram um movimento para que a minha mãe perdesse minha guarda”


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Atacada por bolsonaristas desde os 16 anos, filha da Maria do Rosário expõe as agressões no Tik Tok
Reprodução/Instagram/Maria Laura

Atacada por bolsonaristas desde os 16 anos, filha da Maria do Rosário expõe as agressões no Tik Tok



Em 2014, o presidente Jair Bolsonaro, na época deputado federal, afirmou que não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT) porque ela “não merecia”. A ação levou Bolsonaro a responder um processo judicial no Supremo Tribunal Federal (STF), e o presidente foi condenado a pedir desculpas publicamente, além de pagar mais de R $20 mil de indenização para a colega de plenário.

Maria Laura, 21, é filha da Maria do Rosário. Durante sua adolescência, ela presenciou os ataques sofridos pela mãe, não só de Jair Bolsonaro, mas também de seus apoiadores. A jovem viu seu nome e imagem serem divulgados em diversas páginas da Internet quando ainda era menor de idade. Hoje ela usa suas redes sociais para denunciar os assédios que sofre no meio virtual.

Ela conta que os ataques começaram em 2017, ano em que se tratava por conta de anorexia. Segundo Maria Laura, os assediadores se aproveitaram da sua aparência adoecida para criar informações inverídicas e deturpadas. “Disseram que eu era portadora de HIV, drogada e que cheirava cocaína. Eu era menor de idade, então começou um movimento para que a minha mãe perdesse o direito da minha guarda”, diz.

Maria Laura conta que esse bombardeio a fez sentir-se culpada, imaginando que a situação pudesse prejudicar Maria do Rosário, que iria se candidatar novamente em 2018. Maria Laura conta que a única vez que denunciou a exposição foi em 2017 à Polícia Federal, porém a acusação foi arquivada.

“Eu tive um sentimento muito grande de culpa, porque as fotos de fato eram minhas, mas elas foram manipuladas. Quando eu vi aquilo sendo usado politicamente contra a minha mãe, me marcou demais. Eu pensava que ela não iria se reeleger por minha causa. Quando ela se reelegeu, confesso que tirou o aperto do meu peito”, diz.

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Ela diz que ainda hoje os ataques são frequentes. A melhor forma que encontrou de enfrentá-los, relata, foi denunciando em suas redes sociais. “Eu manejo as minhas redes de uma forma defensiva. Quando eu exponho as barbaridades, me dói um pouco, mas é a forma que eu encontrei de lidar agora que eu sou mais velha e tenho um casco mais forte”, diz.

Os atritos entre Bolsonaro e Maria do Rosário em 2014 desencadearam ataques de pânico e depressão em Maria Laura, o que a levou a fazer terapia. “Como mulher dói muito, porque eu sei que a minha mãe trabalha em um ambiente machista, onde as mulheres não são respeitadas”, diz.

As agressões on-line, se não ocorrem diariamente, acontecem a cada dois dias, no mínimo. “Eu recebo mensagens me ameaçando, recebo xingamentos contra a minha mãe, contra a minha família, comentários muito maldosos. E nunca parou desde a minha adolescência, faz quatro anos que eu convivo com isso. Enfim, fui aprendendo a lidar mas nunca parou”, revela.

Maria Laura, é estudante de Psicologia, mas trancou a faculdade no primeiro semestre de 2021, por não conseguir acompanhar as aulas on-line. “Eu sempre fui uma pessoa muito sociável. Fiz um ano de EAD, mas no começo de 2021 eu fiquei deprimida e resolvi trancar”, diz.

Sobre a relação com Maria do Rosário, a jovem comenta que as duas são bastante próximas. No entanto, ela conta que mãe e filha evitam falar sobre as violências sofridas.”É um desconforto que vem da vergonha. De não querermos nos mostrarmos fracas uma para a outra”, diz.

Acerca das ofensas de Jair Bolsonaro contra Maria do Rosário, Maria Laura explica que assistiu o vídeo pela primeira vez quando tinha dez anos. “Joguei Maria do Rosário no YouTube e vi a briga de 2003. Eu lembro que aquilo me assustou, foi aí que eu vi que o trabalho da minha mãe não era um trabalho comum”, conta. A jovem também pontua que chegou a se perguntar porque a mãe continuava na carreira política. 

“Eu não entendia porque ela gostava desse trabalho. Hoje eu entendo. Principalmente agora que ela foi forçada a ficar um tempo em casa, por conta da pandemia. A paixão da vida dela é fazer política. É o caminho que ela quis”, diz.

Fonte: IG Mulher

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