Corte internacional condena Colômbia por sequestro e estupro de jornalista
A Colômbia foi condenada pelo sequestro, tortura e estupro da jornalista Jineth Bedoya Lima. A decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) foi divulgada segunda-feira (18) e representa um marco histórico no combate a impunidade dos crimes praticados contra jornalistas. O tribunal concluiu que as provas contra o Estado colombiano eram “sérias, precisas e consistentes” e o país foi declarado “internacionalmente responsável pela violação dos direitos à integridade e liberdade pessoal, honra, dignidade e liberdade de expressão”.
O Estado colombiano está condenado a pagar indenizações de US$ 30 mil (R$ 166 mil) à jornalista e sua mãe. A condenação também determina a continuidade das investigações para responsabilizar os autores pelos crimes praticados e a realização de uma campanha de apoio ao movimento #NoEsHoraDeCallar (Não É Hora de Calar), criado pela jornalista, entre outras medidas.
O presidente Iván Duque anunciou que a sentença será cumprida e afirmou que casos como o de Bedoya não devem se repetir. Entretanto, em março seu governo optou por se retirar das audiências da Corte e tentou contestar os magistrados, alegando que a posição do tribunal era “tendenciosa”, segundo a IFJ.
Em sua conta no Twitter, Jineth escreveu: “O dia 18 de outubro de 2021 fica para a história como o dia em que uma luta, iniciada por um crime individual, levou à reivindicação dos direitos de milhares de mulheres vítimas de violência sexual e de mulheres jornalistas que deixaram parte de sua vida em seu ofício”. #NoEsHoraDeCallar
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El 18 de octubre de 2021 pasa a la historia como el día en que una lucha, que empezó por un crimen individual, llevó a la reivindicación de derechos de miles de mujeres víctimas de violencia sexual y de mujeres periodistas que dejan parte de la vida en su oficio #NoEsHoraDeCallar
— Jineth Bedoya Lima (@jbedoyalima) October 18, 2021
Entenda o caso
Em 25 de maio de 2000, Jineth Bedoya Lima investigava paramilitares enquanto trabalhava para o jornal El Espectador. A jornalista estava produzindo uma reportagem investigativa sobre o tráfico de armas. Jineth foi sequestrada diante do presídio La Modelo, em Bogotá, onde ia entrevistar líderes paramilitares.
Como Jineth e sua mãe já havia recebido ameaças que não foram investigadas, ela suspeitava de uma armadilha e foi acompanhada de seu editor e um fotógrafo até o local. O sequestro aconteceu em um momento que os acompanhante se afastaram. Ela foi drogada, mantida em cárcere privado e estuprada. Depois foi jogada sem roupa à beira de uma estrada em Bogotá.