A gestação requer diversos cuidados, tanto para mãe quanto para a criança, desde as primeiras semanas até o nascimento do bebê. Isso inclui não somente os cuidados físicos, como também a saúde mental da mulher, que pode ser afetada até o puerpério – período pós-gravidez- e gerar consequências para o feto. Recentemente, o Instituto de Psiquiatria e Neurociência do King’s College London, do Reino Unido, monitorou 106 mulheres grávidas a partir da 25ª semana para uma pesquisa que mostrou que 49 delas foram diagnosticadas com depressão – ou seja, quase 50%. O dr. Sérgio Rocha, diretor-técnico da Clínica Revitalis, explica que não há uma patologia mental exclusiva da gestação, mas que o transtorno prevalente nelas é a depressão. “Pessoas com vulnerabilidade para desenvolver transtornos mentais terão na gestação um período de mais suscetibilidade, uma vez que existe uma carga emocional e psíquica associada a esse período que pode ser um gatilho importante”, explica.
A depressão, em geral, afeta 300 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ou seja, cerca de 4% de pessoas de todas as idades convivem com o transtorno mental. E as mulheres que já têm essa vulnerabilidade desenvolvem com mais facilidade transtornos mentais na gestação. Mesmo aquelas que nunca sofreram com algum problema de saúde mental devem tomar cuidado, afinal, é um período em que o corpo e a mente passam por muitas mudanças fortes. “Neste período podemos até ter o primeiro episódio , dando a impressão que se trata de algo causal da gestação”, comenta o especialista.
Cuidados são essenciais e evitam desencadeamento de novos transtornos
A boa notícia é que os transtornos mentais causados na gestação e no puerpério podem certamente ser resolvidos ou controlados, mas é importante que a paciente identifique o problema o quanto antes e procure um especialista. “A paciente tem que saber que deve tomar cuidados de saúde extra para não vir a desenvolver novamente o transtorno”, explica o médico psiquiatra. “Existe tratamento e solução, apenas a necessidade de se conscientizar que, uma vez que se desenvolve um transtorno mental, é necessário saber que sempre se está sujeito a recorrer no mesmo se o paciente não se cuidar adequadamente”, ressalta. As gestantes são tratadas da mesma forma que qualquer pessoa com algum transtorno mental, mas, devido à gravidez, merecem mais atenção, já que não podem tomar qualquer tipo de medicamento. “Necessitamos de um cuidado maior na escolha das terapias farmacológicas, uma vez que algumas medicações não podem ser prescritas durante a gestação”, diz.
Prevenção
Como a grande maioria das doenças, os transtornos mentais podem ser prevenidos. No caso da gestação, essa prevenção deve ser feita nas consultas mensais do pré-natal. “É possível e adequado investir nisso, uma vez que qualquer doença mental aumenta muito a chance da gravidez se tornar de risco, assim como pode promover a piora de outras situações clínicas já existentes”, comenta o especialista.
Por isso, é fundamental que tanto o médico obstetra quanto a gestante fiquem bastante atentos a possíveis sinais de depressão ou outros transtornos, para que a mulher receba atendimento especializado de um psiquiatra.
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Fonte: IG Mulher