Filhos adolescentes que têm certeza de tudo; de quem é a culpa?
Conversando com um amigo alguns dias atrás, falamos sobre filhos adolescentes e a certeza absoluta que eles têm de tudo e sobre qualquer assunto.
Os adolescentes e jovens de hoje são os donos da verdade, em qualquer tema. Não é possível discutir política com eles, nem aquecimento global ou alimentação vegetariana. Mesmo que queiramos falar somente sobre uma crítica a um filme, a opinião deles é a que tem que prevalecer.
Não aceitam opinião de outros, de mais velhos, só aceitam opinião diversa das suas se for de amigos da sua idade. Independente dos argumentos dos pais serem excelentes, e mesmo que os pais tenham razão, eles simplesmente não ouvem e mantêm a opinião acima de qualquer razoabilidade.
A maioria tem uma certeza tão absoluta sobre certos assuntos que chegam a ironizar e ridicularizar a opinião dos pais, agindo como se os pais não soubessem de “nada”, então é melhor ignorar do que discutir.
Enquanto isso, os pais têm cada vez mais dúvidas sobre tudo. São dúvidas que vem com a maturidade, reais sobre sua vida, seu trabalho, casamento, política e também dúvidas sobre a maneira como criam seus filhos.
Mas porque os jovens estão tão “rebeldes”?
A adolescência, há bastante tempo, vem sendo considerada uma fase de rebeldia, em que o jovem fica contra tudo e contra todos, mas parece que agora está pior. Não há argumento que convença um jovem de uma opinião contrária a dele.
Será que criamos nossos filhos de uma maneira errada?
Criamos, sim, essa geração que hoje é adolescente ou até pós-adolescente. Eles cresceram de maneira diferente das gerações anteriores. Esses jovens nasceram juntamente com o advento de popularização de celulares, computadores e internet, praticamente na virada do século, eles são chamados de mileniais.
Desde pequenos eles interagem menos com os pais. A maioria das dúvidas, que anteriormente à existência da internet eram sanadas através de perguntas aos pais e professores, são respondidas pelo Google.
Aparentemente, essa geração tem um sentimento maior de independência e superioridade de tutores. Eles acreditam que são auto-suficientes, já que dependem “menos” intelectualmente de seus genitores. Ledo engano, hoje eles dependem mais dos pais do que nós jamais dependemos
Mas, então, a culpa é dos pais?
É e não é. Da mesma maneira que a tecnologia pegou de surpresa os nossos filhos, pegou a nós também. A maioria dos pais não sabia quais eram os limites e teve que aprender junto com os filhos a utilizar essa nova ferramenta, então, erramos feio, e agora está difícil consertar esse erro.
Acabamos dizendo ” sim” demais , quando o melhor era ter dito “não, você ainda não pode ter um celular”; “não, você não pode utilizar internet sem supervisão” ou “não, você não deve consultar o Google toda vez que tiver uma dúvida, você deve recorrer a mim.
Esse jovem de hoje acha que pode tudo e que é capaz de tudo, só que ele não é. Ele não está vivendo no mundo real e, sim, numa fantasia que nós criamos para ele. No mundo real ele vai ouvir a palavra “não” muitas vezes, porém não vai conseguir enfrentá-la porque não aprendeu como, nós não ensinamos.
Será que existe uma solução?
Existe, sim, mas causará sofrimento. Enfrentar a realidade para esse jovens será sofrido. As frustrações as quais eles não foram acostumados na infância certamente aparecerão na vida adulta, e eles não têm vivência acumulada de como lidar com elas. Com isso, terão que amadurecer ou desistir, tornando-se um adulto fraco e frágil.